De: Nicolau Pais - "Rivoli - Publicidade Não Endereçada? Não, Obrigado!"
Caros Amigos
Há já algum tempo que acompanho "A Baixa" e ficam os meus parabéns pelo elevado nível de discussão que os seus participantes revelam. Venho por este meio participar pela primeira vez a propósito do protesto marcado para hoje.
Sendo originário de Viseu, vim viver para o Porto em 1998 - nessa altura regressava de estudos no estrangeiro e entre os "mercados de trabalho" de Lisboa e Porto, deixei-me seduzir pela Capital do Norte e os seus valores - o elevado sentido de cidadania, o seu espírito liberal, as conquistas recentes como Serralves, Teatro Nacional de São João, Parque da Cidade, Património Mundial ou Metro consubstanciavam a minha decisão; mas foi sobretudo pela generosidade implícita das suas gentes e um apurado sentido de comunidade que a minha decisão foi tomada. Aprendi tudo isto no Porto, onde casei e tenciono educar os meus filhos.
Estarei hoje na Baixa do Porto, na Praça Dom João I. Não por que ache que a vida ali comece ou acabe, mas porque me parece que não haverá exemplo mais eloquente da total inadequação das políticas do Presidente Rui Rio (e suponho por omissão, da sua silenciosa vereação) do que este obscuro processo - que a ninguém dignifica, a começar pelo Executivo Camarário - e que ofende todos os eleitores portuenses. Sobretudo os que, esperançados na prometida transparência, votaram neste Executivo. Em silêncio, por detrás do silêncio, acompanhado por 10, 100 ou 10.000, tentarei perceber como se pôde ignorar a data do décimo aniversário do "Porto, Património Mundial"; Como se pôde rodear o Parque da Cidade e entricheirá-lo desta forma, enquanto os pavimentos se degradam por toda a cidade; Como se pode não ter uma única medida a tomar em termos de transportes públicos; Como foi possível ceder-se o Palácio do Freixo de forma gratuita e inexplicada; Como é possível lançar um concurso com as bases que o do Bolhão se propõe?; Como é possível anunciar a nova Baixa em postais, outdoors e revistas colocadas nas caixas de correio, enquanto a Ribeira definha, e os Comerciantes que fizeram a Baixa mal sobrevivem?; Como é possível o escandaloso e doloso caso de polícia da D.Laura e família?; Como foi o Corte Inglês para Gaia?; Como se permite que a imagem de uma cidade esteja resumida a 3 ou 4 actos de entertainment, ainda por cima mal explicados?; Que diabo foi o negócio da concessão do Pavilhão Rosa Mota para criar o (cito o Sr.Presidente) "Pavilhão Atlântico do Porto"?; Que Liberalismo é este e quais as esperanças de investimento privado numa cidade nestas condições?; Brincamos?; Que hostilidade é esta contra cantoneiros, artistas, funcionários da CMP? De onde vem? Para onde nos leva? A quem serve? Como é possível branquear obstinadamente a responsabilidade política do Presidente eleito?
O sucesso de soluções encontradas com mais ou menos impacto, mas sempre com o empreendedorismo que o Porto tem para dar e vender - seja o Parque da Cidade, Serralves, Metro ou o Teatro São João - mostram a razão porque todos devemos lutar pela Regionalização aqui no Porto. Porque não há no panorama nacional nenhuma cidade que tenha gerado tanto com tão pouco - e isso passou sempre, na ausência de fundos para desbaratinar, pela criatividade e empenho das soluções - que tantas vezes envolveram políticos e cidadãos em raros momentos de objectividade comunitária. Ora a meu ver, este é o Património político que o Dr. Rio tem vindo a desbaratinar, para depois se queixar da sobranceria do Terreiro do Paço... não é sequer digno. Eu faço contas e sei quanto pago de Impostos Autárquicos; também sei que o único património que tenho - a minha habitação própria - se desvaloriza para as cidades limítrofes, cada vez mais apetecíveis e próximas de um Século XXI Europeu. "Uma Nova Baixa Vai Nascer"... Publicidade Não Endereçada? Não, Obrigado!
Tudo isto, aprendi no Porto. Aos que fazem este blog, o meu obrigado.
Nicolau Pais