De: José Silva - "Comentando a confusão (aparente?) e também a Regionalização"
1. Dr. Rui Moreira: Lamento a confusão. Lamento que uma pessoa como o senhor e a associação que representa tenha sempre dado a imagem de que a Regionalização era má, tendo afinal votado a favor do Processo. Lamento que se arrependa, quando não há nada para arrepender. Lamento a fragilidade do seu discurso. Lamento que a sua postura pareça incoerente e irreflectida, típica de bloggers e políticos de bancada, como eu me considero, e não de uma organização profissional de lobbying, como é a ACP/CCIP.
2. Ainda ao Dr. Rui Moreira: Dado que tem disponibilidade para me responder, gostaria também que me esclarecesse sobre este assunto. Considerando:
- - Além da ligação directa da linha do Douro a Espanha, como se pode ver no mapa anexo, existem várias hipóteses de ligação da linha do Douro à linha da Beira Alta, usando os vales do Paiva, Távora ou Coa;
- - A população a norte concentra-se no distrito do Porto, como se pode ver também no mapa; O distrito do Porto deveria ser central nas ligações transversais a Espanha, pois concentra mais população e rentabiliza mais rapidamente os investimentos;
- - A recente decisão de recuperação até Barca d’Alva, comentada este fim de semana por Cadilhe no Expresso;
- - Aveiro-Coimbra já são servidas pela linha da Beira Baixa, actualmente com ligações diárias a Salamanca;
Questiono: Porque é que a ACP/CCIP apoiou a ligação Aveiro-Viseu-Guarda-Salamanca em vez de um «upgrade» da linha do Douro + ligação à linha da Beira Alta?
3. Tiago: Na minha óptica a Regionalização é uma reengenharia da administração pública com maior equidade regional para promover o desenvolvimento. Poderiamos aceder a isso desde já sem Regionalização se houvesse vontade política:
- - As autarquias poderiam fundir-se, ou pelo menos fundir back-offices e centralizar compras a fornecedores, como já há muito referimos;
- - A administração central poderia desconcentrar organismos autónomos como defendeu em tempos Paulo Rangel.
Mas isso não acontece. Os políticos e funcionários públicos com cargos de chefia em Portugal, de norte a sul, querem ser empreendedores, decidir investimentos com o dinheiro de contribuintes e sem qualquer risco. Não têm coragem para ser empresários, mas gostam de brincar às empresas sendo meros funcionários públicos. Assim, não faltarão candidatos a lideres regionais, com a qualidade que já conhecemos. Não interessa discuti-los. Por isso resta à iniciativa privada e a sociedade civil, empenharem-se no verdadeiro significado da Regionalização:
- - Obrigando a administração pública a ser racional no uso dos impostos, começando desde já pelo projecto OTA;
- - Debater ainda mais, na Internet e em Tertúlias, todos os assuntos que afectam a nossa viabilidade económica e profissional;
- - Convencer a restante sociedade civil, que vive fora dos blogues e destas discussões, sobre a virtualidade da nossas opiniões (Ainda há quem ache que estes 9 anos perdidos são insignificantes);
- - Empreender ainda mais nas nossas profissões/carreiras/empresas para beneficiar o desenvolvimento colectivo
É isto que vou praticando e a que chamo de «trabalho de casa».
José Silva – Nortugal.Info