De: Maria Augusta Dionísio - "Em resposta a José Ferraz Alves"
Antes de mais o meu obrigado pelas palavras de apoio, sobretudo porque demonstram preocupação com as PESSOAS que aqui vivem... A cidade nunca quis saber dos moradores do Aleixo. Como também os meus pais, que viviam no Barredo, em condições miseráveis, nunca contaram para nada. Mas nesse tempo vivia-se em ditadura(?)... Hoje, em plena democracia, os portuenses, pelo menos estes que aqui moram, contam zero, ou giz, como diz o outro.
A sua proposta denota a principal preocupação que devia mover todos os homens e mulheres de boa vontade - a situação dos mais idosos. Eu, o meu marido, os meus irmãos e as pessoas da minha geração somos todos ainda jovens (trintões, à volta disso). Mesmo considerando que os nossos direitos são violados, temos capacidade de adaptação. É certo que abandonaremos um local esplêndido da cidade, uma casa maravilhosa, com uma área extraordinária, inigualável em outro bairro da cidade, novo ou velho. Somos deportados em pleno século XXI, vivendo em democracia! As nossas opiniões não foram ouvidas, quanto mais respeitadas. Sinto-me profundamente revoltada, e apesar do sentimento dominante ser a resignação, há muita gente profundamente ofendida. Acredito que estamos em alguns casos perante um barril de pólvora que poderá, quem sabe, rebentar...
Mas voltando aos idosos, aos meus pais, por exemplo. Imagine como se sentem, obrigados a abandonar tudo novamente. Obrigados a destruir os laços que construíram. Há direito? É evidente que muito bom seria que se construisse aqui no Aleixo um pequeno conjunto habitacional pelo menos para os mais idosos e, discordando de TAF, julgo que existe margem para isso, nos terrenos da escola primária que segundo o PDM são para equipamento social. Ora a construção de pequenas unidades residênciais para idosos, como fala José Ferraz Alves, é equipamento e, por isso, na minha modesta opinião, nem seria necessário alterar PDM nenhum.
E aqui está o cerne da questão. Se Rui Rio tivesse genuinamente consciência social, se quisesse marcar pontos para a sua carreira política, poderia agarrar nesta proposta até porque mataria dois coelhos de uma só cajadada. Vejamos, negava aos interesses imobiliários o apetite voraz por mais 8 mil metros quadrados (terreno da escola) e atendia ao drama tremendo de muitos idosos. Não sei se sabem (claro que não sabem) mas todos os que vivem sós no Aleixo (também os casais) não terão direito a habitações de tipologia superior a T1. Isto é, vivem actualmente em T2 ou em habitações maiores, mas como estão em situação de subocupação, serão realojados em T1. Faça-se a seguinte pesquisa: em que bairros da freguesia de Lordelo existe T1 (serão necessários cerca de 80 - está na proposta de habitações a ceder pelo BES)? Rapidamente se concluiu que não existem em tão grande número. Julgo, inclusivé, que apenas existem T1 no bairro Pinheiro de Torres. Isso quer dizer que toda esta gente, sobretudo idosos, será forçada a abandonar Lordelo do Ouro, os laços familiares, os vizinhos, os amigos, o médico de familia, os familiares enterrados no cemitério local. Haverá maior violência? E TODOS CONTINUAM CALADOS! Mas para salvar meia dúzia de árvores há 4000 assinaturas!...
Por último, quanto ao comentário de TAF, também concordo com aquilo que escreveu, sobretudo no tocante ao fracasso no contrato que AINDA não foi assinado. Tudo está aprovado nos órgãos municipais mas, ao que parece segundo informações recolhidas, ainda continua por assinar. Porque será?!