2009-02-22
Mais um edifício, de alvenarias autoportantes de granito, vigamento de madeira, divisória em tabique e telhado de madeira também. Situa-se no centro histórico, 3 habitações, 1 comércio tradicional, 2 famílias carenciadas, 1 das quais com 2 crianças. O tipo de intervenção já conhecem, mantém-se os vigamentos, que até ver apresentam boa consistência e entrega, mantém-se escadaria no mesmo local, embora com substituição parcial de vigamentos e substituição integral de espelhos, degraus e roda pés. De resto tudo novo, reordenação de espaços interiores e ligação dos compartimentos através de um dos patamares da escadaria. Esta é um obra a ser feita com cuidados redobrados, já que gemina com um edifício que ameaça ruína iminente das águas furtadas.
As novas rendas dos T2 rondarão os 125€/150€ por fracção, é uma obra comparticipada, os inquilinos foram realojados pela CMP, um dos agregados terá apoio por parte da segurança social para pagamento de renda que originalmente era de 17,50€.
E assim chegamos à gota nº 18, já passamos por Campanhã, Massarelos, Cedofeita, Mártires, Costa Cabral, Carvalhido, Alegria, Bonfim, Santa Catarina, Boavista, Foz, Álvares Cabral, Carlos Alberto, Arca d'Água, Centro Histórico, umas melhores, outras piores, com bons donos de obra e donos de obra completamente dependentes da banca e do Estado, com inquilinos que choram por serem aumentados 50€ e viverem com 210€, com outros que equipam as casas de bom e do melhor, oferecendo as mobílias antigas, com rendas condicionadas e algumas rendas livres, sempre com poucas crianças, e o copo continua vazio tal é o seu diâmetro, não se nota absolutamente nada, como se a reabilitação fosse um utilitário a tentar competir com um Porsche que nos leva 5 voltas de avanço...
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CPAS
Aqui ficam as minhas notas em relação à intervenção de Helena Roseta no dia 21-fev-2008 no fórum "Onde vais cidade?".
Na altura gravei as intervenções de todos mas a qualidade da gravação ficou muito má pelo que não vou conseguir disponibilizá-la. Sendo assim transcrevi 2 partes da intervenção que me pareceram bastante interessantes.
Sobre a organização dos movimentos de cidadãos
"(...)Estamos a tentar reestruturar-nos para podermos ir novamente a jogo, [porque] os movimentos de cidadãos quando vão a jogo uma vez acabou, para a próxima temos que voltar a recolher assinaturas, voltar a fazer o processo todo outra vez, portanto é outro grupo de cidadãos, se calhar já não serão as mesmas 5000 pessoas que assinam, é preciso fazer tudo outra vez. Estamos nessa fase.(...)"
Sobre o dia-a-dia na Assembleia Municipal e o processo de decisão
"(...) Temos tido alguma dificuldade de pensarmos como é que nos organizamos dentro da Câmara, tem sido uma perturbação muito grande porque nós não nos organizamos como um partido e não somos [um partido], não sendo um partido não recebemos instruções de ninguém... Como é que a gente decide? Temos uma espécie de geometria variável isto é, as coisas mais simples decidimos entre os que lá estão, os dois vereadores, os vereadores e os assessores, fazemos reuniões todas as semanas (...) Depois há coisas que nós não fazemos a mínima ideia como é que havemos de votar porque são assuntos altamente complexos, a gestão da cidade é complexa, não temos nenhum histórico, não temos nenhuma promessa, isso não estava no nosso programa como é que a gente vota? Então aí estamos mais ou menos a trabalhar esta ideia: não temos disciplina mas temos um dever, que é uma auto-disciplina, que é o dever de audição. Então quando não sabemos o que havemos de fazer porque não temos orientação prévia fazemos um colóquio convocando as pessoas (...) para falar da matéria e poder dali tirar um pouco um consenso, uma orientação. Quando não temos tempo para fazer isto pelo menos falamos a três ou quatro pessoas que saibam da matéria, não interessa nada de que partido seja desde que sejam especialistas que saibam da matéria.(...)"
