2007-01-28
- Demissionário da ACP indignado com carta de Laura Rodrigues
- Comerciantes em alvoroço
- Contestação às rendas não demove Rio
- Projecto da Circunvalação ainda este ano
- Água: Rede do Porto reduz perdas em 10 por cento e poupa 5 mil euros diários
- Porto: Portugal poderá ganhar seu 3º canal de jornalismo este ano
- Galp paga limpeza de jardins de Serralves
- Vila D'Este espera aval do Governo
- Teleférico de Gaia implica parque pago - Aprovado caderno de encargos para concurso
- Quinta da Conceição ficou sem o único concorrente
- Portugal vai investir sete milhões de euros em promoção no mercado espanhol: "É um ano de bons motivos para visitar Portugal e as suas sete regiões", afirmou Bernardo Trindade. O investimento do Porto e Norte de Portugal eleva-se a cerca de 514 mil euros, centrando as suas acções em city e short breaks, touring e turismo activo.»
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Cristina Santos
Chamando a atenção para este excelente artigo do David Afonso, fica um pequeno um olhar de uma memória cinéfila perdida no coração da cidade.
Abraço,
Rui Oliveira
Gritos Insanos
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Nota de TAF: ... artigo que já tinha sido também publicado aqui. :-)
Meus Caros
Eu sou imigrante no Porto. Nasci noutro continente e um dia decidi vir viver para aqui. E esta agora é a minha cidade. Tenho cá metade das minhas raízes, pois o meu Pai nasceu aqui. Mas isso não me dá quaisquer direitos adicionais sobre qualquer outro cidadão que tenha decidido vir viver para cá ontem. O que interessa é ser-se cidadão do Porto. E isso é-se por opção. Há quem tenha nascido cá e não se importe nada com a cidade.
Não tenho qualquer dúvida que tem de se criar um projecto aglutinador de vontades que permita ao Porto e à sua região ultrapassarem esta situação caricata de serem umas dezenas de municípios vagamente agrupados em órgãos sem qualquer força comum e que tanto os tem prejudicado. Eu não tenho dúvidas que esse projecto é a regionalização.
Por mim podemos começar discutir a regionalização já.
A minha versão favorita é a Região Norte, com um governo regional e com três sub-regiões claras: região urbano-metropolitana do Noroeste, Douro e Alto Trás-os-Montes e Minho-Lima. Como está previsto no PNPOT.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
Existe um novo blog sobre os eventos culturais na cidade: Cultura no Porto.
Em resposta a esta pergunta de Rui Valente, posso agora informar que recebi um mail simpático de Abel Coentrão, do Público, enviando um pedido de desculpas aos visitantes d'A Baixa do Porto pela falta da coluna habitual no Domingo passado. Foi apenas um lapso na paginação, e no próximo Domingo tudo voltará ao normal. :-)
Entretanto, já há teasers da campanha de lançamento do Novo Público, que nasce a 12 de Fevereiro:
A actualização das rendas sociais tem sido objecto de contestação um pouco por todo o país: Lisboa, Fafe, Lagoa, Évora, Aveiro. O cálculo de actualização é feito segundo uma fórmula que determina, face aos rendimentos, a taxa de esforço que cada inquilino pode suportar, portanto à partida se existe um aumento é porque o rendimento o permite. Se efectivamente o valor da renda for cobrado de acordo com o rendimento, faz-se justiça, só aqueles que verdadeiramente necessitam é que são apoiados, os outros deixam de ter incentivo para ocupar uma casa paga por todos nós. Não se pode continuar a incentivar as pessoas a ocuparem uma casa social quando podem pagar uma renda de mercado, isso não as beneficia, e impede que os verdadeiros necessitados fiquem excluídos desse apoio.
Nos cálculos da actualização provavelmente haverá excepções que a própria assistência social poderá minimizar, ou seja, se o agregado aufere 500€ e gasta 200€ em medicamentos, não compete às autarquias efectuar esses cálculos, compete à assistência social apoiar essa despesa de saúde, como apoia tantas outras. Há com certeza muita gente fora dos bairros que também subsiste no limite dos seus rendimentos, que recebe 750€, paga 300€ de renda, mais água e luz, não tem acesso ao infantário no seu prédio, tem que percorrer toda a cidade para pôr o filho a andar de bicicleta, só vai a uma campo de futebol alugado, e com certeza se sente injustiçada, porque ainda paga e desconta para que nos bairros existam todas essas estruturas gratuitas, que são constantemente vandalizadas, quando fazem tanta falta à população.
