2010-06-20
Sobre o texto de Luís Ventura relativamente ao edifício de comércio, habitação e serviços de Manuel Correia Fernandes, arq.º em Vila Nova de Gaia vou alinhar uma análise crítica tendo em conta o que sei sobre o projecto que deu origem a este edifício.
Sobre o edifício:
- Sei que esta proposta executada inclui uma torre “ao alto” e um edifício “ao baixo”. Este edifício em “éle” menoriza o impacto da altura da torre relativamente à Rua Álvares Cabral (V. N. de Gaia), pois a torre aparece recuada cumprindo a “já clássica” norma dos 45 graus. O edifício mais baixo materializa a continuação do alinhamento da rua pré-existente e a continuidade da altura (“cércea”) dominante. Como príncipio orientador de um projecto de alta densidade parece-me uma óptima solução que minimiza impactos, cumprindo no entanto a densidade que a Câmara permite e que o cliente quis – de certeza – que fosse a densidade máxima prevista, esgotando a capacidade construtiva do terreno.
- O cliente foi a empresa construtora “Machado & Filhos”, ou seja, uma empresa com interesse pessoal quer na promoção, quer na construção - o que, não raras vezes, quer dizer “dificuldades acrescidas” para quem quer fazer um bom Projecto de Arquitectura. As empresas que constroem e promovem em simultâneo edifícios costumam “impingir” tipologias, materiais de construção de má qualidade e exigir as máximas densidades sempre que possível.
- Tanto quanto sei, esta obra foi a evolução positiva de um “ante-projecto” que previa inicialmente “quatro - torres - quatro” de igual envergadura e da mesma dimensão que a torre efectivamente construída. Fica assim provada a sabedoria do Arq.º Correia Fernandes no jogo de volumes construído, que eliminou a densidade ainda mais “densa” que o promotor queria.
- A densidade, neste caso, foi atenuada pela “arquitectura”. Pior seria sempre possível, e estou neste momento a pensar no Shopping do Bom Sucesso que ninguém neste país tem a coragem de demolir, apesar dos processos ganhos em tribunal pelo Arq.º Pulido Valente.
- A Torre Eiffel também é densa e ninguém tem pensado em demoli-la ultimamente. Uma vez mais, mais importante que a densidade, o que importa analisar é a qualidade, na minha opinião. Este edifício - de entre os que o rodeiam no centro de Gaia - creio que foi “o possível nas circunstâncias”. As circunstâncias” são a Gaia dos anos 80/90 que conhecemos de passar na Avenida. O currículum do Arq.º Correia Fernandes é no entanto bem melhor que o de muitos arquitectos na Escola do Porto: aconselho a que se tome como exemplos da obra do Arquitecto Correia Fernandes a Assembleia Regional dos Açores (prémio SECIL) e as várias fases das Cooperativas SACHE – CETA em Aldoar.
Sobre o Arq.º Manuel Correia Fernandes, mais do que o Bom Arquitecto está a facto de ele ser – como poucos Arquitectos – um Arquitecto interveniente e politicamente activo; já que isso ainda é possível num país onde tantos Portugueses preferem abster-se do que a criticar ou construir “um país melhor”. Agradeço ao arquitecto Correia Fernandes o sentido crítico relativamente à Câmara do Porto. Isso tem sido uma lufada de ar fresco, perante o “unânime” Rui Rio. Tenho pena de o bairro SAAL da sua autoria para S. Pedro da Cova não ter sido construído. Mas as lutas continuam!
Abraço, Pedro Figueiredo
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Nota de TAF: Este projecto terá tido numa primeira fase a intervenção do Arq.º Correia Fernandes, mas a versão final (a que foi construída) é por ele rejeitada, recusando a sua autoria e por isso terá retirado o termo de responsabilidade. Ele sabe que tem A Baixa do Porto à disposição para os esclarecimentos que entender.