Outras notas:
- - cidadaosporlisboa.org
- - gestão da cidade é complexa
- - há coisas que não se sabe como votar
- - temos (os dois deputados da Assembleia Municipal dos Cidadãos por Lisboa) o dever de audição => colóquios, especialistas
- - como organizar movimentos?
- - quais as alternativas ao actual paradigma hierárquico na organização deste tipo de estruturas (partidárias e semelhantes) => geometria variável
- - programa local de habitação
- - habitação - quando os juros eram altos o apoio do Estado resumia-se a juros bonificados, com os juros baixos os apoios quase acabaram
- - triângulo habitação - espaços públicos - mobilidade => inspirado em Fernández Guel, José Miguel. Planificación estratégica de ciudades.
- - a partir do mapa com a idade do edificado existente => descobrir oportunidades; saber quais as áreas que vão ficar disponíveis
- - o stock de casas devolutas inclui casas recuperáveis mas há também um stock a abater => seja porque não há possibilidade técnica/financeira de as recuperar ou porque simplesmente as condições que oferecem (por exemplo dimensões) já não fazem sentido nos dias de hoje
- - Lisboa => 100.000 (1/5) são inquilinos da Câmara
- - entre 1991/2001 o município investiu em habitação 1.135M€ o que compara com a saída de 100.000 pessoas da cidade
- - carências sócio-urbanísticas da cidade
"Na área do ensino, há 12 freguesias de Lisboa sem qualquer creche pública e, para atingir uma taxa média de cobertura de 50 por cento, o concelho de Lisboa precisaria de 74 novas creches."
"A Alta de Lisboa, uma das zonas de maior expansão da cidade, que recebeu após 2001 mais de 10.000 habitantes e onde poderão ainda viver mais cerca de 40.000 pessoas, é servida por instalações de saúde provisórias, em duas lojas." - - relação arrendamento / casa própria => é essencialmente na periferia da cidade (embora ainda dentro) e são principalmente os jovens que são proprietários simplesmente porque foram os últimos a chegar a um mercado de arrendamento escasso.
- - sobre a crise: triplicou o número de pessoas que precisa de apoio para alimentação
- - grandes opções políticas do solo
- - criar fundo municipal de urbanização previsto na lei dos solos
- - regularizar o património fundiário municipal => há equipamentos / terrenos que não estão registados => só depois pode ser posto online
- - reabilitação - desemprego - formação profissional => porque as competências para a reabilitação são diferentes das competências para construção de raiz.
- - casas vazias - jovens - renda apoiada => já existem seguros de rendas, poderiam ser ampliados
- - acupunctura urbana => condições conforto - mobilidade - conforto térmico
- - hipotecas - banca (moratórias) - gabinete aconselhamento
- - expandir o programa recria para inquilinos
Frimpong é um urso de peluche, viajante inveterado. Já viajou por numerosos países de vários continentes. No entanto nunca tinha estado em Portugal! Para suprir esta lacuna imperdoável esteve durante o mês de Dezembro e início de Janeiro no Porto e Norte de Portugal. Fui o seu “anfitrião” durante este período e as suas recordações fotográficas do Porto podem ser vistas em Frimpong in Portugal. Deixem um comentário se gostarem!
Os meus cumprimentos
José Paulo Andrade
P.S. As outras viagens e a história de Frimpong pode ser lida (e vista) em Frimpong the Travelling Bear
A propósito da “informação” publicada no blogue do chefe do gabinete de imprensa do presidente da CMP, onde se diz "Foram hoje totalmente concluídas as obras de reabilitação das ruas de Miguel Bombarda e Boa Nova.", algumas considerações.
Desde há mais de 10 anos que se espera que a Miguel Bombarda seja pedonal. Por razões várias, o projecto sempre foi adiado.
