De: F. Rocha Antunes - "Rio duradouro"

Submetido por taf em Quarta, 2006-05-10 11:06

Meus Caros,

Já sei que vou ser o único a dizer isto mas eu acho que, ao contrário de algumas opiniões que aqui se têm manifestado, Rui Rio está melhor neste mandato que no anterior. Eu explico porquê, para os poucos que conseguirem evitar que o sangue lhes suba à cabeça de indignação com esta minha opinião.

Rui Rio assumiu a presidência da Junta Metropolitana, à frente de uma direcção renovada. A Junta passou a existir e a mudança de posição do Ministro das Obras Públicas em relação ao comboio de alta velocidade Porto – Vigo é a prova disso. Gostava que a Junta tivesse uma posição mais forte na negociação na mudança da Exponor para Vila da Feira. Mas espero para ver o que dá o que está a ser negociado.

Esta Câmara aprovou, ainda em resultado do esforço do vereador anterior, uma inovadora liberalização do comércio. O Porto, no que depende da câmara, pode voltar a ser uma cidade comercial, como sempre deveria ter sido. E evitar a repetição da miopia das Câmaras socialistas que durante anos proibiram os centros comerciais na cidade e que os atirou para o outro lado da circunvalação e do rio. Os que se apressam a condenar o chumbo do Corte Inglês na Boavista esquecem o que foi a política anterior. Além disso, Rui Rio percebeu que não é com os comerciantes organizados na Associação presidida pela D. Laura Rodrigues que o comércio vai ressurgir.

Rui Rio está a fazer bem, e a comunicar muito mal, uma renovação da estrutura da CMP. Eu concordo que a CMP é grande demais, faz coisas que não deve e depois não consegue fazer o que deve. E apoio todas as acções que tornem a CMP mais barata e melhor. Por exemplo, se a recolha de lixo fosse privada, nunca existia uma situação como a do subsídio. Que afinal não foi teimosia de Rui Rio, e que o Governo e os Deputados não resolveram tão depressa como por cá se prometeu. Alguém imagina que isso pudesse acontecer numa empresa privada? Os trabalhadores receberiam o que estava acordado e pronto. Mas gerir alguma coisa com estas regras é kafkiano. Por isso, concordo com a privatização de todos os serviços que podem ser feitos por empresas privadas. Aumenta o mercado para as empresas privadas, reforça a economia local e, o que não é de somenos importância, reduz substancialmente esse cancro que é a “tacharia”.

Aguardo ansiosamente o resultado das alterações no urbanismo da CMP, que se anunciam para breve. E já agora deixo uma sugestão: que se siga o caminho da direcção geral de impostos e se contrate um “Paulo Macedo”. É uma área crítica para a cidade e justifica que se encontre o melhor director municipal que existir no mercado. Pague-se-lhe o que for preciso mas que seja competente e que ponha, de vez, o urbanismo a funcionar.

Apreciei também a ideia de se fazer um concurso público para o Mercado do Bolhão que, ao que sei, salvaguarda todas as questões importantes para a cidade: a manutenção e recuperação do edifício, a revitalização comercial e a integração dos actuais comerciantes que se predispuserem a isso.

Como as críticas vão chover, abstenho-me para já de dizer o que continuo a achar que está mal. Para isso há de certeza imensos voluntários. A indignação factura sempre mais do que a capacidade de reconhecer o que está a ser bem feito. E a facilidade com que se transfere para terceiros a responsabilidade colectiva é garantia de muitos post’s. Aposto que o blogue, nos próximos dias, vai ficar muito parecido com a incrível página de publicidade da Câmara, mas desta vez de sinal contrário. A diferença é apenas de direcção, não de substância.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
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Nota de TAF: Caro Francisco, uma nota apenas sobre o "subsídio nocturno". Já anteriormente expliquei por que razão nada impede Rui Rio de mandar pagar o subsídio. Não vi nenhuma contestação credível aos meus argumentos. Pior, a situação agora ainda é mais clara e as desculpas mais esfarrapadas. Quanto ao resto, concordo com muito do que escreves embora continue a achar que a CMP não tem Presidente à altura. Nem nada que se pareça.