Como todos podemos ver, finalmente, foram feitas obras para melhorar a circulação automóvel e não só no Passeio Alegre – muito necessário, muito oportuno -, ao que parece sendo aproveitada a ocasião para instalar/modernizar as condutas de água, qual a primeira prioridade/necessidade, alguém que o diga. Ainda bem que foi feito tudo de “uma empreitada” e não fechando e abrindo, como é tão “nosso hábito” e, como por exemplo está aqui no Porto, há meses a acontecer na Rua Oliveira Monteiro.
Sendo que, “nisto” tudo! acontecem “sempre” situações que nos deviam ser melhor explicadas: no pós 2001 Porto Capital Europeia da Cultura foram “plantados” nomeadamente na zona da Foz vários troços com carris para os “carros eléctricos” que nunca chegaram a ser utilizados, e vão sendo retirados, (na Avenida Brasil, junto ao Edifício “dito Transparente”! – será transparente? e agora no Passeio Alegre) sem nunca terem sido utilizados! Somos assim tão fartos de dinheiro que nos podemos dar ao luxo de fazer, desfazer sem utilizar? Não teria devido “ter de haver”, por todo o lado, que não só na “centralidade” mais atenção aos gastos, públicos! Quem não se lembra do tempo infindo que a Senhora da Luz esteve esventrada para aparecer com trilhos para eléctricos que nunca foram 5 segundos úteis? A agora, parte, que fica entre o Hotel da BoaVista e o Castelo da Foz, ficou interessante em paralelepípedo, mas teria de ser neste material? Não poderia ser em alcatrão? Não seria mais seguro?
Já agora obras que duram eternidades, talvez alguém nos quisesse explicar: nas traseiras do Colégio do Rosário, uma rua tão estreita, talvez já seja Alberto Serpa – quando se lembraram de dar o nome ao poeta/escritor, retirando espaço ao Dr. Vasco Valente?, não haveria outra via a denominar de Alberto Serpa, um aparte! -, esteve tanto tempo com uma só faixa a causar tremendos incomodos a peões e automóveis, agora, agora, já está tudo peparado para deixar de assim estar! Só falta alguém o Colégio ou a CMP alcatroar, mas não é feito, vai ser feito quando e por quem? E também, mas não só, a possivel continuidade, mas mesmo assim descontínua do Viaduto da Prelada em direcção já quase à Junta de Ramalde tem um terreno em que “mexem e remexem“ a terra, será para ser alguma via, ou nem por isso?
Augusto Küttner de Magalhães
- Ordem do dia da próxima Assembleia Municipal
- O eléctrico e o Passeio Alegre
- Ministério Público pede nulidade do licenciamento do oceanário Sea Life
- Linha de Gondomar do metro ligará Fânzeres a Senhora da Hora
- El peaje en la autovía a Oporto enerva al norte de Portugal, sugestão de António Soucasaux: "A vinda dos nossos amigos Galegos vai cair a pique com evidentes reflexos no comércio e no AFSC."
- Arte em Segredo nos Leões
- Proposta da CDU para a requalificação da Alameda Basílio Teles aprovada
- Aprovada proposta da CDU sobre via pedonal em Massarelos
PS:
- Abertura da exposição Máscaras do Mundo no CRAT, Segunda-Feira, dia 28, das 16h30 às 19h30, sugestão de Conceição Rios
- Sessão de Encerramento da Exposição PortoGrafia no VivaCidade, dia 29, 17h00, sugestão de Adelaide Pereira
- PlanIT Valley - Cisco instala-se em Paredes, sugestão de Carlos Cidrais (Nota de TAF: eu continuo a achar tudo isto muito estranho...)
Acho muito bem que finalmente existam portagens nas SCUT, porque o facto é que são auto-estradas CCCT (com custos para o contribuinte), embora não concorde com a introdução de um chip que permita identificar um veículo. Mas vou assumir agora que é incontornável a introdução do chip e respectivo pagamento virtual através da instalação de pórticos.