Em muitas regiões do país existe um campo de futebol em terra batida que serve todo um concelho, no Porto cada Bairro tem o seu campo, o seu ATL, a sua escola, e nenhum destes recursos é valorizado ou conservado, antes pelo contrário, obrigam a permanente renovação, em detrimento da criação de novas estruturas onde nunca existiram. Portanto mesmo em termos nacionais se impõe a justiça social, não pode continuar a existir este tipo de desigualdade. As que pessoas têm rendimentos devem dar conta dos mesmos anualmente a quem de direito, porque é isso que versa o contrato de concepção de habitação social. A ideia da casa ou renda certa para toda a vida acabou há muito, agora só estamos a passar da ideia à prática.
Claro que aqui no Porto se vai confundir a justiça social com o histórico do executivo, mas neste ponto acho que a autarquia deve prosseguir os seus planos, quem não pode pagar que comprove, que apresente documentos, é tão simples quanto isso. Os agregados com jovens desempregados ou à procura do 1º emprego, pois que lhe seja facilitado o acesso ao emprego, mas uma renda de 10€ não é solução nem incentivo para os que se dão à moleza de quantas menos despesas fixas, menos trabalho e ambição. Em paralelo as entidades de apoio que ministrem cursos grátis nos bairros para gestão familiar, como bem se sabe há muitas crianças sem refeições saudáveis, com TV cabo instalada e playstation em cada quarto, que tomem a noção que esses custos não contam para cálculo de rendas. Todos os outros, as contas serão justas com certeza.
«"O mais importante é que as obras se façam. Se o Governo disser que as empreitadas só avançam quando for a Administração Central a nomear toda a administração, não vamos pôr em causa as obras por causa do modelo de gestão", sintetizou Rui Rio (PSD), presidente da Junta Metropolitana do Porto. O também presidente da Câmara do Porto sublinha, contudo, que não lhe parece lógico mudar "um projecto de sucesso, bem feito, com custos mais baixos do que os de Lisboa".»
Se acredita mesmo naquilo que diz porque raio é que deve ceder? Eis o exemplo plasmado dum membro daquilo a que Schumpeter chamou de classe política profissional e que tanto abominava porque dizia ser medíocre e timorata, muito mais preocupada em manter o emprego político do qual depende do que em promover e defender a sociedade da qual emana. Está muito bem acompanhado por estes que falam falam mas não nos dizem como pretendem mudar o estado de coisas. Vão continuar sentados nos seus empregos, para os quais foram nomeadaos pelo poder central, ou partir para a acção e organizar-se de facto num movimento que enquadre e lute pelos anseios desta população que voltou a emigrar em massa?
António Alves
Penso que será um assunto interessante, mas, por ora, desconhecido da cidade.
Em relação às bicicletas em Lisboa há pelo menos uma preocupação digna de registo, um grupo de cidadãos aproveitou as renovações urbanas em curso para pressionar a autarquia a criar ciclovias a par das intervenções estruturais previstas.
No nosso Porto há pouco espaço para utilizar a bicicleta, talvez um trajecto desde a Praça Francisco Sá Carneiro – Constituição – Avenida de França – Mouzinho Albuquerque – Avenida da Boavista – Gonçalves Zarco fosse viável, mas obrigava a parques intermédios na Constituição…
Provavelmente em Matosinhos podia ter-se explorado a introdução de ciclovias a par do metro, o terreno convida e há imenso espaço. Na Maia idem. Em Vila Nova de Gaia esperamos que o Dr. Filipe Meneses não se esqueça de incluir uns metros de ciclovias nesses seus projectos que envolvem sempre milhões de euros.
Quanto ao Metro, não tenho conhecimentos para debater o trajecto ideal, mas penso que é inegável a urgência de o fazer chegar às zonas de lazer – Praias, Parque da Cidade, Serralves.
Ps - Los ciclistas piden la pérdida de puntos del carnet - «La bicicleta se ha convertido en el medio de transporte habitual de miles de personas y se calcula que en días laborables se hacen unos 40.000 trayectos en Barcelona y un total de 110.000 en el área metropolitana»
Metro:
- Autarcas ficam descontentes mas admitem nova gestão
- Nova etapa no relacionamento entre a JMP e o Tribunal de Contas
- Metro do Porto: Linhas E, B e C interrompidas até domingo
- Os preços do metro do Porto
Bairros:
- Câmara ignorou parecer sobre rendas sociais que pediu a jurista - «Pagava 33 euros de renda e agora aumentaram-me para perto de 70. E a minha casa nem vidros tem. Acham bem, senhores?»
