2012-09-30
- Festa Libertária, hoje, 5 de Outubro 16h00, jardim da Praça do Marquês de Pombal, convite de Nuno Carvalho: "Banca de rua com livros, fanzines, publicações diversas, performances, concentração. Festa Concerto - Juliana, Pedrinho violão, Cantos revolucionários internacionais. Domingo, 7 outubro 16h00, Conversa Libertária na CasaViva."
- Tertúlia "Redução da Despesa Pública" com António Lobo Xavier, 4ª feira, 10 de Outubro, convite da Comissão Política Concelhia do CDS/PP Porto: "Portugal vive uma profundíssima crise financeira, económica e social. Um dos grandes desafios que os Portugueses enfrentam prende-se com a necessidade de uma fortíssima redução da Despesa Pública. Para perceber que caminhos e opções poderão ser seguidas contaremos com a presença do Dr. António Lobo Xavier. A tertúlia está marcada para as 21h30 no Palácio da Bolsa, Porto. Contamos com o seu contributo para a discussão e para a construção de um Portugal sustentável. A iniciativa é aberta a todos os cidadãos. Aconselha-se chegada antecipada."
- Fallos en el sistema de cobro impiden rebajar el 15% del peaje en las autovías portuguesas, sugestão de António Soucasaux: "«El descuento, en vigor desde el lunes, se aplica de forma irregular en la A28 entre Viana y Oporto» - O sistema de cobranças que existe nas scuts é uma autêntica vergonha."
( ... continua noutro post ... )
A continuação das conversas da Rádio Manobras.
No âmbito das Manobras no Porto, tertúlias transmitidas pela Rádio Manobras aproveitando a excelente esplanada do Guindalense Futebol Clube.
Sobre a Rádio Manobras muito havia que dizer e um dia destes, logo que tenha tempo, hei-de escrever um post. Entretanto estava aqui a hesitar sobre responder ou não ao Pedro Figueiredo, mas decidi que não. Ele mistura alhos com bugalhos, público com privado, etc., etc... Mas o Pedro é boa gente e, quando pensar melhor no que escreveu, vai ver que grande parte é fruto apenas de emotividade irracional, sem base minimamente sustentável. Aqui ficam acima umas fotos de pessoas bem dispostas, para desanuviar o ambiente. ;-)
Não há só pré-conceitos liberais, aliás para não existirem mindset desse tipo é bom que nem sequer exista essa divisão. Mas, a existir, falemos sobre ela. O Daniel Rodrigues já esclareceu a questão do valor do dinheiro hoje, válida tanto para o crédito como para os aforros dos cidadãos, sendo estes últimos bem mais penalizados. Mas a “ideia” que o crédito garantido sobre matéria não circulante deve possibilitar o investimento e a inovação, quando não há poupança disponível, ou em reforço desta, é uma “ideia” muito antiga, Schumpeter por exemplo.
Também antigo, é o mindset Marxista, que a meu ver continua a cegar e impedir visões realistas e racionais sobre o ciclo que atravessamos. Este pré-conceito pode ser percebido em muitos dos argumentos que continuam a vir a praça pública. A analogia, por vezes até involuntária, estreita a visão do todo, e substancia que se os mecanismos de produção evoluíram ao ponto de provocar verdadeira crise no “proletariado”, então há que levar a cabo uma luta entre classes, que termine com capitalismo. Como se trata de um pré-conceito nem sempre é perceptível, que essas ideias tão arrogantes contra a economia, e que dividem fracções sociais que partilham os mesmos interesses, culminavam teoricamente num desfecho em que a humanidade ingressava no comunismo “celestial”.
Portanto, pré-conceitos há de todos lados, se bem que os liberais de algum modo não aceitam por suficiente a mão invisível, mas os Marxistas raramente colocam em questão as ideias de esquerda e difundem-nas, e aplaudem o Estado social falido, defendem lutas entre classes, dividem e negam os efeitos percebidos. Não reconhecem que o capitalismo trouxe muitos avanços, aliás seria exactamente no expoente máximo desse avanço e modernização necessários que se daria o fim, e o Homem viveria para as artes, no tal "comunismo celestial" (gosto do termo celestial).
