De: Pedro Figueiredo - "SCUTs: pagar a civilização automóvel"

Submetido por taf em Quinta, 2010-06-24 23:40

Sou favorável a que a que a sociedade aprenda a pagar os elevados custos da cara e complicada civilização automóvel e do petróleo que a mesma sociedade (industrial) criou. A ideia é simples... Como nada mais provoca intensa revolta (popular e burguesa) do que os elevados preços de automóveis, gasolinas e portagens, é mesmo nestes três trunfos que eu aposto os meus euros para que a sociedade industrial desista do monstro caro e incomportável que veio a criar nos últimos 200 anos e não consegue comportar.

Acho que a manutenção dos preços altos da gasolina ditará a prazo uma machadada mortal na civilização do petróleo, provocando pela “catástrofe”(!) o avanço maciço e massivo nas energias alternativas que tem vindo ensurdecedoramente a tardar. A manutenção de elevados preços para a utilização das autoestradas também pode vir a ser um elemento dissuasor do nefasto uso das mesmas autoestradas... Escuso de referir a quem me dirá “que não há alternativas às pessoas que se deslocam 50 Km por dia para os seus trabalhos”, que as alternativas não são as estradas nacionais.

As alternativas às autoestradas portajadas são:

  • 1 - Um programa ambicioso de Regionalização que permita ao Sul e ao Norte uma melhor distribuição de políticas de localização de habitação, equipamentos e economia, aproximando distâncias, pessoas e trabalho, evitando deslocações pendulares extensas.
  • 2 - Programas ambiciosos de novas linhas ferroviárias para o país, TGV incluído. É que ainda não ouvi nenhum político do Norte, jornalista ou popular enfurecido com as SCUTs dizer que a ferrovia pode e deverá ser uma das alternativas à autoestrada. Toda a gente se fixa no outro problema que são as nacionais como “solução”. Ora as autoestradas não se resolvem com as nacionais. A civilização automóvel resolve-se com uma civilização ferroviária em parte.
  • 3 - Para áreas metropolitanas de proximidade (menos de 50 km de raio), metropolitano, eléctricos rápidos, ciclovias em massa, etc... eu sei lá, são tantas as alternativas.
  • 4 - Em Portugal temos sempre tão pouca imaginação para arranjar alternativas. Queixamo-nos sempre dos impostos, mas é apenas pelo egoísmo de não os querermos pagar. A ideia é percebermos que os impostos têm de ser pesados sim, mas é para o fortalecimento de políticas colectivas, não para o Estado deitar o dinheiro fora. Eu que não tenho carro e procuro fazer a minha vida de Metro, comboio e bicicleta e procurei casa perto do trabalho com algum esforço, vão-me obrigar a pagar as “vossas” autoestradas? Não será justo o principio “utilizador–pagador”?

Na última 6ª feira de cada mês realiza-se um encontro de bicicletas com um passeio pela cidade (Porto, Lisboa, Évora, Madrid, São Paulo, etc...) numa rede organizada para pressionar os poderes para políticas alternativas de transporte. Procurem na Net em “Massa crítica” ou “Bicicletada”. A próxima aqui no Porto está a chegar e sai dos Leões às 19h00 na próxima 6” feira.

Apareçam.
Pedro Figueiredo, arquitecto