De: António Alves - "Os brâmanes da Metro do Porto"

Submetido por taf em Terça, 2011-11-15 23:28

“The world desperately needs dedicated leaders. Not heroes on some kind of fast track, but decent human beings who engage themselves and others substantially.” - Henry Mintzberg

Quebro a minha promessa de não me pronunciar mais sobre este assunto para uma correcção e mais uns dados novos que, julgo, devem ser dados ao conhecimento geral. Primeiro a correcção à correcção do Daniel Rodrigues: no relatório e contas da Metro do Porto (MP) está registado que a empresa em 2010 teve um efectivo médio de 99 pessoas e não 118. Logo os valores salariais médios por pessoa são os que indiquei. A tabela abaixo foi retirada do Relatório e Contas 2010 da MP.

Tabela

Umas das “melhores práticas internacionais” seguidas na MP deve ser o estranho caso da duplicação de directores. Tem dois directores de Infra-estruturas, dois directores de Sistemas Técnicos, dois directores de Exploração, dois directores de Projectos e dois directores de Gabinete Jurídico. Lembre-se que a MP não passa de um anão comparada com as outras grandes empresas de transportes portuguesas. Felizmente para nós, contribuintes e trabalhadores, nessas ainda não se lembraram de seguir tais “práticas”. Outra das “melhores práticas internacionais” seguidas por estes gestores é o assédio laboral. Nesta empresa chega-se ao ridículo de estabelecer um processo disciplinar a um maquinista por durante a condução ter ido à sua carteira pessoal, durante breves segundos, consultar um documento.

A MP é o paradigma da empresa neoliberal que nos querem impor. Uma casta restrita de brâmanes, lá no topo, com salários de príncipe, contratos de trabalho estáveis e repletos de mordomias; o resto, os operacionais, os intocáveis, alugados como máquinas a empresas de outsourcing e trabalho temporário apelidadas na nomenclatura político-gestionária vigente de “concessionários”. Precisa-se de mais Mintzberg e menos filosofia MBA. Infelizmente a Metro do Porto não tem nada a ensinar aos sindicatos. Tem é muito a aprender com eles.

António Alves