O pedaço de rua ontem inaugurado corresponde a uns 150 metros, desde a entrada em frente ao Palácio de Cristal (Rua da Boa Nova) até à galeria Fernando Santos, no 1º cruzamento que a Miguel Bombarda encontra do lado poente. Será equivalente a qualquer coisa como um sexto da extensão da rua, o naco que foi agora pedonalizado. Corresponde também à parte mais bonita desta rua que é especialmente desinteressante enquanto espaço construído.
É um exemplo do que deveria ser feito.
É um exemplo de como se mente de forma descarada e deliberada: o português sorrateiro utilizado não permite acusar o blogue do edil de estar a faltar à verdade, apenas de estar a usar de má fé, promovendo, pela construção frásica e pela escolha das fotografias, a ideia absolutamente falsa de que finalmente a Miguel Bombarda é pedonal e que muito mais coisas vão ali acontecer agora que tem um pavimento com "sete desenhos artísticos".
Não é um gesto de um energúmeno, antes uma manifestação infâmia destes senhores.
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nuno casimiro
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Nota de TAF: sobre este assunto, no Público hoje - "Entregue aos peões? Nem por isso. Ontem, ao início da tarde, (...) também já lá estavam vários veículos aparcados, ao ponto de a chegada de um carro da Câmara do Porto, com polícias municipais que ali foram fiscalizar uma obra particular, ter entupido completamente a rua, com três viaturas estacionadas a par."
Muitos gostam de dizer que são os empresários e as empresas que produzem riqueza. Não é totalmente verdade, nem é sequer essencialmente a verdade. A verdade é esta: quem produz riqueza é a sociedade no seu conjunto para a qual concorrem as suas várias partes. Umas mais do que outras. Entre as partes que mais concorrem para a produção de riqueza estão obviamente as empresas e os empresários. Mas convém não esquecer que estes retiram recursos da sociedade e nesse preciso momento contraem obrigações para com ela. A sociedade remunera estas partes de modo diferenciado consoante o seu contributo e mérito para a produção de riqueza. De todas as partes envolvidas, é o Estado, no nosso caso, aquele que menos merece a retribuição que obtém.
Em conjunturas como a actual, as partes mais bem remuneradas pela sociedade nos tempos de abundância contraem obrigações especiais às quais não podem furtar-se sob pena da sociedade ter de repensar as normas do seu funcionamento. Convém não esquecer que o direito à propriedade dos bens de produção de riqueza não é um direito divino mas sim uma concessão que o corpo social faz a alguns dos seus membros. Se estes não cumprem as suas obrigações então a sociedade terá de repensar algumas normas como a da propriedade e talvez retirá-la aos seus detentores socializando-a.
A Corticeira Amorim é uma empresa lucrativa que nos últimos dois anos obteve cerca de 30 milhões de euros de lucros. Ao que parece arrecadou também alguns milhões de euros em subsídios (dinheiro dos contribuintes portugueses e europeus entre o qual está algum meu). À primeira previsão de dificuldades (notem bem: apenas previsão) despede. Os despedidos, trabalhadores que durante décadas contribuíram para o acumular de riqueza do homem mais rico do país, que pouco mais ganham que o salário mínimo, levarão como indemnização uma verba certamente bastante inferior àquilo que custará o próximo automóvel dos administradores.
Podem ler mais sobre o assunto nos apontadores seguintes:
- Homem mais rico do país também está a despedir
- Corticeira Amorim: «Fomos obrigados a fazer despedimentos»
- Corticeira Amorim - A razão dos 193 despedimentos
- PCP indignado com despedimentos na Corticeira Amorim
- BE acusa Amorim de despedir após «milhões em subsídios»
Como diz um amigo meu "Só é burro quem é sério". Actualmente vivemos numa sociedade onde o “Chico-espertismo” tomou conta do dia a dia do comum dos mortais. Vivemos com medo, receio e mesmo assim a cumprir com as exigências de um Governo que diminui os empresários e dá-lhes a “Cruz” de carregar o futuro de um País “Pidesco” onde associações jogam ao sabor do vento.
