2006-08-13
Nas últimas horas o blog esteve inacessível devido a problemas numa das grandes "autoestradas informáticas" nos Estados Unidos, que ligam a empresa onde o servidor está alojado. Por causa disso foi necessário fazer alterações técnicas importantes (para quem sabe o que é, tratou-se de mudar os números IP do servidor WWW e, pior, do DNS). Estas operações, relativamente simples de executar, são contudo muito delicadas. Além de atraso no email pode ter havido, apesar de ser razoavelmente improvável, algum extravio. Por isso, se alguém enviou algum comentário que não tenha sido colocado online...
ALGUNS EFEITOS DESTE PROBLEMA PODERÃO EVENTUALMENTE FAZER-SE SENTIR AINDA DURANTE VÁRIAS HORAS.
- Zona histórica perde gente e passará a "bairro da moda"
- População do Centro Histórico contra a fusão de freguesias - O facto de haver fusão de freguesias não significa só por si que se esqueçam as diferenças que existem entre as várias zonas que as compõem. Os receios quanto à fusão são, neste aspecto, pouco racionais. Então o que se poderia dizer por exemplo de Paranhos, onde existem realidades tão diferentes numa única freguesia? Ou de Cedofeita? Ou da Foz do Douro?
- Gaia: Corpus Christi recebe Gaiurb
- Casais tombam de amor na mais antiga danceteria - O "Porto profundo"... :-)
- Vaga de furtos de cobre provoca problemas nas linhas do metro - Eu conhecia relatos de problemas destes mas nos países subdesenvolvidos de África, onde a rede móvel de telefone, por não exigir cablagem facilmente roubada, é de sucesso muito mais garantido do que a rede fixa...
- Aloft in Second Life - "This September, Starwood Hotels will become the first company in history to open a new hotel brand inside of a virtual world."
No NYT:
- Green Living
- Our Man in Shanghai: Ben Wood Takes On History
PS: Águia D’Ouro está à venda - Já aqui se tinha falado nisto.
Apresento-vos algumas medidas EFECTIVAS de aumento da qualidade de vida que fotografei nas minhas férias. Temos que ter a humildade de reconhecer os bons exemplos... mesmo que venham de Espanha. Peço-vos que não se percam em fait-divers (políticas e afins).
Passeio antiderrapante, confortável, regular, liso, não uma "pseudo calçada portuguesa" ou simplesmente conjunto de pedras mal amanhadas, muito usual em Portugal e em Lisboa, felizmente menos no Porto. Além disso encontramos pilaretes em muitas estradas estreitas no centro de Madrid como é este caso, impossibilitando fisicamente o estacionamento em segunda fila. Há também uma forte aposta em parques subterrâneos, que também de resto já é seguida nos centros das nossas cidades. Os passeios também têm pelos menos X metros de comprimento mínimo, não precisando as pessoas "fugirem" para a estrada. (Que jeito daria este sistema em Lisboa...!)
Aposta na arte/cultura e também na arquitectura moderna, como peça essencial de uma cidade e complementar ao património histórico. Esta é uma foto do museu Reina Sofía, cuja ampliação (2a e 3ª foto) é da autoria do arquitecto francês Jean Nouvel (cujo projecto em Lisboa/Alcântara está em "águas de bacalhau").
(Escusado será falar no Guggenheim de Bilbao...)
Seguindo pela "Cidade das Artes e das Ciências" em Valência cujo projecto final prevê a construção de três torres com cerca de 50 pisos da autoria de Santiago Calatrava (é natural de Valência)
Imaginam tal projectos num país que tem fobia de construir em altura (30 andares já é considerada uma "torre" em Portugal) mesmo em zonas novas? É... Infelizmente os velhos do restelo estão aí para durar, sempre com desculpas demagógicas do tipo "para quê se somos um pais pobre e com listas de espera nos hospitais?", sendo um entrave constante à modernização do país.
E para acabar uma foto de uma ciclovia em Valência, apenas uma de uma rede integrada, capaz de actuar como um meio de transporte efectivo, e não apenas um "fait divers" de fim de semana, ou para andar na marginal cá do burgo. Em Lisboa e no Porto, as pessoas têm a ideia errada de que ciclovias não
podem funcionar devido aos declives elevados. Nada mais errado pelo menos em Lisboa (onde eu vivo) onde um
projecto de uma rede ciclável foi abortado pela Camara em 2002/2003 por ser considerada "megalómano". (Não falo obviamente de uma subida ao Castelo...)
Julgo que não é preciso dizer mais nada, quando os políticos simplesmente não se interessam pela qualidade de vida dos seus habitantes e perdem-se em tricas, como polémicas de embargos a obras ou críticas ao JN. A melhor coisa que os autarcas poderiam fazer é, com todo o dinheiro que ganham, fazer uma viagem por essa Europa fora e simplesmente copiar estes exemplos. Não custa muito pois não?
