De: Filinto Melo - "Ainda os reboques"
O post do senhor Alves da Silva é bastante correcto para quem foi, por assim dizer, visado numa notícia e invectivado ao desafio num post. Mas a sua simpatia e disponibilidade não devem condicionar a nossa leitura do que escreve. Sobre a questão de fundo, lembro apenas que ela não é muito diferente da levantada recentemente por causa dos objectivos mensuráveis da ASAE, muito criticados curiosamente por um dos partidos da coligação que gere a Câmara do Porto.
Quanto ao fait-divers (subscrevo Pedro Lessa), em síntese diz Alves da Silva que "não podemos, nem devemos cair na lusa tentação miserabilista e popularucha de inferir qualquer tratamento sistemático, de favor ou de discriminação" por haver ordens de desbloqueamento. Muito bem, admito. Contudo, e face ao que se passou não me chega.
Para não se cair na lusa tentação, poderia explicar quais são os motivos que podem levar às ordens de desbloqueamento? Coisas concretas, por favor. E depois relacionar esses mesmos motivos com a política (não sei se apenas recente) de rebocar primeiro e só aceitar o protesto do reboque ou da multa depois! Isto é, se o cidadão comum que vê a sua viatura ser errada ou ilegalmente rebocada tem de pagar para que seja retirada do parque onde foi depositada e somente depois pode protestar - perante o erro ou a ilegalidade - quais serão os "motivos analisados e julgados fundamentados" que permitem que outras viaturas sejam retiradas sem pagamento com apenas um telefonema do controlo de tráfego?
Passo ao lado da eventual brejeirice do "filho e enteado", para apenas pontuar que o cumprimento da lei, de ordens e o exercício das competências não precisa de ser proclamado, é inerente. Assim como o devia ser a explicação daquelas decisões - algo que depende do regulamento e não da simpatia ou disponibilidade de um ex-director (que como leitor do blogue naturalmente agradeço). A não-explicação dos motivos pode induzir pensamentos "brejeiros" e pode ser contraproducente para a regulação do "estacionamento caótico", levando por exemplo a um raciocínio que ouvi muito durante este Inverno e Primavera: "está a chover, hoje "eles" não vêm".