Como é que ninguém faz notar que, por exemplo, o IC1 (A29) e o IC19 (A37) sejam ambas inicialmente itinerários complementares que foram convertidas em auto-estradas? Porquê a diferença de tratamento entre o IC19 e o IC1? Porque não se começa por instalar pórticos em SCUTs ao redor de Lisboa e Vale do Tejo (são 3, A16 (IC16), A36 (IC17), A37 (IC19)) que é a região com o maior PIB per capita do país, e a recebeu maior influxo histórico de investimento público?
A meu ver, deve ser exigido um teste piloto ao sistema, e nada melhor que o fazer nas auto-estradas supra-citadas. São também aquelas onde existem alternativas viáveis de transporte público, e que rendimento mais imediato dariam aos cofres do Governo. Quanto a contestação, porque devem existir no país filhos e enteados? O Governo teme a revolta na Amadora, mas não teme a dos concelhos do Norte?
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
PS: Para quem concordar com esta perspectiva, e como o custo de o fazer foi apenas 5 minutos, criei um grupo no facebook relativo a este assunto. Eventualmente, poderá vir a ter impacto e levar esta mensagem aos media...
Pegando na dica deixada pelo Pedro Figueiredo, proponho as seguintes EXIGÊNCIAS a serem veiculadas pelos políticos da região em troca das portagens nas SCUTs, além da óbvia equidade com todo o território nacional que neste caso foi colonialmente desrespeitada pelo governo de Lisboa.
- 1) Renovação e electrificação da Linha do Minho até Viana; numa segunda fase até Valença já que não vai haver nova linha de ligação à Galiza;
- 2) Quadruplicação imediata da via entre Ermesinde e Contumil;
- 3) Recuperação efectiva da Linha de Leixões para o tráfego de passageiros de modo a ser possível efectuar comboios de Campanhã a Leixões; construção de interfaces desta via com o Metro do Porto (de Leixões a Campanhã existem 6 pontos de contacto entre os dois sistemas); início do processo para projecto que prolongue esta via até Leça da Palmeira e a ligue ao Aeroporto;
- 4) Renovação imediata do troço da Linha do Norte entre Ovar e Vila Nova de Gaia, aquele que apesar de ser um dos de maior intensidade de tráfego se encontra em condições de exploração e segurança verdadeiramente terceiro-mundistas;
- 5) Renovação da Linha do Vouga e sua integração no sistema da CP Porto;
- 6) Renovação da Linha do Douro até Barca D'Alva e reactivação da ligação a Vila Real; a electrificação até à Régua deve avançar imediatamente;
- 7) Renovação imediata da encerrada Linha do Tâmega e sua integração no sistema da CP Porto;
- 8) Desnivelamento das passagens para peões nas estações da Linha de Metro Senhora da Hora - Póvoa para ser possível aumentar a velocidade de passagem das composições sem paragem (Expressos) e consequentemente diminuir o tempo de percurso;
- 9) Prolongar a Linha Trindade-Póvoa até Esposende e transformá-la definitivamente num sistema tram-train suburbano; recuperar a antiga ligação Póvoa-Famalicão que faz parte deste sistema;
- 10)Construir uma ligação ferroviária entre Barcelos, Braga e Guimarães;
- 11) Renovação e reabertura imediata da Linha do Tua.
Tudo isto é para concretizar antes de qualquer veleidade em construir TGV's, aqui ou em Lisboa.
Parabéns Tiago pela iniciativa de reabilitação urbana na Rua Escura!
Esta notícia também mostra que a vontade de reabilitar a cidade habita nos corações de muita gente:
- Mais 22 apartamentos na Baixa do Porto para vender
Eu também já estou a tentar adquirir um prédio para reabilitação.Wish me luck!
Bom dia a todos,
Escrevo no seguimento do comentário que Alexandre Burmester publica, porque estou profundamente de acordo com ele. Acrescento, considerando horrendo o edíficio que surge como hotel, junto às margens, e compreendo que muitas das vezes nem se conheça o autor das mesmas, porque os autores não têm coragem de assumir a intervenção que fizeram. É este o caso que trago ao blog. Falo de uma outra intervenção, no topo do centro histórico da marginal de Gaia ("Edifício Douro"), que tem um enquadramento especulativo, contribuindo para uma péssima imagem do centro histórico de Gaia. O autor desta obra é o professor catedrático Manuel Correia Fernandes, que ocupou densamente todo o quarteirão, numa especulação puramente imobiliária, na altura em que o seu colega arquitecto Nuno Portas era autarca da Câmara de Gaia.