Em resumo, não há talvez maior pré-conceito do que esse da luta de classes e como todo o pré-conceito é enviesado e incompleto. Compete-nos a nós, nova geração, reflectir de onde nos surgem essas ideias, as escolas antigas, as cartilhas e depois construir novos conceitos. Às vezes aparenta que a nova geração é velha e pré-conceituosa.
1. O Estado está “falido” para:
- O Museu do Douro (fundação): Extinta!
- Parque do Côa (fundação): Extinta!
- Paula Rego (fundação): Proposta a sua extinção (a autarquia decidirá)
- Serralves (fundação): Cortes no financiamento público (30% do orç. total)
- Casa da Música (fundação): Cortes no financiamento público (30% do orç. total)
Daqui se prova que há critérios muito objectivos para decretar a “falência” do Estado. É decretada a falência se for ”Cultura”, por exemplo. No Museu do Côa, prémio de Arquitectura, pólo de atracção cultural e económico para o Norte de Portugal, uma referência em suma, é a vingança do PSD sobre a barragem do Côa submersa pelas gravuras rupestres e pelo Movimento Popular… O caso do Museu do Douro, outra barbaridade, mais um belíssimo edifício e referência cultura. Uma vergonha a sua extinção. Serralves, outro crime social sofrer cortes, nesta a Gulbenkian do Norte (ou seja, o Ministério da Cultura que o PSD nunca quis…). Paula Rêgo, outra referência cultural e arquitectónica (prémio Souto de Moura). Mas não interessa para nada, é arte, é cultura, é uma referência turística, económica local e cultura. Extinga-se! Viva a ignorância!
2. O Estado não está “falido” para: Fundação Social Democrata da Madeira (a “cultura” PSD, portanto…).
…Esta “fundação” sai imune aos “cortes”, e tem um inquérito sobre uma suspeita de crime de peculato parado há dois anos pelo simples facto de a assembleia legislativa da Madeira não ter autorizado (chama-se “conivência”…) o levantamento da imunidade do líder do PSD na Madeira. Possui 32 prédios, uma herdade, uma frota automóvel (um Rolls Royce incluído / ver notícia do Público)… Aqui no Porto, por ex, pergunto-me o que faz a Fundação Cupertino de Miranda, um enorme edifício vazio e “Museu do papel-moeda”, que coisa tão interessante e visitada internacionalmente…(nem lhe tocam).
…Da mesma forma, o ditador R.R. da Câmara do Porto diz há anos a mesma barbaridade sobre a CMP: “Não há dinheiro”. Não há dinheiro para o Bolhão, mas há dinheiro para as corridas de automóveis… Puxa da máquina de calcular quando ouve falar em “cultura”, quando sabemos todos que na Europa usa-se 1% do orçamento de Estado para a Cultura, quando agora e com o PSD a cultura vale apenas 0,1% do orçamento de Estado… Falência selectiva: não interessa o Douro ser património cultural, faça-se a Barragem do Tua / feche-se o Cinema Batalha / “nunca se fará a Cinemateca na Casa das Artes” disse outro dia F. J. Viegas / acabou-se de todo o financiamento público para o Cinema Português (premiado de resto) / etc., etc… Por isso, a falência só pode ser “selectiva”… O PSD já não pratica só “Darwinismo Social”, agora é mesmo política de terra queimada e a roçar a extrema-direita (anti-cultural de todo).
