De: Pedro Figueiredo - "Becky & Stace vs. Taker"

Submetido por taf em Domingo, 2012-11-18 00:40

Cinema Batalha
fotografia: Francisco Restivo

«Desta vez, ladies and gentleman, quem ganhará? - Deste lado a dupla “Becky & Stace”. Do outro ”Taker”, ambos decididos a pintar com tags as paredes de mais um belíssimo edifício a que a estupidez pública e privada condenou à ruína… ”IGESPAR, o classificador” ou “Neves & Pascaud, o proprietário”?»

O IGESPAR classificou finalmente (este mês) de património este belíssimo edifício do Arq.º Artur Andrade (1º presidente da Câmara pós 25 de Abril). Sabemos o que valem as classificações do IGESPAR… São inclassificáveis, algumas destas classificações. Neste caso, o IGESPAR esperou que o edifício ficasse devoluto para o “classificar” (“olhá-bela-ruína, quem quer? É a cem, freguesa!”)… No caso do Mercado do Bom Sucesso, não obstante o edifício ter o seu interior classificado (claro: um edifício é in e out em simultâneo), bem como o seu uso de “mercado”, o IGESPAR fechou os olhos à sua própria classificação e “vendeu-o” para hotel, shopping e, pasme-se, sede da Fundação Eng.º António Mota… Não fosse a Mota Engil ficar com a sua fundação – coitados – acampada num olho de uma rua qualquer e sem a sua sede… O “caso” do Cinema Batalha é também uma dor imensa. O seu dono é privado, mas posiciona-se de má-fé face à imposição do IGESPAR de obrigar a que o seu uso permaneça cultural…

O Privado, neste caso, julgo que partilha da aberração ideológica que é o PSD no poder municipal e central: direita absolutamente reaccionária, completa e absolutamente “anti-cinema” e que acabou com todo e qualquer apoio público ao dito cinema português – premiado lá fora e cá dentro – e nem Cinemateca do Porto, nem cineclube. Nada. Tudo a emigrar. O Governo, inclusivamente, impede actualmente a Cinemateca de Lisboa (que não usa um único fundo público) de usar o seu próprio orçamento…(???). “Sempre que ouvem falar em cinema, puxam da máquina de calcular”… ou nem isso pelos vistos, é puro primarimo e barbárie. Dentro do “Privado”, a empresa proprietária tem mil hipóteses de, inteligentemente, investir em parcerias para manter o Batalha, Batalha e o Cinema, Cinema… Qualquer pessoa não inteligente vai falar com quem sabe, dialoga com Serralves, com a Regina Guimarães, com o Manoel de Oliveira, com os inúmeros Cineastas Portugueses, com a Cinemateca de Lisboa e com a Cinemateca do Porto que não existe e com o CineClube que quase-existe e não tem casa, com tanto cinema abandonado, meu deus… Dialoga com o TNS. João ali mesmo ao lado tentando arranjar um qualquer programa cultural e em rede que faça sentido ali e naquele edifício, semi-público, semi-privado, qualquer coisa que não seja a degradação que vai ali. Não fui eu que já gastei 1 milhão de euros naquela reabilitação, que agora se arruína outra vez (ridículo)…

Que se ponham a toques, os proprietários… porque o meu plano Bê para quem não cuida do seu património é confiscá-lo a favor do Estado, nacionalizando-o sem dó nem piedade (“quem não recupera o que é seu, deixe o lugar a outros que se obriguem a fazê-lo”). O plano Cê é a okupação coerciva. “Becky, Stace e Taker” já começaram a sua parte… falta tocar a reunir, por exemplo, a malta da Fontinha e fazer daquele lugar uma nova Es.Col.A, era uma bela hipótese… Qualquer coisa menos esta podridão - que já vi turistas estrangeiros a fotografar. Que belos recuerdos do Porto que nos envergonham. “Quem não cuida do que é seu…” O direito à propriedade não é uma vaca Sagrada, contra tudo e contra todos. Em tempos escrevi isto e partilhei estas fotos com A Baixa do Porto.