De: F. Rocha Antunes - "Exigência em vez de preconceito"
Meus Caros,
A recente troca de posts entre António Alves e Teófilo M. a propósito de um desenvolvimento imobiliário da Estação de S. Bento é um bom exemplo do que este blogue consegue fazer, ao mostrar diferentes pontos de vista sobre o que pode e deve ser o desenvolvimento da Baixa do Porto. Vou resistir à tentação de fazer uma qualquer síntese sobre o que disseram e prefiro, em vez disso, em deitar mais achas para a fogueira da discussão.
Os estudos antigos que conheço para a Estação de S. Bento eram muito maus, porque faziam da Estação um centro comercial de baixa qualidade, que é precisamente o que não se deve fazer ali quer por questões patrimoniais quer por questões de mercado. A questão patrimonial impõe que qualquer intervenção que seja feita seja com enorme respeito pelo edifício, que aliás está classificado como imóvel de interesse público. A questão de mercado exige que sejam encontrados os usos comerciais adequados a um fluxo crescente de pessoas e de turistas.
O que importa cada vez mais é aumentar o grau de qualidade das intervenções imobiliárias, obrigadas a conjugar respeito pelo património com rentabilidade a longo prazo, percebendo-se que é através de compromissos bem ponderados que se consegue atingir esse objectivo. O exemplo do Via Catarina é muito claro: a contribuição que esse centro comercial deu à manutenção da vitalidade da Baixa nos anos de chumbo das obras e da desertificação é enorme, e compensa claramente a criação do edifício de estacionamento que, convenhamos, está longe de ser bonito. Não vale a pena tentar resolver problemas complexos com a utilização de preconceitos, só através da exigência e do compromisso é que se conseguem resultados duradouros.
Francisco Rocha Antunes
Gestor de Promoção Imobiliária