De: António Alves - "Estação de S. Bento II"
Caro Teófilo M.
Prognosticar o fim da estação de S. Bento, na época em que ela talvez esteja no seu maior pico de utilização de sempre a nível de número de passageiros, é corajoso. É corajoso mas pouco plausível. Nunca os comboios de serviço urbano em redor do Porto tiveram tantos utilizadores como têm hoje. Digo-lhe eu que sou ferroviário há 20 anos. O serviço ferroviário da região que vai de Aveiro a Braga e do Porto ao Marco de Canavezes está em franca expansão e não vai ser a expansão do Metro até à Trofa que vai provocar qualquer alteração significativa. Aliás, esta expansão é absolutamente desnecessária e uma duplicação de infra-estruturas evidente. Faz-se porque é uma promessa política incontornável.
Quanto às lojas possíveis numa estação ferroviária: com certeza os futuros comerciantes serão o suficientemente inteligentes para investir no tipo de lojas que um cliente típico em passagem sempre apressada nos seus movimentos pendulares diários necessitará. Porque não deixamos a iniciativa às pessoas (há quem lhe chame mercado) e deixamos de nos armar em dirigentes?
Na estação de S. Bento até já existem algumas lojas: um snack-bar, uma loja que vende bordados, uma farmácia, ou para-farmácia, e os tradicionais quiosques de jornais e revistas. Mais algumas como restaurantes de fast-food ou um super-mercado não ficariam lá mal (em Santa Apolónia abriu este mês um pingo doce e há uns dois ou três meses que lá funciona também uma pizzaria). Cabem lá outros tipos de comércio também. Haja imaginação. Eu conheço quase todas as grandes estações da Europa e algumas na América. Todas elas são assim: cheias de comércio, vida e gente. Aqui, até hoje, têm sido uns sítios fedorentos, sujos, tristes e cheios de vagabundos a partir de certas horas.