De: Rui Valente - "Resquícios da centralização?"

Submetido por taf em Sexta, 2006-11-24 17:48

A explicação que o Sr. Paulo Pereira da TVTel teve a cortesia de nos dar, acerca dos meus comentários a essa estação, é de louvar, mas não me surpreende.

Efectivamente, sabe-se, o grupo Portugal Telecom à qual a TV Cabo pertence tem-se notabilizado por uma prática comercial um tanto ou quanto abusiva e monopolista com frequentes aumentos de preços junto do consumidor final. À margem disto, o braço de ferro que a PT vem mantendo tenazmente com a SONAE, na tentativa de dificultar ao máximo a OPA que esta propôs, parece ultrapassar, tudo indica, a defesa natural dos seus legítimos interesses e ajuda-nos a perceber melhor como funciona.

Com isto, não pretendo sugerir que os métodos da SONAE sejam muito diferentes, mas apenas duvidar se toda esta resistência pela parte da PT à referida OPA seria tão obstinada se o comprador não fosse um magnata nortenho. Belmiro de Azevedo (goste-se ou não) provoca muita "azia" nas chamadas elites sulistas, não tenhámos dúvidas (só é incompreensível é que nunca tenha apostado seriamente numa televisão regional).

Agora, quanto às dificuldades colocadas à TVTel por alguns municípios regionais (embora não concorde com elas), são naturais e previsíveis. A TVCabo chegou primeiro ao mercado e como tal beneficiou de todas as "facilidades" de quem é pioneiro numa actividade com tão pronta aceitação pública. É assim em todos os negócios e em todas as regiões do país. Para quem pretende lucrar com o que já existe e quer competir, só tem é que investir previamente e em força na divulgação da sua empresa (publicidade) e depois apresentar ao consumidor alternativas interessantes, quer na qualidade, quer no preço.

Para falar verdade, o meu caso pessoal - que como já aqui disse, troquei a TVCabo pela TvTel e dei prioridade à proximidade dos empreendimentos - não é paradigmático e até certo ponto é um tanto voluntarista, porque não é assim que as pessoas por sistema reagem. O mercado precisa cada vez mais de ser apelativo para ser conquistado, e o que me quer parecer é que a TVTel, apesar de agora estar a conquistar o seu espaço, não soube (ou não pôde) entrar com a energia e a visibilidade necessárias para conquistar mais confortavelmente clientela à concorrência.

Por fim, e quanto à impressão do Sr. Paulo Pereira da TVTel acerca do (maior) número de clientes que supostamente teria se a TVTel fosse de Lisboa, também não me admira, mas apenas pelas razões que aqui tenho insistido em apontar e não por questões meramente geográficas.

Rui Valente

PS-Uma forma de angariar mais clientes para a TVTel seria por exemplo, colocar a InvictaTV a competir saudavelmente com a Porto Canal. Tal como está é que não vai a lado nenhum, é como se não existisse.