Estas imagens representam bem o atentado na boa forma de viver nas cidades. Julgo muito importante reflectir o estado em que o País se encontra, as cidades vão ficando desordenadas, especulativas e vergonhosas, pelas personagens que têm responsabilidades públicas, neste caso o arq.º Correia Fernandes que é professor catedrático da faculdade, tem escritório de arquitectura no Porto e é vereador da Câmara Municipal do Porto, pelo Partido Socialista. Estamos a falar de uma torre de 25 andares e preenchimento de todo o quarteirão, num aspecto arquitectónico pouco digno de um arquitecto catedrático, que tem falado sobre a cidade do Porto, sobre o património e contra a vinda dos aspectos imobiliários para a cidade do Porto. Sugiro uma visita a este quarteirão, que se situa junto às caves de vinho do Porto, num dos pontos altos das margens, o qual provoca uma enorme sombra em todo o espaço público envolvente, para além de exceder a altura dominante dos prédios que estão ao seu lado. É um autêntico descontrolo arquitectónico, sem conceitos e sem prestigiar a grande escola de arquitectura que o Porto tem.
Um abraço,
Luis Ventura
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Nota de TAF: Fui entretanto informado de que a autoria daquilo que foi efectivamente construído não pode ser atribuída a Manuel Correia Fernandes. Mais pormenores em breve.
Sou favorável a que a que a sociedade aprenda a pagar os elevados custos da cara e complicada civilização automóvel e do petróleo que a mesma sociedade (industrial) criou. A ideia é simples... Como nada mais provoca intensa revolta (popular e burguesa) do que os elevados preços de automóveis, gasolinas e portagens, é mesmo nestes três trunfos que eu aposto os meus euros para que a sociedade industrial desista do monstro caro e incomportável que veio a criar nos últimos 200 anos e não consegue comportar.
Acho que a manutenção dos preços altos da gasolina ditará a prazo uma machadada mortal na civilização do petróleo, provocando pela “catástrofe”(!) o avanço maciço e massivo nas energias alternativas que tem vindo ensurdecedoramente a tardar. A manutenção de elevados preços para a utilização das autoestradas também pode vir a ser um elemento dissuasor do nefasto uso das mesmas autoestradas... Escuso de referir a quem me dirá “que não há alternativas às pessoas que se deslocam 50 Km por dia para os seus trabalhos”, que as alternativas não são as estradas nacionais.
As alternativas às autoestradas portajadas são:
- 1 - Um programa ambicioso de Regionalização que permita ao Sul e ao Norte uma melhor distribuição de políticas de localização de habitação, equipamentos e economia, aproximando distâncias, pessoas e trabalho, evitando deslocações pendulares extensas.
- 2 - Programas ambiciosos de novas linhas ferroviárias para o país, TGV incluído. É que ainda não ouvi nenhum político do Norte, jornalista ou popular enfurecido com as SCUTs dizer que a ferrovia pode e deverá ser uma das alternativas à autoestrada. Toda a gente se fixa no outro problema que são as nacionais como “solução”. Ora as autoestradas não se resolvem com as nacionais. A civilização automóvel resolve-se com uma civilização ferroviária em parte.
- 3 - Para áreas metropolitanas de proximidade (menos de 50 km de raio), metropolitano, eléctricos rápidos, ciclovias em massa, etc... eu sei lá, são tantas as alternativas.
- 4 - Em Portugal temos sempre tão pouca imaginação para arranjar alternativas. Queixamo-nos sempre dos impostos, mas é apenas pelo egoísmo de não os querermos pagar. A ideia é percebermos que os impostos têm de ser pesados sim, mas é para o fortalecimento de políticas colectivas, não para o Estado deitar o dinheiro fora. Eu que não tenho carro e procuro fazer a minha vida de Metro, comboio e bicicleta e procurei casa perto do trabalho com algum esforço, vão-me obrigar a pagar as “vossas” autoestradas? Não será justo o principio “utilizador–pagador”?