- Comunicado da CMP: - «Há 1250 famílias que vão pagar menos, uma vez que o seu desconto sofrerá um aumento. Por outro lado, das famílias que vão pagar mais, porque o seu desconto vai reduzir, 82% terão um aumento inferior a 25 euros.»
- Queixa na Provedoria contra novos valores das rendas municipais
- Câmara diz que só reavaliou os descontos
- Lagarteiro em vigília por projecto
Vila Nova Gaia:
- Quatro casas vão ser alienadas por sorteio no Centro Histórico
- O susto! - O tema abordado por A. Burmester aqui.
- Porto: Rui Rio acusado de retirar cartazes (devia retirar os do Referendo, são abusivos)
- Porto acolhe seminário FIA de Clássicos
- Valorização da habitação no Algarve é o triplo de Lisboa e Porto
O que será mais importante para um melhor trânsito na nossa cidade? Os fiscais da Câmara andarem a rebocar os carros que estão parados nos lugares privados da Câmara e nos parquímetros sem terem pago, ou os carros que estão em lugar proibido, 2ª fila e às vezes 3ª fila?
Boa tarde
Como cidadão do Porto e Arquitecto preocupa-me, desde o instante que vi o que foi feito ao edifício da Papelaria Reis, o que de futuro pode ser levado a cabo pela SRU no centro histórico da cidade do Porto. É para mim escandaloso ver uma entidade que se pretende ser exemplar fazer uma intervenção daquele género sem respeito algum pelo património. Deixa-me preocupado porque, a ver por este primeiro exemplo, entramos definitivamente na era do 'faz-de-conta' sem a coragem e arrojo devido para renegar o passado ou sem a capacidade e rigor de o preservar dignamente.
Para mim a destruição da fachada da Papelaria Reis e o faz-de-conta que actualmente somos obrigados a ver só faz fechar os olhos dos mais desatentos ou menos capazes. Nota negativa para a SRU que terá que a partir de agora provar o contrário nas futuras intervenções.
Jorge Garcia Pereira
página: www.loucomotiva.com
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Nota de TAF: ao seguir os apontadores do site acima indicado, fui dar com este outro sobre o Porto que me parece merecer uma visita mais demorada do que aquela feita por mim agora.
Boa Tarde a todos.
No seguimento do tópico das bicicletas, metro e afins, gostaria que dessem uma olhada neste vídeo, que aliás até vem na página 5 do Jornal Metro de hoje, com o título ”Podia ser no Porto”. Já me estou a imaginar a subir D. Pedro V. :)
Abraço
Raul Pina
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Raul Pina Designer
A sinopse do artigo da Regina Guimarães leva-me a fazer as seguintes considerações:
Diz a Regina que se degradou a cultura no porto mas não diz em relação a quê. No entanto confirma que o Porto teatral está vivo e bem vivo dada a quantidade de companhias a trabalhar em simultâneo. Parece que a gestão da Isabel A.C., ou a da Manuela M., a satisfazia. parece que exige do poder de direita que se encarregue da cultura mais avançada e de melhor qualidade. Parece que não sabe o que é a política e o que é a luta de classes (aliás inexistente à superfície).
A Regina deve considerar-se na área da cultura (e da política) mais avançada e quer que o "statuo quo" seja avançado. O mais natural é que a cultura oficial seja reaccionária e portanto o que há a fazer para que ela mude é tomar o poder e fazer outra que se imporia às massas analfabetas e iletradas que desertariam dos espectáculos, concertos exposições etc. Cegueira. A Regina lê e pensa com avanço sobre a sociedade mas não tem a menor ideia do que é a política e a luta de classes. A agitação dela só favorece o poder porque não abre horizontes aos que necessitam de apoio para sair da iletracia e da burrice nacional provocada por falta de cultura e do hábito de pensar nas coisas sérias.
JPV
- Autarcas perdem controlo da Metro do Porto
- Metro do Porto em «nova etapa», diz Rio
- Escola de cinco milhões em Avintes
- Novo edifício substituirá duas esquadras da PSP
- Exemplos europeus de gestão de resíduos urbanos no Porto
- Tribunal admite providência cautelar contra prédio em construção na Foz - é este caso.