Também é verdade que qualquer coisa que acontece descarregamos no Estado. “A minha casa não serve, de quem é a culpa? Do Estado”. “Se o meu filho se droga. De quem é a culpa? Do Estado”. “Se quero um plasma e não tenho. De quem é a culpa? Do Estado”. “Se quero emprego e não encontro. De quem é a culpa?” Já sabemos a resposta…
Muitas vezes assumimos que não conseguimos fazer mais e melhor. Muitas vezes não conseguimos mesmo porque existe um conjunto de valores, pelos quais ainda nos regemos, que de nada servem, e pagamos para tudo e mais alguma coisa. Temos associações, observatórios, entidades privadas e governamentais constituídos por “intelectuais precários” que não conseguem dar o mote de saída para um País equilibrado, com esperança de um futuro melhor.
Temos de reclamar, temos de nos indignar. A continuar assim, vamos todos presos por nos valermos da liberdade de expressão e pela honestidade com que actuamos.
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Ana Luz
Também não entendo, e espanto-me de facto, como se pode acusar empresários que “despedem quando têm lucros”, mas o empresário não pode despedir? Não pode ter objectivos de lucro, só despede quando estiver na falência, é isso que é permitido? E o povo, porque é que o povo se vitimiza, e se revolta contra o empresário e não pede explicações sobre casos como o Freeport, o BPN, o BPP, os projectos PIN, Vale de Sousa, a CGD a financiar bolsistas quando despeja em Vila Nova de Gaia famílias que não podem pagar um T1. Afinal o que quer o povo? Está desempregado e seria de esperar outra coisa? Os empresários agora são os que têm de sustentar isto? Fazer caridade, mas 2 vezes?! Então as empresas já não pagam para a redistribuição de rendimentos? Era só disto que falava, como pode o povo julgar e exigir do empresário e não julgar a conduta do Governo, enquanto se voltarem contra o investidor a crise continua.
Mas pronto, ok sou mais jovem tenho que condescender perante V., não há corrupção, mas não subornar implica o triplo ou quádruplo do trabalho, e a maioria dos crápulas dos empresários, veja-se bem, desistem, vão à sua vidinha, e porque será? Então não estão dispostos a trabalhar o triplo, para receber o que recebe um crápula que suborna? Oh que fracos que são os empresários portugueses, não assumem o desgaste, já se sabe que a situação não é justa, mas a obrigação deles é continuar e sem despedir, lembrem-se, sem despedir. E principalmente sem nunca abrirem a boca sobre corrupção, porque há que proteger a imagem, nem sequer admitir que mesmo que não seja na sua empresa há outras bem maiores que a sua que usam da corrupção, porque isso da corrupção é coisa de país de 3º mundo, aqui em Portugal no máximo dos máximos existe concorrência desleal. Corrupção nunca, se a houvesse há muito que as grandes instituições teriam tratado disso, ou elas ou o Senhor Presidente da República.
Meus Caros,
A facilidade com que se julga, por grosso, um grupo de pessoas é inversamente proporcional à qualidade desse juízo. Porque não há, felizmente, empresários todos iguais, como não há políticos todos iguais, nem escritores em blogues todos iguais. Devemos julgar os actos praticados, mas evitar classificações definitivas, porque senão as pessoas nunca podem mudar para melhor. Isto é válido para toda a gente, mas especialmente para os que acreditam na doutrina do Perdão (sim, Tiago, é contigo eheh).
Em todas as áreas de actividade humana há gente que não desiste de fazer as coisas bem, há gente que não se cala para evitar desagradar a alguém quando sente que é importante não calar alguma situação, e há gente que procura sistematicamente fazer melhor aquilo que é suposto fazer. O que é mais difícil, e aqui no blogue isso é claro, é percebermos como conciliamos as nossas diferentes facetas. Porque todos nós somos várias coisas ao mesmo tempo, e a articulação dessas facetas nem sempre é pacífica.