Na última 6ª feira de cada mês realiza-se um encontro de bicicletas com um passeio pela cidade (Porto, Lisboa, Évora, Madrid, São Paulo, etc...) numa rede organizada para pressionar os poderes para políticas alternativas de transporte. Procurem na Net em “Massa crítica” ou “Bicicletada”. A próxima aqui no Porto está a chegar e sai dos Leões às 19h00 na próxima 6” feira.
Apareçam.
Pedro Figueiredo, arquitecto
... mas para já: BOM S. JOÃO! :-)
Há novidades na Rua Escura!
Estou a gerir o projecto de uma nova construção que vai nascer neste terreno livre de 152 m2 na Rua Escura, mesmo em frente à Sé, ao lado do Mercado de S. Sebastião e a um passo do metro de S. Bento. Quem estiver interessado no local, seja como potencial ocupante, investidor ou construtor, pode contactar-me por telefone (916.630.396) ou de preferência por mail: taf@etc.pt. O processo está a avançar muito depressa e o projecto de arquitectura evolui a bom ritmo, podendo ser adaptado às necessidades do(s) futuro(s) ocupante(s) se elas forem conhecidas em tempo útil. :-)
(As fotos estão fraquitas, mas foram tiradas à pressa... Mais tarde publico umas melhores.)
Hoje ouvi uma conferência magnífica pelo geógrafo inglês Gregory Ashworth que trabalha sobre “heritage” (património) na Escola de Planeamento de Groningen (Holanda) e é referência mundial no tema, numa conferência integrada no 1º Congresso Internacional de Turismo organizado pelo ISCET. Entre outros temas, falou sobre a enorme importância da gestão, ou do “management”, bem como da necessidade de se ultrapassar o “nós” e “eles”, porque afinal nós também somos turistas, só que estamos entre a última viagem e a próxima, e “eles” também são locais, que apenas acontece terem viajado ao Porto (e sobretudo a Gaia, cujas caves são o principal lugar de visita no que eles chamam Porto).
Este “nós” e “eles” e a mesmíssima necessidade de gestão se pode (e deve) aplicar a bares e bebidas: mais policiamento, mais cuidado com as bebidas que se consomem fora dos bares,…, lembrando que nós ou os nossos familiares e amigos podem estar lá a beber agora. Aplica-se também aos focos de tráfico e consumo de droga (onde espero não cair, nem familiares e amigos), mas os quais não terminam por certo com a simples demolição dos lugares: senão, a par da escola e das torres do Aleixo, pelo menos deveriam ser demolidos os prédios da Rua da Bainharia e da Rua dos Pelames e todos os que ficam mesmo junto à SRU Olho Vivo, na chamada Praça do Duque da Ribeira. E também o viaduto da Corujeira (ou 25 de Abril) onde se abrigam essas práticas no final de tarde/noite. E mais não sei onde. E mais os lugares futuros para onde vão essas práticas depois destas demolições…
Da mesma forma, no espaço público, deve evitar-se a grande transformação à simples gestão, mais ainda quando a solução que existe é a mais urbana e mais correcta ambientalmente, pelo que é verdadeiramente lamentável e pecaminoso que no lugar de se estender o eléctrico (que poderia seguir do Infante, pela Foz a Matosinhos e escusava de ser apenas naquela versão histórica para turistas), se estenda o alcatrão. Pena que no lugar da obsessão com as corridas de carros antigos de que o Sr. Presidente da CMPorto gosta deste criança (e que levaram ao desaparecimento dos trilhos no viaduto na ligação com Matosinhos, não goste de eléctricos, ou da cultura e inovação tão necessárias ao desenvolvimento (como se parece começar a reconhecer, por fim!), nem da tão necessária cooperação com Gaia (travessias de barco, …), Matosinhos (prolongamento do Parque Ocidental da Cidade,…), Gondomar (prolongamento do Parque Oriental da Cidade e ligação por metro, sem curvas por Azevedo, por favor!).
