2011-08-14
Ontem pelas 22 horas apanhei o autocarro 200 na Praça D. João I em direcção ao Campo Alegre. Garantidamente que das cerca de 30 pessoas a bordo umas 20 eram estrangeiras (turistas). Ouvia-se francês, espanhol, italiano e até duas raparigas que conversavam em inglês com acentuado sotaque norte americano. Alguém me explica porque raio é que em Agosto numa cidade cheia de turistas, e que pretende vir a ser turística, todos os principais teatros estejam fechados?
- Concurso público internacional: Concepção do Centro Lúdico e Cultural Representativo da Epopeia dos Descobrimentos Portugueses no Centro Histórico do Porto - prazo de 40 dias a contar do passado dia 11 - documentos no site da CMP e notícia do Público:
«Rui Rio explicou que o concurso público pretendia acomodar um conjunto de propostas "desgarradas" que têm chegado ao município, para a instalação de "equipamentos", dando como exemplo alguns "parques temáticos". O anúncio do concurso não refere qualquer tecto orçamental para a execução do projecto. Rio já dissera, contudo, que a sua concretização está condicionada à obtenção de fundos comunitários.»
- Com pouco esforço, o Porto podia ser mais amigo dos ciclistas, sugestão de Miguel Barbot
- Cinco dias de música, teatro e mercados no centro histórico do Porto entre 28 de Setembro e 2 de Outubro
- Dia Mundial da Fotografia no Porto: dia 19, Sexta-Feira, sugestão do IPF
- Cinema - Sessões ao Ar Livre, Museu Nacional Soares dos Reis, 18 Agosto, 21h30, sugestão do Cineclube do Porto
- A Metro pode respirar de alívio: Governo assegura pagamento de dívida de 200 milhões
- Aeroporto Sá Carneiro bate recorde de passageiros em Julho
- UP: 50 anos de Faculdade de Letras, várias "casas" pelo Porto, sugestão JPN: "O JPN publicou, esta quarta-feira, uma série de artigos, entrevistas e uma fotogaleria a propósito dos 50 anos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, uma instituição que ocupou vários espaços da cidade"
- Foi você que pediu um hipermercado de rua?, no âmbito das Manobras no Porto
- "Manobras no Porto": O Centro Histórico mais vivo que nunca
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Nota: Não compreendo o sentido de a autarquia lançar um concurso como o referido acima para projectar um equipamento de grande escala (200.000 visitantes/ano) que, tanto quanto sei, está completamente ausente dos planos da CMP e da Porto Vivo SRU para o Centro Histórico. Sublinhe-se que não há financiamento minimamente garantido para a respectiva construção, nem sequer prémios para a proposta seleccionada... A aparecerem candidatos, ao menos que seja para reabilitar imóveis actualmente desaproveitados, quiçá criando um percurso entre vários deles espalhados pela zona.
A tele-novela do serviço ferroviário Porto-Vigo está a pouco mais de um mês de um inaceitável desfecho, com o fim da comparticipação da Renfe do troço a partir de Tui a ocorrer no dia 30 de Setembro, fazendo desta a data em que o Porto, ao fim de quase 100 anos e a contra-ciclo com o resto da Europa, perde a sua última ligação ferroviária internacional.
Foi neste contexto que a Associação de Utentes dos Comboios de Portugal organizou uma sessão pública de esclarecimento em Viana do Castelo no passado dia 29 de Julho (com presença da Refer e sem sequer uma resposta da CP Regional e Renfe), em que foram ouvidos representantes políticos e institucionais e apresentadas propostas para a Linha do Minho e para o serviço Porto-Vigo no curto prazo (muitas praticamente sem custos) e para o médio prazo (de cariz mais infra-estrutural). Nesta sequência surge também uma notícia do jornalista Carlos Cipriano no Público, que dá os custos anuais para a ligação Tui-Vigo como estando um pouco acima dos 100.000€ enquanto que a CP afirma que estes sobem até aos 450.000€. Trata-se de uma diferença - não explicada - de quase 350.000€(!).