- Moradores revoltados com subida das rendas
- Regina Guimarães: Política cultural do Porto é «terrorista»
- Regionalização poderá tirar a Região Norte da crise
- 2.000 funcionarios a la lucha contra el fraude inmobiliario
- En España, el 52% de los empresarios son menores de 45 años (estudo europeu vale a pena ler)
Durante a elaboração dos quatro PDM’s em que trabalhei (Coimbra, Celorico de Basto, Cabeceiras de Basto e Barcelos), confrontei-me várias vezes com a questão aqui despoletada pelo Zé Pulido Valente, ou seja, nem sempre as leis podem substituir-se aos homens e ao bom senso.
No caso do Porto, e apesar do estilo bacoco e "complex" adoptado na sua redacção, acredito que o Sistema Multicritério seja a resposta. Na minha opinião, o documento (em discussão pública) peca por só se aplicar à Zona Histórica.
Dir-me-ão que esta opção é uma porta aberta para todo o tipo de situações discricionárias. Esse risco existe quando os autarcas e os funcionários não são sérios, pelo que se afigura impreterível criar mecanismos de controlo que podem passar, entre outras coisas, pela criação de uma comissão de acompanhamento (rotativa), nomeada pela Ordem dos Arquitectos.
Pedro Aroso
Cara Cristina Santos
Bicicletas no metro de Lisboa? Acredito que sim, mas olhe que eu nunca vi e ando nele quase dia sim, dia não. Pode ser que haja quem as use, mas são certamente menos do que aqueles que andam com elas no metro do Porto. Tenho visto algumas, não muitas vezes, no metro do Porto, principalmente na Linha da Póvoa aos fins-de-semana. As estações em Lisboa são muito pouco funcionais nesse aspecto: são fechadas com aquelas maquinetas de controlo de acessos. Não dão jeito nenhum para fazer passar uma bicicleta por lá. Muitas nem sequer elevadores para deficientes têm. Tem a certeza que essas suas vendedoras não vieram de Viena?
Outra coisa é o metro na Boavista. Para chegar ao mar e ao parque da cidade não é obrigatório descer a Boavista. Esse é apenas o caminho mais fácil, mais a direito e mais barato de levar mais uma linha a Matosinhos. Tem apenas um grande senão: não é o percurso mais útil. Será apenas uma obra de fachada, ou de 'regime', que não resolverá qualquer dos problemas a que se propõe. O metro deve servir o Campo Alegre, a Pasteleira, Serralves e a Foz, que é onde há gente. Deve também, preferencialmente, ser subterrâneo. Na Boavista seria muito mais avisado meter lá um eléctrico igual aos de Viena, por exemplo. Ou então um troleicarro, como fazem em Salzburgo. Já agora não nos esqueçamos que ainda faltam duas linhas prioritárias: Gondomar e prolongamento da Linha de Gaia até Santo Ovídio. Talvez um dia destes, no intervalo das suas contemplações umbiguistas, isto é, de olhar embevecido para os lindos, faraónicos e caríssimos projectos da Ota e do TGV, o governo de Lisboa decida alguma coisa.
António Alves
Meus Caros
Concordo completamente com o que o Alexandre Burmester escreveu sobre os PDM's e acho fundamental percebermos o impasse, ou bloqueio, a que se chegou: os PDM's não são capazes de dar resposta ao que a sociedade deles espera e a prova disso é a necessidade que o próprio Governo tem de utilizar a figura de suspensão dos planos para que o investimento não paralise de vez!
É claro que num país com mentalidade dirigista, em que há sempre uma minoria que acha que vai regular a sociedade afogando-a em regulamentos e leis, criou-se a ideia que o mundo só é decente se cumprirmos o PDM em vigor. E se é verdade que as leis são para cumprir, também é preciso reconhecer que os PDM's neste momento estão num impasse total: só 3 PDM's na zona Norte estão na segunda geração, quando deviam estar todos! E quando as leis não se podem cumprir porque são completamente inexequíveis, então é insensato, se não for criminoso, fazer depender todos os actos que regulam a criação e transformação da Cidade dessas leis inexequíveis.
O Simplex tem de ser aplicado à construção e ao imobiliário, sob pena de mais dia menos dia ser impossível fazer seja que prédio for. E nós aqui no Porto fomos, há alguns anos, pioneiros na abertura com que se discutiu um Plano Director. Infelizmente foi a própria equipa que promoveu essa abertura que se assustou com o sucesso da iniciativa, pela exigência de justificação que esse processo impõe. Mas esse caminho incontornável foi mostrado e mais cedo ou mais tarde vai ter de ser a regra geral.