- AMPorto: Um aterro de residuos perigosos ilegal decidido por... Lisboa, sugestão de José Silva
- Exposição/Venda Tita Costa, 22 a 30 de Junho, Rua Mouzinho da Silveira 222 a 226, sugestão de Gabriel Silva
- Inês de Medeiros preocupada com TNSJ, sugestão de Teodósio Dias
1. Antigamente havia uma única festa na cidade do Porto, o S. João. Transformava-se a cidade numa grande feira popular e vivia-se uns dias de festa genuína e alegre por todo o lado. Hoje em dia existe a mania dos “eventos”. Sejam eles quais forem hão-de vir sempre acompanhados pelas milhares de tendas e tendinhas que se espalham pelo espaço urbano. Sejam as corridas e as maratonas, o Mundial de Futebol, os palcos e os saldos do Corte Inglês junto ao edifício transparente, seja lá o que for. A cidade com o Verão passa a parecer um S. João constante que chega a tirar graça à própria festa. A Av. dos Aliados é então o exemplo pródigo do bom uso, conseguiu juntar a gritaria e as vuvuzelas do Mundial, com a feira do livro. Isto sim é Democracia, isto sim é cultura no bem dizer do nosso Presidente.
2. Se tivesse um bar na Ribeira ou na Baixa, como agora tantos há, sentir-me-ia responsável pelo que acontecesse no espaço público circundante. Assim trataria de limpar e cuidar deste espaço público, e ainda de dar segurança aos clientes se fosse caso disso. Ficar indignado com o comportamento dos “imbecis” que bebem, que fumam, ou lá que comportamentos estranhos tenham, não me parece muito coerente. Se estiverem realmente preocupados com tudo isso, não abram bares e vendam souvenirs, gelados e sumos de frutas… É um problema sério deste País achar que sempre que existe um problema, este terá que ser resolvido pelo erário público com polícias e varredores, e terá de ser revertido em mais umas quantas regras, Portarias e Decretos.
3. Nesta altura do ano aparecem sempre umas brigadas de madeireiros que teimam em serrar e punir muitas árvores da cidade. Para uns é responsabilidade das Estradas de Portugal, para mim é da Câmara que os deixa.
4. Chega mais um Verão e procede-se às sempre mesmas obras de requalificação da marginal da Foz. Desta vez retiraram-se de vez os trilhos dos possíveis eléctricos, que lá estavam pacientemente à espera da decisão de um iluminado que pudesse achar que a marginal do Douro e a sua ligação entre o Centro Histórico e a Foz Velha podia ter algum sentido. Retiraram-se ainda as antigas vias de paralelo para imperar uma vez mais a lei do alcatrão. Um dia chegará a vez do Centro Histórico.
Alexandre Burmester
A ideia que o Tiago tem defendido para o Porto, de patrulhas citadinas que zelam pelo mobiliário urbano e pelo património da urbe, foi implementada em Setúbal. Na cidade sadina, como se pode ler no artigo do Público, as patrulhas são constituídas por reformados entre os 50 e os 80 anos, que recebem da autarquia um telemóvel com números importantes memorizados, treino para lidarem e abordarem as pessoas e curso de primeiros socorros ministrado pelos bombeiros. Os resultados têm sido benéficos e seria interessante replicar no Porto esta ideia.
Tiago, é verdade que proibir as garrafas e os copos de vidro, como defende a ABZHP, não resolve o problema de fundo nem impede que se tropece no vomitado e no lixo. Mas uma zaragata com garrafas ou copos de vidro causa feridas mais severas do que com garrafas e copos de plástico. Tal como vidros estilhaçados no chão, copos ou garrafas de vidro partidos os semeados pelos passeios e ruas são mais perigosos do que garrafas e copos de plástico. Em Lisboa, a generalidade dos bares, se uma pessoa quer vir para a rua – e estava a beber num copo de vidro ou por uma garrafa de cerveja –, verte o conteúdo para copos de plástico.
