De: Nuno Quental - "O mistério das salas anexas"

Submetido por taf em Sexta, 2009-08-21 21:43

Agradeço ao Armando Alves os esclarecimentos que aqui trouxe sobre os contornos financeiros da intervenção no Palácio de Cristal. Diria que estamos na presença de um verdadeiro mistério: segundo a AEP, as salas anexas são indispensáveis à rentabilidade do negócio como um todo; mas os documentos relegam essas salas "para anexo", o que é uma grande contradição. Talvez haja uma explicação para isto (tem de haver). Convinha contudo que esta questão fosse esclarecida, pois ela é a grande causadora da contestação ao projecto. Pelo que percebi (desmintam-me se assim não for), segundo o Movimento de Defesa o projecto poderia ir para a frente se não houvesse qualquer nova construção nos jardins do Palácio.

Ainda em relação aos Aliados. A beleza tem um quê de subjectivo e um quê de objectivo. Tal como muito pouca gente consideraria a Diana Chaves uma mulher feia, muito poucos diriam que a antiga Avenida dos Aliados não era uma verdadeira obra de arte. As proporções, a escala, os jardins, a iluminação, tudo se conjugava muito bem, tornando o espaço acolhedor e bem português. Em vez de andarem por aí a hastear bandeiras monárquicas, era bem mais interessante se começassem a mudar o nome das ruas. Quem é que arranja uma placa (das modernas!) da Av. dos Feirantes? Felizmente em ambiente urbano poucas coisas são completamente irreversíveis. As árvores demoram a crescer mas vão crescendo; os jardins são betonados ou granitados mas podem vir a ganhar vida de novo; e as aberrações urbanísticas daqui a meio século poderão alimentar uma pujante indústria da desconstrução. Teremos, pois, de aguardar melhores dias, e de lutar por isso.