Eu sou empresário, promotor imobiliário, morador no Centro Histórico, Liberal, Pai, Filho e mais uma dúzia de coisas que me caracterizam neste momento. Não corrompo ninguém, cumpro as regras legais todas, incluindo pagar todos os impostos, tenho o triplo do trabalho de toda a gente a escolher os prestadores de serviços que comigo desenvolvem pontualmente a sua actividade, seleccionei as pessoas que trabalham na minha empresa por critérios objectivos de competência, participo activamente na discussão dos temas que me importam como cidadão e enquanto morador em Miragaia, não deixo que sejam os outros a definir por mim as coisas que considero essenciais, o que implica que tenho que trabalhar mais e melhor para conseguir que isso assim seja, não paro a minha busca de formas melhores de fazer o que faço, envolvo-me nas associações profissionais que considero que fazem sentido, trabalho das 9h30 às 18h00, e acho que não faço mais do que a minha obrigação.
Cada um de nós pode fazer sempre bem mais do que dizer mal e queixar-se do mundo. As coisas depende muito mais de nós, individualmente considerados, do que a nossa preguiça costuma permitir que se reconheça. Claro que se acharmos que nada podemos fazer porque a tarefa de melhorar as coisas é homérica, resta-nos resmungar, encolher os ombros e ir à nossa vidinha, ou seja, fazermos tudo da maneira em que não acreditamos e que contribui decisivamente para que o mundo não seja como queremos. O maior dos pecados, nesta matéria, é mesmo o pecado da omissão.
Francisco Rocha Antunes
"Será que a opinião pública que maltrata, que desonra os empresários, investidores e empreendedores deste país, entende que não é possível ser empresário em Portugal sem corromper? Que podem passar vários anos, mas que à medida que os investimentos e as empresas crescem o sistema lhe aponta guias e o empresário ou corrompe, ou se deixa corromper, ou então fecha; e que na crise aumentam fiscalizações, tributações e o mais que possam inventar tudo nesse sentido? E quem diz o empresário diz também o político que inocentemente ainda se possa titular por rigoroso e acima dos interesses."
Espantoso! E não se revoltam? Porque não se juntam todos e se apresentam no senhor presidente da república? Ou também acham que o PR é corrupto e não vale a pena? E as associações empresariais o que fazem? Também acham que tudo isso é só "um bocadinho vergonhoso"? Será que também se identificam com as negociatas do banco público com os empresários do regime e vão ficar caladas?
Não vale a pena vitimizarem-se e generalizar. Ninguém aqui o fez. Antes pelo contrário: foi realçado um exemplo positivo em contraste com os negativos.
... vai haver novidades da CCDR-N sobre apoios à regeneração urbana. Aguardemos.
PS - uma outra novidade há muito aguardada: Foram hoje totalmente concluídas as obras de reabilitação das ruas de Miguel Bombarda e Boa Nova
Hoje é um dia em que todos nos devemos sentir profundamente orgulhosos: depois de já ter sido galardoado com os prémios Mies van der Rohe, Pritzker e Alvar Aalto, o arquitecto Álvaro Siza vai receber a maior distinção do Royal Institute of British Architects (RIBA).
Eu tive a felicidade e o privilégio de o ter como professor no 3º ano da faculdade (1976/1977), data que assinala o seu ingresso na ESBAP (actual FAUP). Todos os adjectivos são insuficientes para descrever o fascínio das suas aulas, às quais até mesmo os outros professores faziam questão de assistir.
Diz o ditado que ninguém é profeta na sua terra… De facto, Álvaro Siza só viria a tornar-se uma figura mediática uns anos mais tarde quando o Eng. Nuno Abecassis, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, lhe confiou a reconstrução do Chiado, após o violento incêndio ocorrido em Agosto de 1988. Infelizmente, o grande público tem alguma dificuldade em reconhecer o génio deste homem. Isto para não falar do vereador Sá Fernandes, que considera os seus edifícios horrendos. Enfim, hoje é dia de festa, por isso não vale a pena falar de coisas (pessoas) tristes.
Termino, dirigindo-me ao Arq. Siza, com as mesmas palavras que Mário de Sá-Carneiro dedicou a Fernando Pessoa: não imagina o quanto lhe agradeço o simples facto de existir.
