De: Pedro Lessa - "Planos"
Considero que a questão dos Planos que Tiago Cortez refere é absolutamente essencial num país moderno, organizado e civilizado.
Como já há muito tempo tenho referido, o grande problema das nossas cidades, do país inteiro, aliás, é a falta de Planos. Já começa a ser um tradição a falta destes. E não me refiro só a Planos Urbanísticos mas também à total ausência de Planeamento em todas as suas vertentes. Seja na Saúde, na Educação, seja em todas actividades em que a falta do mesmo é gritante. E, quando existe algum, é feito de forma errada e medíocre. Um verdadeiro atentado às regras básicas de desenvolvimento. Posso dar o exemplo da Linha Amarela do Metro do Porto, que foi pensada e planeada (lá está, mal feito) para uma capacidade de alguns milhões de utilizadores para não sei quantos anos e já ultrapassou tudo e encontrando-se já saturada (peço desculpa pela falta de informação, mas já não tenho presente os números).
Em Portugal, pura e simplesmente não se faz Planeamento, nem Planos. Bem sustentados, claro. E os que se fazem são modificados descaradamente, como por exemplo os PDMs, onde são permitidas a posteriori as mais escandalosas arbitrariedades e alterações, para tentar legalizar o que era ilegal (p.ex. shopping Bom Sucesso).
Já aqui indiquei vários exemplos de Planeamento bem feito na Europa, como por exemplo em Paris com o Haussman, em Barcelona com o Plano Cerdan, e os ingleses que são mestres em Planeamento, onde se era necessário demolir meia cidade, demolia-se. E não é de agora, é do início do século. Mas não deste, é do outro, do XIX. É só fazer contas ao nosso atraso.
Cá no Porto também existiu uma tentativa com o Plano Auzelle (penso que era a este que se referia, Tiago Cortez) mas como sempre todas as intenções dos técnicos são cerceadas pelo nosso famoso poder político. Alguns talvez não saberão que por exemplo a rua de Diogo Botelho foi planeada precisamente por Auzelle, e que se prolongaria depois da Praça do Império, atravessando o Parque da Cidade para passar exactamente à frente da Câmara de Matosinhos. Isto sim, era Planeamento, era pensar cidade, inclusive interligando cidades diferentes.
Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa.
pedrolessa@a2mais.com