Associando este novo valor às contas feitas pelo António Alves neste post bastariam na verdade 6 passageiros por viagem para pagar os custos anuais(!) e, se houvesse uma gestão transfronteiriça conjunta como referido aqui, ficaria a cada instituição uma despesa de algo como 28€ por dia, se se insistir que o serviço não poderia perfeitamente ser rentável (não será já rentável em dados períodos?). Isto ignorando também o facto de que o revisor neste trajecto nem sempre está presente. Ninguém sabe de onde vêm ou como são calculados os números oficiais nem as motivações (ou falta delas) que escondem, mas a falta de transparência da CP só contribui para agravar a noção de que não existe qualquer visão estratégica que orienta a sua gestão, orientando-a para a conquista de utentes de forma a colmatar os seus problemas, para não dizer que casos como este se parecem aproximar mais da sabotagem.
Quanto ao potencial desta ligação e da Linha do Minho, basta olhar para esta imagem, em que a Linha surge como um vazio de electrificação e modernização entre duas ligações que dão lucro e/ou prosperam como são o Lisboa-Porto e o Vigo-Corunha e que, unidas de forma coerente, traduziriam melhor a realidade económica e populacional desta região.
Nuno Oliveira
O Movimento Mercado Bom Sucesso Vivo vem por este meio tomar posição sobre a forma como a Mercado Urbano, apoiada pela Câmara do Porto, está a tratar os vendedores que pretendem manter as suas bancas de mercado tradicional no espaço proposto pelo projecto daquela empresa. Ao contrário do que tem sido propagandeado pela CMP, não há de facto lugar para qualquer tipo de continuidade para os vendedores do mercado tradicional de frescos como ele é normalmente concebido. Nem mesmo tratando-se de recuperar apenas 44 bancas das iniciais 140. Segundo as declarações dos próprios ex-vendedores à imprensa há vários casos que o comprovam. No caso de uma loja de 90m2 que pagava mensalmente à CMP 500 euros, a Mercado Urbano pede agora cinco (5) vezes mais de renda mensal: cerca de 27 euros/m2, ou seja 2500 euros de mensalidade... No caso de um talho que pagava mensalmente à CMP 600 euros, a Mercado Urbano pede agora cerca de 30 euros/m2, ou seja 2000 euros de mensalidade... Os horários exigidos pela Mercado Urbano são também restritivos já que a abertura às 9h00 é tardia para as funções de retalho e venda por grosso.
Estas rendas high-cost que a Mercado Urbano está a propor aos ex-vendedores do Bom Sucesso impedem na prática a sua continuidade no espaço, uma vez que por evidente falta de meios se vêem obrigados a recusar essa solução. Solução que contrasta fortemente com as facilidades e benefícios fiscais que envolvem o negócio low-cost efectuado à margem de qualquer ética entre a CMP e o promotor: uma renda mensal da Eusébios à CMP de apenas 3750 euros (durante 50 + 20 anos), segundo dados oficiais; isenção de imposto IMT concedida pelo Ministério das Finanças em resultado da manobra da classificação do edifício enquanto património municipal, em Dezembro de 2009. A desproporção entre os valores exigidos aos vendedores e os valores acordados entre a CMP e a Mercado Urbano atingem este patamar de escândalo público. O Movimento faz do protesto não um fim em si mesmo mas apenas o começo de uma nova proposta pública que englobe a manutenção do Mercado no âmbito das políticas públicas municipais, como é prática corrente na generalidade dos mercados de frescos tradicionais em Portugal.
Para além do aspecto arquitectónico, o texto legal de classificação do Mercado como edifício de interesse nacional refere claramente o seu «valor urbanístico e sócio- cultural, enquanto edifício de referência na paisagem urbana da cidade do Porto e na vivência da população, constituindo um espaço privilegiado de encontro de gerações e classes sociais». O que a Mercado Urbano e a Câmara pretendem é oposto disto mesmo. Ficamos com a convicção de que a anunciada intenção de incluir de alguns dos tradicionais comerciantes serve apenas para criar a ilusão de que a CMP tentou que existisse um mercado de frescos, quando sabe antecipadamente que estes valores são impraticáveis para eles. Assim até poderá um dia argumentar que se não há mercado é porque os comerciantes não quiseram... Defendemos uma verdadeira reabilitação do magnífico edifício modernista do Mercado, o que implica a valorização do seu espaço interior mantendo as características genéricas actuais que justificam plenamente a sua classificação como Património. Defendemos também alguma inovação funcional mas sempre com o objectivo de manter e valorizar um Mercado de comércio tradicional de frescos.