Pedro Aroso
Será que a opinião pública, que tanto enxovalha os empresários deste país, considera que os empresários corrompem por prazer? Que têm gosto em despender 2% ou 5% conforme os seus projectos para pagar a um sistema criado para o efeito, gasto este que não é registado, que não fica titulado como prejuízo, gasto que pode inclusive originar outros gastos por incumprimento com o dito sistema, terá o empresário gosto nisto?
Será que a opinião pública acha que o empresário que emprega se congratula a verificar quem ganhou concursos públicos e a tentar trabalhar para esses vencedores, que pagam uma miséria aos subcontratos, que fecham os olhos às legalidades depois de terem recebido milhões?
Será que a opinião deste país percebe que o excesso de funcionalismo público é um exército do Governo que, enquanto existir e estiver satisfeito, não abre alas a mudanças ou revoluções que possam pôr em causa os seus lugarinhos e a corrupção continua?
Será que a opinião pública que tanto exige dos empresários e dos empreendedores percebe que não existe esquerda nem direita, que os elementos estão dispersos pelas diversas alas do sistema, para que nunca percam?
Será que a opinião pública que maltrata, que desonra os empresários, investidores e empreendedores deste país, entende que não é possível ser empresário em Portugal sem corromper? Que podem passar vários anos, mas que à medida que os investimentos e as empresas crescem o sistema lhe aponta guias e o empresário ou corrompe, ou se deixa corromper, ou então fecha; e que na crise aumentam fiscalizações, tributações e o mais que possam inventar tudo nesse sentido? E quem diz o empresário diz também o político que inocentemente ainda se possa titular por rigoroso e acima dos interesses.
Será que a opinião pública, tão arauta no seu saber, compreende que chegado a este ponto o empresário olha a equipa que tantos anos levou a formar e pensa que foi um esforço nulo, que ter equipa formada ou corromper é exactamente a mesma coisa, e portanto os trabalhadores não têm valor nenhum?
Essa opinião pública que vai vivendo de salários, que enquanto pagos não deixam adivinhar a crise. Essa opinião pública tantas vezes enganada pelos sindicatos, essa opinião pública que tolera, que considera normal a corrupção e que elege fechando os olhos, essa opinião pública que recebe com 2 pedras nas Finanças os empresários, essa opinião pública, mal esclarecida, cega, que acha que corromper é um acto legítimo do regime, acha que quem corrompe está rico e portanto são os empresários, não os que recebem milhões sem empreender e obrigam à corrupção, que devem pagar a crise deste país, tem alguma legitimidade para falar?
Essa opinião pública que há-de valer-se do Estado quando não houver crápulas. Até lá é insultá-los, crucificá-los se possível e ao fim a opinião pública deve mais uma vez aliar-se a sucessivos governos protegidos pelos investidores de grandes obras públicas e pelo exército de funcionalismo, e reclamar nas ruas que já não há crápulas dispostos a investir neste país.
Cristina Santos
Já há dias em Lisboa, no Continente do Vasco da Gama, tinha reparado num conjunto de trabalhadores, daqueles que fazem as arrumações das prateleiras e repõem os produtos, com uma idade manifestamente avançada para o habitual. A cena pareceu-me estranha; digamos que “esteticamente” incomum: as nossas memórias não registam muitas imagens destas naquele género de estabelecimentos onde os empregados de faixas etárias bem mais jovens são a maioria esmagadora. Não cogitei muito sobre o assunto. Os assuntos da minha vida privada absorviam totalmente o meu cérebro. Hoje, no Continente da Senhora da Hora, nova visão incomum me chamou a atenção: nas caixas pontificavam vários operadores com uma idade manifestamente invulgar para aquilo a que, pelo menos eu, estou habituado a identificar com a função. Estes trabalhadores tinham idades superiores aos 40 anos, alguns mesmo mais do que 50 anos de idade.
Mesmo que a Sonae tenha vantagens dadas pelo Estado para dar emprego a estas pessoas, nos tempos que correm, é um sinal claro de Responsabilidade Social Empresarial. Principalmente quando alguns crápulas (o adjectivo só pode ser este), a coberto da crise, despedem mesmo quando têm lucros.