Os problemas causados por multidões, onde uns quantos bebem em demasia, não são exclusivos do Porto ou de Portugal. Os espanhóis têm o botellon, em França e em Inglaterra o “binge drinking” (beber em excesso, muitas vezes com subsequentes desacatos), levou a medidas drásticas. Em Rennes a Câmara Municipal começou a comprar bares para os fechar e a Inglaterra está em vias de cobrar aos pubs e bares que permaneçam abertos para além das onze da noite uma taxa de “law and order” para ajudar a custear as despesas policiais extra, causadas pelos desacatos provocados por quem bebe em excesso.
Tem é de se encontrar um meio-termo entre a actividade dos bares, vender bebidas, a segurança dos que estão na noite e dos que têm de passar por zonas de animação nocturna, a limpeza da cidade e o cuidar/manter do mobiliário urbano e património.
Caro TAF
Eu li com calma o que escreveu. E do mesmo modo li a sua resposta. E continuo a discordar. Neste momento já existem muitas peças legislativas que tratam todos os cidadãos da mesma maneira mesmo que muitos reclamem não ser "imbecis". Tenho a certeza que haveria fumadores que nunca fumavam em locais onde estivessem não-fumadores, mas veio uma lei (felizmente!) que obrigou todos a obedecer a uma proibição - porventura considerada por alguns fumadores imbecil - e apesar dessa presunção imbecilizante acho que estamos melhor assim. O mesmo se pode aplicar a outro tipo de leis como o da proibição de porte de armas, os limites de velocidade, etc.
Claro que em vez de vidros partidos à porta de minha casa, vou ter lixo plástico. Não é ainda o ideal, mas é um passo em frente. Que eu saiba não se pode levar os talheres ou pratos para fora do restaurante, pelo menos à vista... Quanto a arremessos de telemóveis e máquinas fotográficas isso ainda não vi. Pois, sai-lhes do bolso....
Eu acho que o principal é beber uma cerveja à beira-rio, ora se é em copo de plástico ou garrafa de vidro acho isso secundário. Afinal o importante é a cerveja, não?
Nuno Coelho
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Nota de TAF: eu concordo com a lei que limita o tabaco e não me parece um caso comparável.
Caro Nuno Coelho
Tem de ler com mais calma o que eu escrevo. ;-) Claro que existem imbecis (ou pelo menos comportamentos imbecis), mas isso não justifica que se tratem todos os cidadãos como tal. Acha realmente que proibir as garrafas de vidro vai resolver o problema? Os energúmenos vão deixar de usar a rua como urinol público? Vão passar a guardar educadamente os copos de plástico? Os moradores da zona vão conseguir não calcar o vomitado de manhã à porta de suas casas?
E sim, neste caso concreto a solução de efeito imediato é mesmo a polícia em cada esquina, porque isso fica mais barato do que a reparação dos "danos colaterais" das farras nocturnas. Senão onde paramos? Quando formos à Ribeira jantar passam a dar-nos um hambúrger em saco de papel, porque os talheres de metal e as louças podem ser perigosos? Confiscar-nos-ão telemóveis e máquinas fotográficas para não servirem de arma de arremesso após uns copos a mais?
Não é com mais regulamentos que resolvemos os problemas, é com a aplicação sensata e eficaz dos meios que estão já à nossa disposição. Uma cidade onde eu não possa beber civilizadamente uma garrafa de cerveja sentado à beira-rio, porque há uma lei que o proíbe, não é a minha cidade.
Pese embora necessite de um maior aprofundamento, que não pude ainda fazer por estar ausente da cidade do Porto, não posso deixar de dar conhecimento do que ontem me foi referido por moradores do Bairro do Aleixo, de estar em curso a demolição da antiga escola do bairro, que se tinha transformado no local para onde consumidores e traficantes muito recentemente se transferiram, conforme tinha também já neste blogue referido.