Por isso percebo a questão, como sempre pertinente, que o José Pulido Valente coloca e cheira-me que, se não em todos os casos, pelo menos nalguns são a melhor demonstração da falência desses Planos. O que é grave, porque os Planos são essenciais à regulação dos interesses legítimos mas divergentes de agentes diferentes e da própria comunidade. Temos que encontrar maneira de alterar a feitura dos planos para ultrapassar este impasse para não prescindirmos de Planos, mais leves e mais abertos mas que permitam equilibrar melhor e de forma mais dinâmica os interesses colectivos e os interesses privados.
Francisco Rocha Antunes
promotor imobiliário
Sem querer entrar em preciosismos, acrescento apenas ao "post" de Cristina Santos que no Metro de Lisboa o transporte de bicicletas só é permitido durante o fim-de-semana. Ainda assim (e já cá vivo há 5 anos), apenas por uma vez (e digo-vos que sou um ávido utilizador do metro) vi uma bicicleta numa carruagem deste (por acaso foi mais que uma), estávamos em Março de 2005, era Domingo e daí a alguns minutos iniciar-se-ia a meia-maratona de Lisboa, com uma prova para bicicletas...
Miguel Araújo Abreu
Pode-se correr o risco de classificar a qualidade de todos os PDMs pela mesma bitola, porque se alguns poderão ser melhores que outros, na verdade todos sofrem dos mesmos males.
Em primeiro é de salientar a atitude política de gerir o espaço urbano através de uma prática corrente que se traduz na falta de transparência e de diálogo. Mesmo com a desculpa das obrigatórias “Discussões Públicas” é sabido o quanto a população não se incentiva a pronunciar, o quanto a população não é suficiente esclarecida, consciente e participativa ao ponto de poder contribuir de forma mais alargada à discussão. Esta desculpa serve para que assim a prática comum seja abrir e fechar a discussão pública numa simulação administrativa.
Em segundo, e porque já me fartei de o dizer aqui e noutros lugares, o Urbanismo em Portugal não é feito por uma equipa multidisciplinar de várias áreas tais como: Sociólogos, Geógrafos, Engenharias de sistemas, Infraestruturas, transportes,… , Economistas, Ambientalistas, Paisagistas, Advogados e Arquitectos (entre outros), mas é tratado por uma equipa de “Urbanistas”, que normalmente são Engenheiros que se limitam a criar legislação e regras, e uma equipa de desenhadores, que normalmente são Arquitectos, e se limitam a fazer desenhos de ruas, equipamentos, volumes e princípios de acabamentos.
Ora Urbanismo não é fruto nem de uma salada de regras, nem de um desenho por mais bonito que possa parecer (disso é bom exemplo a Av. dos Aliados, a Rotunda, a Cordoaria, etc.…) Por outro lado podemos constatar que as práticas urbanistas que se usam em Portugal ainda descendem dos princípios da Carta de Atenas, na contínua procura de encontrar um discurso urbano consistente e coerente, que se traduz numa “leitura” da cidade ideal. A cidade não é mais que o reflexo da sociedade, existem pessoas feias, gordas, bonitas, magras, inteligentes, pobres e ricas, cultas, de bom e mau gosto, ... E a cidade é feita e usada por nós todos, espelho desta diversidade. Assim tem que ser feito o Urbanismo.
Da mesma maneira que a sociedade se move cada vez mais depressa para diferentes objectivos - sendo que o certo mais rapidamente se torna incerto, e temos todos os dias que nos adaptar rapidamente a novas e diferentes situações - não devíamos estar sempre a criar cumulativamente mais regras e leis para a sociedade, e também não o devíamos fazer para a cidade. E essa é também a prática e assim não pode ser feito o Urbanismo.
Cidade “Obra Aberta”, à discussão, ao diálogo, e às diferenças, em resumo espaço por definição de Democracia, necessita de ter novas mentalidades políticas, entidades coordenadoras com poder, maior interligação entre os diferentes intervenientes, instrumentos menos rígidos que os PDMs actuais, e mais rápidos na sua implantação e na capacidade de resposta.
Em resumo e para responder ao Pulido, e não me estender mais neste assunto que aqui não cabe, a continuarmos assim, em que os PDMs que se revêem em 10 anos, e que se aprovam em mais 2, nada mais lógico que andem sempre atrasados, que não se adequem às realidades, e que por isso se suspendam pelas mais variadas razões.
Alexandre Burmester