António Alves
Não sendo propriamente o "Quem quer ser bilionário?", ainda que com algumas semelhanças em relação à sua contextualização e/ou enquadramento, o filme Bicicleta (mesmo sem qualquer Óscar) pode ajudar a fazer alguma coisa pelas Gentes do Aleixo.
Correia de Araújo
Aqui ficam as minhas notas em relação à intervenção de Pedro Figueiredo no dia 21-fev-2008 a no fórum "Onde vais cidade?"
- - Av. dos Aliados como espaço de exposição do que se produz culturalmente na cidade.
- - criação de rede nacional de cinemas (à semelhança da existente rede nacional de teatros)
- - Cinema Batalha como "sede" do cineclube (cinemateca?) do Porto
Posteriormente contactei o Pedro Figueiredo para ele me dar uma melhor ideia daquilo que pensa sobre a cidade e ele teve a amabilidade de me enviar um programa bastante completo de propostas que abordam as seguintes temáticas:
- - política de região
- - democracia directa
- - revolucionar a habitação social
- - habitação e renovação urbana
- - ocupação da cidade - equipamentos básicos
- - ocupação da cidade - transportes
- - ocupação da cidade - universidade
- - ocupação da cidade - cultura
- - ocupação da cidade - os mercados
- - ocupação da cidade - Av. Aliados
- - ocupação da cidade - espaço público
- - ocupação da cidade - jardins
No post de Pedro Menezes Simões de 19 do corrente, parece-me que a história não está bem contada: em 2004, nos 30 anos do 25 de Abril, a Câmara Municipal do Porto promoveu uma série de conferências sobre a efeméride, para o que muito democraticamente (ainda Rui Rio não tinha maioria absoluta…) convidou personalidades destacadas, de diversos quadrantes políticos, com ela relacionadas. No decorrer duma delas, a que assisti e que tinha o general Vasco Gonçalves como convidado, a questão foi levantada por um presente e, resumidamente, foi lembrado que a Sonae original, por ter como accionista principal um dos bancos então nacionalizados (bons tempos, em que o Estado o fazia e não era para salvar banqueiros incompetentes ou mesmo corruptos…), embora desfrutando de uma boa situação económica graças à situação de monopólio de que os produtos que fabricava detinham no mercado, foi por decreto governamental nacionalizada também. O que se seguiu e que envolve a tal greve, greve confessadamente exclusivamente política – é só consultar a entrevista a Belmiro de Azevedo ao Diário Económico de 20 de Março de 2003 – envolve a compra de acções que entretanto, estavam parcialmente nas mãos dos trabalhadores da empresa. No entanto, face ao encerramento da Bolsa, tais acções não podiam ser aí transaccionadas pelo que uma boa parte foi aliciada a vendê-las ao preço da uva mijona ao chefe da comissão de trabalhadores (e quem era ele, quem era?) que assim, e após outras voltas da vida envolvendo os herdeiros do proprietário original, ficou a deter a maioria do capital da empresa. Depois, a história seguiu o seu caminho, cheio de peripécias, estando, hoje, boa parte disto mais ou menos esquecida. Mas é bom preservar a memória para melhor poder entender o presente e preparar o futuro.
Ora, vem ao caso a distribuição de “Modelos de Referência” pela CMP por feitos de relevo que terão praticado, ora o corticeiro A, ora o engenheiro B, ora o gestor C. A minha pergunta é muito simples: quem (e com que critérios) escolheu os nomeados para estes “Óscares” à moda duma certa forma de ver o Porto? E está assegurado que Rui Rio não dará com os burrinhos na água como aquando das chaves da cidade recusadas por Manuel de Oliveira? Não seria mais adequado à difícil época por que passamos, de descalabro económico e social, já não digo ter a coragem de pôr os nomes aos bois mas, por exemplo, lembrar aos que tendo riqueza pessoal e sendo do Porto – e a outros que, não sendo tripeiros, aqui enriqueceram - a sua responsabilidade social e a das suas empresas? E as notícias do fiasco do shopping da Trindade? Se vai fechar e ficar ao abandono, tornando-se em mais um ponto negro da Baixa, porque não transformá-lo num hotel social (coisa inexistente em Portugal, mas já bastante comum noutros países, alguns deles até menos desenvolvidos que nós) para aí acomodar os sem abrigo já abundantes e outros que, infelizmente, tudo leva a crer, irão proliferar? É um repto a esses celebrados capitalistas que têm agora oportunidade de mostrar que não são tão insensíveis como muitos julgam. A Câmara do Porto faria bem melhor se se dedicasse a estas questões, que são as que estão na ordem do dia, em parceria com a tão badalada “sociedade civil” (o que é isso?) e até com a “sociedade militar” - porque não, se esta tiver vontade e meios para participar?
