De: F. Rocha Antunes - "Serviços comuns voluntários"
Caro Pedro Lessa
Concordo consigo que não são apenas os comerciantes que têm culpa. E podemos fazer a distribuição das culpas sem que ninguém se fique a rir. Também concordo que o nível de limpeza das ruas deixa muito a desejar, não percebendo como pretende a Câmara cumprir a sua parte do Masterplan gerindo os serviços camarários desta forma. A questão que quis colocar foi outra, mas não me soube explicar. Vou tentar de outra forma.
A nossa noção de coisa comum é muito limitada, mesmo quando é do nosso interesse. Li algures que é do pânico de sermos tomados por lorpas, aparentemente a pior coisa que pode acontecer a um português. Mas eu não penso assim, e não tenho esse medo.
Concretizando, e utilizando o seu exemplo, há imensas coisas que podemos fazer sem esperar que alguém venha resolver por nós e estamos sempre à espera que outros o façam. Nada impede que um conjunto de comerciantes ou moradores organize ou contrate níveis adicionais de limpeza, se isso lhes for vantajoso. Pode perfeitamente exigir-se à Câmara o cumprimento dos níveis mínimos de limpeza e complementar com um esforço adicional, como aliás vários comerciantes sempre fizeram mas de forma isolada ao lavarem e varrerem a parte da rua ou do passeio em frente da sua loja.
No caso do estacionamento o exemplo é corrente: qualquer comerciante pode negociar com o parque da sua área de influência um pacote de horas que distribui aos seus clientes. Há muitas lojas a fazerem isso com sucesso.
Se bem me recordo foi o Pedro que falou aqui num caso que eu conheço bem, o Santos Design District, uma associação voluntária de alguns lojistas de equipamento para casa de uma zona específica de Lisboa que é um excelente exemplo do que eu quis dizer.
Por exemplo, custava alguma coisa aos donos do café Piolho e das restantes esplanadas à volta organizarem uma limpeza suplementar para as esplanadas depois das noites de verão? Não percebem que deixar centenas de copos de plástico vazios no chão é um problema de todos mas sobretudo um problema deles e para eles?
Há muita coisa que todos podemos fazer, e o Porto e a Baixa precisam muito que todos façamos esse esforço suplementar.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário