De: Cristina Santos - "Aceito, mas vamos procurar soluções amigáveis"
Caros Francisco e Pedro Bismarck
Compreendo e aceito, há princípios sociais, regras, é lógico. Só apelo a que antes se pondere: as pessoas que residem, as que nos visitam, não têm culpa de serem às centenas e não haver soluções, se a solução é criar-lhe desde já entraves, temos de investir o dobro em tudo o resto. É óbvio que o estacionamento é selvagem sempre que há acumulação de pessoas, (jogos FCP, festivais, concertos, festas tradicionais).
A primeira vez, no mínimo há 4 anos ou mais, a ocupação na Cordoaria envolveu polícia e desocupação. E só agora passado todo este tempo é que conseguimos todas as gerações, começa a ter fama, fama que transcende os limites do concelho. Não falo de estacionamento diurno, não se justifica, está tudo deserto, não faltam lugares, quer no parque quer no exterior. De noite são centenas de pessoas, não há espaço sequer para tanta gente.
Nesta movida temos artistas, até artistas do Sul, graças à Academia Contemporânea do Espectáculo é certo, que trazem amigos, temos pessoas de todos os estratos, pessoas vindas de Braga, Famalicão, temos turistas, estudantes Erasmus, é um orgulho poder verificar o respeito que existe, não há desacatos, não há violência. Ora as nossas ruas são estreitas, não há estacionamento, são centenas de pessoas, é impossível, e muitas delas vão de facto a pé, atravessam a cidade deserta. Não vem a pé quem não tem hipótese. Podemos talvez alargar os horários de metro e frequências, melhorar os eventos para que justifique que as pessoas se sujeitem a deixar o carro no parque do metro, e então colocar os tais dissuasores. Depois temos de criar oferta para além das 3, 4 horas da manhã, para que não necessitem de pegar nas viaturas para seguir para as discotecas da Foz ou de Matosinhos. Bons estabelecimentos não chegam, veja-se Avenida dos Aliados, ou Passos Manuel, é deserto, não cativa por si só. Temos muitas coisas a fazer. Lançar já bloqueamentos, antes de solidificar, corremos o risco sério de reduzir o movimento ao submundo.
Realço por último o facto de que antes de isto suceder se enchiam os comboios para as directas nas movidas de Lisboa, exceptuando o lado da oferta que é bem superior a Sul, esta movida aqui na Cordoaria tem outros atractivos: é pequena, segura, amigável, justifica que se fique por cá. As esplanadas também se justificam, são feias, são aquários, mas é uma situação provisória, como já disse, são centenas de pessoas, ou as acolhemos, ou não, decidam como querem fazer isto. Perder a movida parece-me mau para tudo o que se tem tentado fazer.