Meus caros, desta vez uma pergunta geral:
Será que vossas-mercês também têm este problemazinho de que quando seguem um link proposto no blog e este é do jornal Público online e querem voltar ao blog o dito jornal não despega e tem de se voltar aos favoritos e começar tudo de novo? Eu tenho e acho-o um poucochinho irritante especialmente quando vos leio no handheld. Ao TAF em especial: seria pedir muito que nos indicadores se indicasse também a fonte que eu assim evitaria estas andanças?
Abraços,
Alexandre Borges Gomes
Bruxelas
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Nota de TAF: A tecla "back" dos browsers recentes é multi-nível, ou seja, tem associado um menu "pull-down" onde se pode escolher o regresso directo para 2 páginas atrás, ou 3, ou 4... Isso resolve o problema. Outra alternativa é abrir os links num "Tab" novo (botão direito do rato) ou ainda copiar o endereço do link (também botão direito). Mostrar os endereços por extenso não é recomendável, porque eles são grandes e dificulta a leitura do resto do texto.
No passado dia 21-fev-2009 realizou-se o fórum Onde Vais Cidade. Um dos intervenientes foi José Machado de Castro que apresentou uma perspectiva histórica da habitação na cidade do Porto. Com a sua autorização aqui a fica a apresentação que foi mostrada. (ver abaixo)
Aqui ficam também as minhas notas em relação à sua intervenção.
- - habitação no Porto ou a cidade dos que são forçados a partir
- - entre 15000 / 20000 sem alojamento condigno
- - a partir de 2001 deixou de haver oferta pública de habitação
- - essa oferta poderia servir também como regulador do mercado
- - Prohabita foi projectado para realojar pessoas mas foi usado para recuperação
- - os pobres não têm direito a viver no centro da cidade
- - perspectiva histórica da habitação
- - ilhas - resposta específica da cidade do Porto
- - tuberculose => más condições de habitação
A propósito da questão da tuberculose numa rápida pesquisa no Google encontrei a referência ao seguinte trabalho "1903, A. Garrett, «Tuberculose e habitação no Porto»" em "Os bairros sociais no espaço urbano do Porto: 1901-1956".
- Moradores do Bairro do Aleixo vão ser actores e figurantes em longa-metragem portuguesa
- Metro: Linha B terá dois expressos por hora só a partir da Primavera
- Pedalar à noite, a moda europeia que ganha adeptos no Grande Porto
- Travessa de Cedofeita: A ruela esquecida da Baixa que se tornou num novo centro nocturno do Porto
- Teixeira Lopes quer plataforma para autárquicas no Porto
- Bispo do Porto apela a vida com menos gastos (com vídeo)
- Novo grupo contesta privados a gerir Bolhão
- Rendas: Proprietários propõem Sociedade Pública de Aluguer
- Requalificação urbana e melhoria do transporte público - "A requalificação urbana, a melhoria do transporte público e a consequente diminuição do uso do automóvel seriam dois excelentes investimentos que permitiriam reduzir o consumo de energia e a criação imediata de novos postos de trabalho e com futuro garantido." - sugestão de Rui Rodrigues
- Para onde foram 14 mil milhões de euros? - "Estão a tirar-nos dinheiro?" - sugestão de Correia de Araújo