Pedro Figueiredo levanta questões interessantes sobre alegados preconceitos com pósconceitos. O mais interessante, e apenas contestarei este, é a ideia de que se paga "três vezes ao banco por uma casa que vale um". Ora, não obstante muitos bancos fazerem disparates tremendos, é inconcebível continuar a distorcer o único produto que genuinamente é compreensível, faz sentido, e onde os lucros não são irracionais: o crédito à habitação. Para esclarecer, faço uma pergunta ao Pedro. Quantas casas podia comprar em 1980, pelo preço de uma casa hoje em dia? Mesma localização, mesma construção, etc.? Ponha-se agora no papel do banco, que emprestou em 1980, e que só recebeu três vezes o montante inicial hoje. Quantas casas pode comprar o banco hoje?
A minha resposta será que a diferença estará na ordem de pelo menos 10 vezes, com os dados de que disponho para casos concretos. Evidentemente, no passado, também se pagavam mais casas, mas este é o negócio dos bancos: permitir, por um lado, que as pessoas poupem dinheiro sem perder valor para quando precisarem de o usar no futuro. Por outro, permitir que as pessoas usem hoje dinheiro que só vão ganhar no futuro. E sim, cobram comissões no processo, os empregados bancários também merecem ganhar o seu sustento, ou não? O Pedro, enquanto faz gestos obscenos, esquece esta verdade elementar: pediu emprestado, só vai pagar muito mais no futuro. Vamos fazer um acordo? Acertamos hoje que me faz um projecto de arquitectura por 5000€. Eu comprometo-me a pagar-lhe, em 30 anos, 3 vezes o valor actual, sem juros. O Pedro vai julgar que é um negócio tremendo: pago-lhe 40 euros por mês durante 30 anos. Mas para pensar o que realmente eu lhe estou a pagar, coloque-se em 1980. Tinhamos acertado um projecto de arquitectura por, vá lá, 100 contos, 500 euros. Coloque-se daqui a 30 anos. Os tais 40 euros que não eram um mau negócio, são afinal apenas 4€ por mês. Faz-me um projecto de arquitectura por 4€ por mês? Aliás, fá-lo-ia por 40€ por mês?
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
Ps: E siga mesmo a sugestão do Tiago, e leia as respostas ao José Vitor. O Estado está mesmo falido. E continua a usar crédito como se não houvesse amanhã.
PS2: Quanto à devolução da casa para saldar a dívida, concordo com o Pedro. Os bancos não avaliaram o seu risco correctamente. No entanto, o que as pessoas esquecem é que a conclusão lógica desta necessidade, uma avaliação mais cautelosa dos riscos, teria implicado menos facilidade no acesso ao crédito, e clamores de "injustiça", por uns terem acesso a capital e outros não. Mas estas são contas de outro rosário.
Mesmo em tempo de crise, se formos contidos em gastos e até na condução dá para, no último sábado de Setembro de 2012, voltar a passarmos um dia, agradável, de sol, entre o Porto, Régua (Peso da Régua) e Pinhão. Foi o que fizemos, e foi-nos muito agradável. Sempre excelente, depois de sairmos da autoestrada A4, a caminho da Régua, começarmo-nos a aproximar do Douro. A tal visão do rio entre encostas, entre vinhas, que nos traz calma e bem estar. E sobretudo que nos deixa para trás a crise, as crises, o desnorte, a falta de dinheiro, a falta de bom senso, o mau momento que estamos a viver.
Bem, mais um bom tempo com o Douro à nossa direita. A agua está verde, dizem-nos de chover pouco. O Tamisa em Londres está sempre castanho, dizem-nos da poluição. Esperemos antes continuar, aqui, verdes! Um sol maravilhoso reflete-se na água. Um calor tão agradável. Fica o automóvel estacionado, já na Régua, antes da primeira rotunda. Um caminho a pé até um restaurante em conta. Gente simpática, simples, sem mordomias nem guardanapos de pano, comida boa e barata. Regresso ao carro. Percurso lento, mas agradável, até à ponte que nos faz levar ao outro lado do Douro. Ali, à esquerda a ponte agora pedonal, com pessoas nela a circular! Ida direta até ao Pinhão. Sem parar na Barragem da Régua, onde estão muitas pessoas a ver um barco que vai subindo o Douro, a ganhar água para ultrapassar a eclusa.