Votos de Boas Férias, Miguel Oliveira
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Nota de TAF: "clicar" nas imagens para ver em tamanho maior.
1- Esta notícia do JN fez-me lembrar Marselha - cidade que tive a oportunidade de visitar há dois anos atrás - e comparar o que lá vi com o Douro, no seu troço final, defronte da nossa cidade. Ao contrário do bulício do velho porto marselhês, sempre cheio de embarcações de recreio que convivem alegremente com as traineiras dos pescadores marselheses, o Douro, descontando as embarcações dos cruzeiros no rio, vive numa eterna calmaria.
O Vieux Port marselhês, enseada natural de média dimensão, serviu de porto marítimo à cidade desde tempos imemoriais. Foi, naturalmente, tornado obsoleto pelo grande porto comercial (o maior de França) construído a oeste da cidade e capaz de receber os gigantescos navios mercantes e de passageiros que hoje cruzam os oceanos. Obsoleto para o grande tráfego de mercadorias mas não inútil e desaproveitado, o Vieux Port, além de porto de abrigo dos pescadores do Mediterrâneo, é hoje um movimentado porto para embarcações de recreio desde os mais minúsculos veleiros aos gigantescos e milionários super-iates. O movimento de entradas e saídas de embarcações que se pode observar num dia de Verão e o colorido mercado de peixe que se desenrola em plena rua são atracções em si mesmas.
O cenário de postal ilustrado oferecido pelo rio Douro, desde a barra até à Ribeira, serviu também, tal como enseada marselhesa, de porto comercial à cidade desde tempos imemoriais e foi tornado obsoleto pela construção, escassas milhas a norte, do Porto de Leixões. Mas terminam aqui as semelhanças: ao contrário do Vieux Port marselhês, o velho Porto do Douro encontra-se subaproveitado. Tirando a florescente navegação fluvial turística dos cruzeiros no Douro, os barquitos de pesca da Afurada e os poucos navios mercantes que sobem o rio para receberam cargas de granito, são escassas as embarcações que vencem a barra e sobem o Douro. Não se pretende acabar com a poética tranquilidade que as margens do Douro nos oferecem, mas um recurso como este pode deve e merece ser melhor aproveitado. As economias local, regional e nacional beneficiariam com tal desiderato.
Agora que está para breve o fim da construção dos molhes de protecção, que tornarão mais fácil e seguro vencer a Barra do Douro, é urgente pensar na construção duma grande Marina para a navegação de recreio oceânica que seja atractiva para o tráfego que do norte da Europa demanda o sul. Deverá estar equipada com todas as valências que a tornem capaz de receber desde pequenos veleiros aos grandes iates particulares. Devem evitar-se também a construção de quaisquer obstáculos à navegação como pontes pedonais à cota baixa. O turismo é uma actividade económica que, para países como Portugal, não pode ser negligenciada. O Porto, com recursos inigualáveis, por maioria de razão não o poderá nunca fazer.
A marca “Porto” é internacionalmente conotada com qualidade. Essa qualidade é-lhe dada há séculos pelo vinho que lhe transporta o nome, e actualmente por Serralves, pela conhecidíssima escola de arquitectura e até pelo F.C. Porto com as suas vitórias internacionais. Prova disso é a VICRI, marca de roupa para homem que veste personalidades como Tony Blair, Bill Clinton, Robbie Williams e alguns príncipes árabes, inscrever nas suas etiquetas “made in Porto” e não “made in Portugal” porque vende muito mais evitando conotar-se com a marca “Portugal” que infelizmente ainda é sinónimo de pouca qualidade.
Marca de qualidade temos, só é preciso saber vendê-la. Para isso precisamos de dirigentes com visão alargada e cosmopolita, capazes de perspectivar o futuro e juntar as sinergias necessárias para levar por diante projectos desta envergadura. Precisamos também de mais empresários como Mário Ferreira, o grande impulsionador do turismo no Douro.
2- Sábado passado aconteceu no Porto o maior espectáculo multimédia a que a cidade já assistiu. Refiro-me naturalmente ao concerto dos míticos Rolling Stones. Neste momento convém reflectir e regozijarmo-nos pelo facto de Rui Rio ainda não estar no poder municipal na época em que se projectou o Estádio do Dragão e a sua envolvente. Caso estivesse, talvez a cidade tivesse sido impedida de se encontrar dotada de um equipamento de elevada qualidade técnica e arquitectónica que possibilitou a montagem do maior palco jamais visto em Portugal. As dezenas de milhar de visitantes, portugueses e estrangeiros, levaram com certeza uma boa imagem do que viram.
