De: Cristina Santos - "Carlos Alberto - A questão social e o WC"

Submetido por taf em Sexta, 2008-04-11 20:33

Obras em Carlos Alberto  Obras em Carlos Alberto

As obras em Carlos Alberto, na componente prática, prosseguem com pequenas lajes mistas nas zonas húmidas, os soalhos novos pregados, as paredes revestidas a pladur, água, esgotos e electricidade no sítio. Quanto à questão do revestimento para a caixa de escada ainda não há um consenso.

No que diz respeito à parte teórica estamos agora na fase do «ponham o WC no exterior, já!». Temos 40 mts2 de área, mais um WC na caixa de escada com 0,90mts2. Pretendia-se transformar este «T2», com quartos entre os 4mts2 e os 6mts2, num T1 com suite, cortava-se a caixa de escada criando um corredor para aproveitamento do dito WC que se prolongaria para o interior. Mas o acordo está difícil, perder um quarto com 4mts2 e pagar +/- 75€ de renda está fora de questão. Ponderou-se reduzir a sala, o quarto e criar esse compartimento, mas o acesso ao WC teria que ser feito pelo interior desses espaços, e pronto, não há acordo porque um WC no quarto hipoteca a eventual recepção de visitas…

Obras em Carlos Alberto  Obras em Carlos Alberto

Obras em Carlos Alberto

Entretanto no outro piso também não se podem criar compartimentos condignos, porque um dos inquilinos tem direito a uma área e não assinou até hoje, provavelmente não vai assinar, também não quer a totalidade do espaço. O proprietário, face a direitos com meio século, só com bom senso ou com a justiça é que pode fazer algo concreto. Compreende-se que os inquilinos não queiram perder áreas úteis, compreende-se que o proprietário ao investir queira fazer algo para o futuro, compreende-se que não haja acordo, que não assinem mesmo quando é lógico o benefício, compreende-se tudo. O que é facto é que sem bom senso não vale a pena.

Já em 2005, na primeira abordagem, constatei que Carlos Alberto não era a melhor escolha para quarteirão piloto. Podem ter-se aplicado aqui os princípios que se aplicam no Centro Histórico, mas as zonas não partilham o estilo social, e os princípios deste tipo de intervenção devem partir sempre da realidade social e da sua auscultação, as experiências anteriores servem como base, não como solução única. Quanto a mim, faltou desde o início a noção da realidade. Para uns a realidade de que a Lei é curta, muito limitativa, e para outros a noção de que não é possível fazer milagres, e nem sempre é como se sonha e se unem edifícios em projectos conjuntos, e portanto 40mts2 são 40mts2 e se alguém prometeu alguma coisa para além disso, que o não tivesse feito, a tê-lo feito as rendas seriam bem diferentes, assim como o investimento.

No conjunto social faltou a humildade, o princípio e o bom senso, umas vezes por parte dos proprietários, outras vezes dos inquilinos e alguns erros de origem por parte da Porto Vivo. As pessoas têm que ser auscultadas, tem que se averiguar em pormenor a realidade face ao seu discurso, e filtrar não é pôr no papel palavra por palavra o que nos foi dito. Tem que haver um estudo, faz-se no local não no gabinete, não se parte do principio de que temos um plano e vamos aplicá-lo custe o que custar, não é assim quando se pretende fazer convergir, muito menos nestas situações. Depois de cometido o erro de pensar que é tudo amplo porque se recorre à lei e não se escutam os envolvidos, temos atrasos, custos e outras coisas mais, que com um pouco de humildade e bom senso se ultrapassavam facilmente. Vamos ver como termina, se terminar por completo, ou seja, que abranja todos já é muito bom…