De: Alexandre Burmester - "Escalas erradas"

Submetido por taf em Quarta, 2010-06-16 21:48

Um pouco por todo o lado no nosso espaço urbano, seja em qualquer cidade, vila ou aldeia deste país encontramos os Multiusos, Quartéis de Bombeiros, Centros Comerciais, empreendimentos habitacionais em altura, e outros que desvirtuam, mais pela dimensão do que por vezes pelo desenho, a escala da paisagem.

O Porto está junto às suas margens pejado de construções novas que igualmente nada parecem perceber da escala da cidade. Antigamente havia um único edifício que era a Alfândega que um dia derrubou toda uma área de Miragaia e plantou-se à sua frente. Este edifício, que foi ganhando o direito de património, não deixou por isso de criar uma ruptura na malha urbana ao ponto de, até hoje, toda a vida da marginal não conseguir passar da Ribeira à Foz. Em Gaia e seguindo-lhe o exemplo, construiu-se o famoso “Cais de Gaia”, que visto do Porto – Património marca pela negativa a escala urbana dos antigos armazéns do vinho do Porto. Mas hoje em dia várias outras construções nascem nas margens do rio com esta particularidade de esquecer a escala da cidade. Não me vou pôr a dissertar sobre os diferentes edifícios que se enquadram nesta característica, porque não quero armar-me em crítico de Arquitectura, contudo não posso deixar de me manifestar contra o empreendimento cuja foto anexo.

Mamarracho em Gaia


Não sei quem o desenhou nem quem o concebeu e realizou, sei, como todos sabemos, quem o aprovou. Todos deviam ter vergonha pelo péssimo serviço que estão a prestar à cidade de Gaia e do Porto, pela forma como este mamarracho de características de submundo turístico, de tipo “Old style qualquer coisa”, consegue marcar na silhueta urbana de Gaia, nas suas vistas do Porto, e pontuar como a maior construção do seu Centro Histórico.

Alexandre Burmester