Após ter estado presente numa reunião da Assembleia Municipal do Porto, na qual a Sra. Vereadora do Conhecimento e Coesão Social apresentou umas boas dezenas de medidas e de programas de âmbito social, que tudo abarcava e a quase tudo respondia, saliento que lhe faltou a da política de terra queimada. O tráfico está nas Torres do Aleixo, plano de demolição das torres. Vai para a escola… escola abaixo… E agora, por onde segue este rasto imobiliário de combate a problemas sociais? Estando nós a viver numa sociedade toda voltada para as obras imobiliárias e para a ostentação daí decorrente, de facto gostaria de ver nas respostas aos problemas mais do que visões de cimento e argamassa.
A acompanhar.
José Ferraz Alves
Ao que parece este ano haverá por parte das Câmaras poupanças significativas nos Festejos de S. João. Pena ser só pela crise que estas poupanças acontecem. Como tão badalado e de facto tem sido, as Festas de S. João são o momento no ano em que o “povo sai à rua e se diverte na rua”, mas de facto as poupanças que vão – possivelmente – ser feitas este ano, não desvirtuam de modo algum a noite em si e a Festa, e já deviam ter sido feitas há muitos anos. Desde o fogo de artifício que em anos por birras municipais demorava tempos infindos por ser feito em separado pelas duas Câmaras no Rio Douro – Porto e Gaia, - a ver qual gastava mais dinheiro, e qual fazia mais barulho e luz durante a quase totalidade da primeira hora de 24 de Junho. Até mesmo – últimos anos - em conjunto fazer-se um fogo de artifício tão demorado e evidentemente tão dispendioso. O que este ano possivelmelmente ainda não durará, tempo zero, já o podia/devia acontecer.
Não é o fogo de artifício que anima as pessoas, mas se existe vê-se!, e no fim fica a sensação de tanto dinheiro que foi pura e simplesmente queimado, durante bastante tempo a começar às 00h00 de 24 de Junho. Poupar onde deve ser poupado é indispensável, dar o exemplo de cima e essencialmente quando são gastos feitos com o dinheiro dos nossos impostos, é essencial. E a Festa de S.João continua animada e até volta um pouco às suas origens, com muito menos fogo de artificio ou até nenhum, e a alma é-nos aquecida pelos percursos a pé feitos de um lado para o outro, por vezes olhando o balão, que alguns – privados - para o ar enviam e deixando de se gastar dinheiro para “unicamente” queimar quando tanta falta faz, quando está a ser queimado em tanto lado de muito mais utilidade e necessidade. E não acaba o S.João nem a noitada se não houver fogo de artifício, e mantém-se a alegria, o ânimo e mais bom senso, com muito menos desperdício.
Devíamos ter aprendido com pequenas e mais poupanças, todos, a nível público e privado talvez antes de ficarmos com a “corda na garaganta”, mas nunca é tarde para aprender, nunca é tarde para dar o exemplo. E bom S.João para todos aqui no Porto, em Gaia, em Vila do Conde, e onde mais haja, com menos gastos e até com mais alegria!
Augusto Küttner de Magalhães
"Péssima ideia" Como???
Eu acho incrível é como ainda não se tinha proibido antes! É verdadeiramente inacreditável o que acontece nas noites de fim de semana e por vezes até à semana na Ribeira: batalhas campais ao melhor estilo far west, ou exibições "macho" de destreza no lançamento do "rocket" vidrado, com os consequentes danos na propriedade privada, e por vezes até em pessoas inocentes. Apoio completamente.
A ideia de que não existem imbecis é que é uma imbecilidade, se me permite. E mesmo pessoas normalmente pouco dadas a imbecilidades ficam mais atreitas a actos imbecis quando se embebedam, e bêbados, acredite, é o que não falta à saída ou no exterior dos bares... O civismo não se impõe com polícia em todas as esquinas até porque não há polícia ou verbas que permitam isso, e a educação - caso as gerações mais novas estejam a ser educadas nesse sentido - demoram anos a dar resultado.
Por uma vez estou de acordo com esta associação.
Nuno Coelho