De: Hélder Sousa - "Aplausos de pé - e eu não fui ao Rivoli!"
Ainda bem que o Pedro Aroso foi ao Rivoli. Devia era ter esperado por uma oportunidade para comprar bilhete, porque assim contribuía realmente para o desenvolvimento desse novo Rivoli e amortizava o investimento que tem sido feito. Não é nada bonito entrar sem pagar! Infelizmente, o que de melhor se faz lá fora nem sempre é suficientemente bom para estabelecer um patamar de referência. Mas enfim, se a referência são musicais com vinte anos e o dobro dos elencos, re-encenados e copiados vezes sem conta e em várias línguas, está tudo bem. Uma correcção: diz-se libreto e não libereto (mas pode ter sido gralha!)
O meu entusiasmo neste Sábado chuvoso vai, com um grande aplauso de pé (como se faz nas estreias… em algumas pelo menos), para o brilhante texto de José Luís Ferreira. Que foi de resto um extraordinário porta-voz daquele grupo de artistas, não-artistas e, por muito que custe a alguns, CIDADÃOS do Porto, que se manifestaram contra a política cultural desta CMP.
Parece ter passado ao lado de quase toda a gente o facto de se terem reunido mais de mil pessoas a manifestarem-se por uma causa. Mais de mil pessoas que, para além do ponto central desta questão que é o Rivoli, também lá estavam como forma de protesto contra o presidente da CMP. E não foram apenas as dezenas de pessoas de um qualquer sindicato que normalmente saem para a rua a lutar pelos seus direitos. São poucas as causas que unem tanta gente. O Rivoli ultrapassa assim o mero significado cultural para atingir uma dimensão política que não pode ser desprezada.
O Dr. Rui Rio assistiu à maior manifestação de desagrado por parte da população em tempos recentes. Mas isso ninguém viu. O Dr. Rui Rio foi vaiado, quase silenciosamente, por mais de mil pessoas que seguramente não se esquecem de todas as questões aqui levantadas pelo Nicolau há dois dias.
O baixo nível de decência necessário para um político se tornar autarca neste país é oficialmente conhecido. Mesmo assim, e sendo o Dr. Rui Rio um dos membros mais representativos desse patamar, creio que não lhe foi indiferente esta vaia e o seu sono nesse dia foi seguramente mais atormentado. O facto de o terem deixado entrar na festa sem o smoking obrigatório também foi mau, mas isso é apenas uma questão de invólucro.