Movimento Mercado Bom Sucesso Vivo, Porto, 15 de Agosto, 2011
Estão abertas as inscrições para um espaço de trabalho único e diferenciado situado em plena baixa do Porto. Munido de tecnologias CAD/CAM, o COWORK do OPO'Lab possibilitará aos seus residentes o acesso a máquinas como Fresadoras 3D e de Corte a Laser no desenvolvimento do seu trabalho. O trabalho dos futuros membros usufruirá de uma elevada visibilidade proporcionada pela visita ao espaço de um elevado número de pessoas em eventos pontuais como o GET SET Festival.
Inscrições: studio@opolab.com
Um muito interessante trabalho que José Lopes fez sobre esta temática em Lisboa. Por certo estendê-lo ao país seria excelente, seria necessário. Talvez socorrer-se dos censos, dos sites da Câmara e talvez das ainda muitas Juntas de Freguesia, seja possível fazer um aqui para o Porto, e depois pelo país fora. É dramático dar-se uma volta pelo Porto, que já não só no Centro/Centro, basta começar pelas redondezas da Rotunda da Boavista e ir andando até ao Centro e é tudo abandonado, tudo cimentado - janelas e portas, tudo devoluto. Parte até as Finanças deverão conhecer, dado informarem as Câmaras para estas poderem aumentar o IMI em habitações devolutas. Mas, sobretudo, seria necessário "um dia" aproveitar-se para pensar o que de mal todos fizemos, quando em vez de recuperar/restaurar, abandonámos as casas existentes para ir viver "em calma, em sossego" nas periferias. Hoje não temos sossego em lado algum e temos abandono por todo o lado. Bom trabalho, o primeiro já feito para Lisboa.
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Nós que tanto gostamos de ver pontes a atravessar rios neste nosso país - quase como era, em tempos recentes, fazer rotundas em tudo que era cidade - no nosso Rio Douro já temos algumas, se bem que não as suficientes. E sem dúvida que necessitaríamos de mais uma - que não será feita na próxima década - provavelmente à cota baixa - não exagerada - que unisse as duas margens, em frente a D. Pedro V, da parte do Porto, sendo que da parte de Gaia já será mais complicado, dado estar lá a nascer mais "um prédio novo, ou um novo prédio"! Mas depois faz-se um desvio...
Bem, voltando às pontes que já temos, continua a ser espantoso ninguém querer fazer turismo com uma obra excelente que é a Ponte D. Maria, e havendo nestes meses de Julho e Agosto tantos turistas junto às "ribeiras" de Porto e de Gaia - ainda não são uma única cidade, o que é pena, ninguém quer dar uso àquela ponte. E nós, estamos cá todo o ano, poderíamos ter mais um local a beneficiar-nos. Foi, repensada, tantas vezes, como pedonal, como passeio entre as duas margens, mas como "está lá mais para diante" assim vai ficar, como tantas, tantas obras de arte e de História que temos ao abandono neste nosso País.
E fala-se em Fado, deixemo-nos de Fado, esqueçamo-lo, bem como às suas lamúrias, saudades e tristezas, e agarremos ao que de memorável temos, ao que existe, e que deve ser aproveitado, conservado e melhorado. E se em tempo os "ricos" eram os americanos, que tudo a todos compravam, coitados, hoje estão tão mal como nós, europeus, logo esses já não irão ter dinheiro para a comprar e para a América levar - ainda a Ponte de D. Maria, no Rio Douro, entre Gaia e Porto, como foram fazendo - pelo mundo fora, nomeadamente com uma Ponte em Londres, e não só - dado só terem de história pouco mais de 200 anos, aproveitavam a dos outros... Mas os chineses, esses ainda têm dinheiro, apesar de também terem muita história, talvez nos comprem a ponte e a plantem lá, e lhe dêem proveito, uso. Isto, se nós cá nada quisermos fazer, e se andarmos ainda hoje a gastar dinheiro em projectos passageiros, em vez de agarrarmos o que tem valor e perdura. E a Ponte D. Maria corre o risco de cair, magoar muita gente, e perder-se para sempre, se nada for feito.
Augusto Küttner de Magalhães