António Alves
A propósito do que escreve Rio Fernandes: creio que as obras em Santa Catarina, Passos Manuel, Filipa de Lencastre, Ceuta, etc., serão para implantar a linha do eléctrico, isto a crer no que tenho lido nos jornais. Quanto a mim esta linha não vai servir para nada, a não ser para os saudosos de outros tempos, como eu. Mas quem quererá andar a passo de caracol? A pé não será mais rápido?
Saudações
Francisco Oliveira
A propósito do granito claro referido por RFernandes, não resisto a enviar esta foto da Pr. Almeida Garrett. É curioso reparar no granito tão actual nos dias de hoje. Será que esta época foi a inspiração? Nota-se também a confusão de percursos das pessoas, eléctricos e carros de bois, característica da sobreposição de materiais. A fotografia foi retirada da revista Planeamento Urbano nº 3 sobre Mobilidade. Traz inclusivé 4 estudos de caso bastante interessantes (Vale do Ave, Matosinhos, Porto e Lisboa).
Já repararam também que já estão a nascer cabines telefónicas vermelhas na nova Av. dos Aliados? Os ingleses é que se devem divertir com estas coisas. A fraca figura é que é nossa mas, enfim, já estamos habituados a estes atestados que os nossos políticos nos passam.
Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com - www.architecturalroutes.com
A falta da assinatura da Dª Laura Rodrigues inviabilizou o financiamento pelo PROCOM das obras da Porto2001 previstas na Rua das Flores e que já estavam previstas num primeiro projecto PROCOM com Fernando Gomes a Presidente da Câmara, em 1999. Lembram-se em 2001 e poucos meses antes das eleições que elegeram Rui Rio, da “guerra” que a Dª Laura travou pelo estacionamento e contra o alargamento dos passeios na Baixa, impedindo a chegado do avultado financiamento previsto pelo PROCOM para espaço público, animação e promoção da Baixa e beneficiação dos estabelecimentos?
Agora, com a designação de URBCOM e com menos dinheiro e bem menos comerciantes interessados em melhorar os seus estabelecimentos, parece que há 4.5M para umas obras nas ruas. É menos? Claro. Menos são também agora os comerciantes optimistas! Mas ainda dá para fazer “umas flores”. Salvo seja que flores é coisa fora de moda!
Na lista das ruas, alguém terá entendido não incluir a Rua das Flores (pelo que vem nos jornais). Terá sido Álvaro Braga Júnior que foi o gestor escolhido para o projecto de urbanismo comercial!? Por certo que não. A SRU que intervém em toda a área central? Não sei, só li que será o GOP a tratar de tudo. Quem e como escolheu não sei. Mas sei que o estudo global que foi feito, apresentado e aprovado em 2001 não identificava como prioritária a intervenção na Rua de Ceuta, na Praça Filipa de Lencastre (à volta da entrada do túnel?), na Rua do Ateneu Comercial (terá 3 ou 4 estabelecimentos?). Porque, convém lembrar, é dum projecto para o comércio e restauração que se trata, com o dinheiro a vir do Ministério da Economia. Bem sei, também estão no grupo duas importantes artérias comerciais da Baixa, Santa Catarina e Passos Manuel, mas lamento que isso não me tranquilize, porque conhecendo o Presidente de Câmara que temos, tenho razões para pensar que o maior objectivo possa ser o de retirar o calcário e basalto dos passeio e acinzentar um pouco mais a cidade: já viram com está sujo o “granito claro” dos Aliados? E ainda outro dia foi inaugurado... Sobrou ao menos o cavalo de D. Pedro, de costas para as asneiras e para quem as mandou fazer.
Do que vem nos jornais, como disse, não consta que a Rua das Flores faça parte da lista. Será lapso dos jornalistas? Espero bem que sim. Mas temo que não!
Não, não moro lá, nem tenho lá loja, ou quaisquer interesses particulares meus ou de amigo. Acontece que, como geógrafo e cidadão interessado na cidade, entendo de há muito que a Rua das Flores é não só uma das mais elegantes e emblemáticas artérias da cidade, a primeira ter casas brasonadas e a acolher diversas instituições da maior relevância (Misericórdia, Casa da Companhia,….), como estabelece uma agradável e muitíssimo interessante ligação entre a cota baixa (a Ribeira) e a cota alta (a Baixa) que devia ser fortemente potenciada para o percurso a pé, para os turistas e todos os outros. De resto, esta beneficiação, poderia também – e deveria, digo e dizem muito que sabem mais de transportes do que eu – permitir a inserção do eléctrico (do Infante a S. Bento) de preferência na descida, depois de subir por Mouzinho. Continuarão os cubos gastos, os passeios estragados e a profusão de sinais e carros parados a esconder o encanto e as possibilidades das Flores por muito mais tempo?
Não. Por certo alguém se lembrará um dia da bela Santa Catarina das Froles, de seu nome original, mandada abrir por D. Manuel há quase cinco séculos!
Rio Fernandes