De: Nuno Quental - "O mistério das salas anexas"
Agradeço ao Armando Alves os esclarecimentos que aqui trouxe sobre os contornos financeiros da intervenção no Palácio de Cristal. Diria que estamos na presença de um verdadeiro mistério: segundo a AEP, as salas anexas são indispensáveis à rentabilidade do negócio como um todo; mas os documentos relegam essas salas "para anexo", o que é uma grande contradição. Talvez haja uma explicação para isto (tem de haver). Convinha contudo que esta questão fosse esclarecida, pois ela é a grande causadora da contestação ao projecto. Pelo que percebi (desmintam-me se assim não for), segundo o Movimento de Defesa o projecto poderia ir para a frente se não houvesse qualquer nova construção nos jardins do Palácio.
Ainda em relação aos Aliados. A beleza tem um quê de subjectivo e um quê de objectivo. Tal como muito pouca gente consideraria a Diana Chaves uma mulher feia, muito poucos diriam que a antiga Avenida dos Aliados não era uma verdadeira obra de arte. As proporções, a escala, os jardins, a iluminação, tudo se conjugava muito bem, tornando o espaço acolhedor e bem português. Em vez de andarem por aí a hastear bandeiras monárquicas, era bem mais interessante se começassem a mudar o nome das ruas. Quem é que arranja uma placa (das modernas!) da Av. dos Feirantes? Felizmente em ambiente urbano poucas coisas são completamente irreversíveis. As árvores demoram a crescer mas vão crescendo; os jardins são betonados ou granitados mas podem vir a ganhar vida de novo; e as aberrações urbanísticas daqui a meio século poderão alimentar uma pujante indústria da desconstrução. Teremos, pois, de aguardar melhores dias, e de lutar por isso.