De: F. Rocha Antunes - "A pólvora?"

Submetido por taf em Domingo, 2008-07-27 16:03

Caro Manuel Moreira da Silva

Continuando a conversa sobre valores sobre o Aleixo, há um que eu não sei explicar: os 23.333 euros que o Dr. Paulo Morais diz que são necessários para realojar cada família (se 7 milhões de euros são necessários para realojar 300 famílias, esse é o valor que resulta em todas as calculadoras em que fiz a conta, e para desempatar até fiz à mão para ter a certeza).

Reconhecendo que o Dr. Paulo Morais é uma autoridade na matéria, já que teve a responsabilidade de iniciar e levar a cabo a demolição de outros edifícios problemáticos, com realojamentos forçados dos respectivos moradores, era um importante serviço público divulgar como se consegue despender esse montante para realojar cada família, isto porque todas as pessoas que conheço e que trabalham no mercado imobiliário acham impossível, através da permuta de casas, que os concorrentes ao Aleixo consigam um custo tão baixo. Se pesquisar, por exemplo no site www.lardocelar.pt (da insuspeita Caixa Geral de Depósitos) verá que não encontra no Porto nenhum apartamento por esse valor.

Claro que se esse valor for praticável, e não acredito que não seja porque o Dr. Paulo Morais não iria nunca fazer declarações apenas para conseguir um título de jornal, deverá vencer o concurso o concorrente que conseguir realojar mais moradores de outros bairros sociais para além do Aleixo, previsivelmente mais 170 a 250 famílias.

Como vê, meu caro, não há nada que substitua as discussões públicas para se começar a perceber como se resolve um problema complexo. Às vezes é mais simples do que parece, mesmo que seja preciso reinventar a pólvora.

Francisco Rocha Antunes

Ps. declaro que neste momento não tenho qualquer intenção de me envolver profissional ou pessoalmente no concurso do Aleixo mas que não me sentirei inibido a fazê-lo se achar que isso faz sentido. Se isso acontecer não deixarei de o dizer também aqui.

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Nota de TAF: Caro Francisco, desconfio que terá havido alguma confusão nas notícias e noutros blogs que relataram as afirmações de Paulo Morais. Conforme comentei aqui, o "custo de realojamento" é diferente do "custo de construção dos imóveis onde as pessoas serão realojadas". Julgo (especulação minha, agora) que Paulo Morais se referia ao primeiro e não ao segundo. É que as habitações não vão ser oferecidas aos seus habitantes, vão ser arrendadas por valores e prazos que dependerão da situação concreta de cada agregado familiar. Não se consegue calcular o custo dessa operação sem dados que, ao que sei, não são públicos. Pode-se quando muito fazer uma estimativa rude - os 7 milhões de euros serão apenas isso e não me parecem à primeira vista, para este efeito específico, totalmente descabidos.

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PS: Caro Tiago,

Em nenhum momento achei que PM falava do custo das casas a permutar, por isso mesmo achei, e acho, importante que explique que alternativa é essa que conhece que nós não sabemos qual é. Seguramente são valores acessíveis ao público, basta dizer onde os poderemos verificar, já que não me passa pela cabeça que tivesse utilizado informação privilegiada...

Francisco