De: João C. Costa - "Era preciso ver-se nesta aflição?"

Submetido por taf em Sexta, 2006-09-15 23:21

PSD acusa socialistas de travar linha da Boavista no JN de hoje.

Conforme seria previsível, a concretização desta decisão retira o tapete ao investimento que a CMP fez na requalificação de parte da Avenida da Boavista para o evento do Circuito da Boavista.

É compreensível a irritação, afinal tratou-se duma decisão cozinhada com a filosofia do "ovo no cu da galinha". Irritação até consigo próprio. Se fosse comigo era. Previsível como há cerca de um ano escrevi aqui num post n'A Baixa do Porto.

E sinceramente, aqui para nós, muito pouco imaginativa esta forma de financiamento para quem não gosta de gastar: afinal os exemplos alternativos de financiamento são tantos e com muito menos risco, porque é que agora o executivo da CMP se vê nesta situação? Também sou um grande apreciador dos clássicos e a história e tradição do Porto no desporto automóvel justificam na minha opinião plenamente a realização regular deste circuito. Mas esta minha opinião ainda reforça mais a condenação por esta forma de financiamento: com o sucesso que teve e se pretendíamos elevá-la ao nível dos circuitos europeus de clássicos teria sido assim tão difícil financiá-la doutra forma?

É cada vez mais claro para todos que o sucesso do Metro do Porto se deve em grande parte ao transporte nos movimentos pendulares de quem vive fora e trabalha no Porto e que são precisamente estes que dão sustentabilidade a todo o sistema levando a que o número de passageiros previstos para 2008 já tenha sido atingido há meses atrás. É cada vez mais claro que o estrangulamento do troço Senhora da Hora - Trindade não se vai resolver com uma meia-solução na Avenida da Boavista deixando os passageiros a mais de 300 metros da estação da Casa da Música e que, apesar do Metro ser chique, irá circular nesta linha com taxas de ocupação abaixo dos 40%. Esta questão sensível só poderá ser resolvida com uma linha alternativa que até poderá ser Matosinhos/ Senhora da Hora/ S. Mamede. Foi visível (e ainda é) o esforço completamente desmesurado, ao limite do incompreensível, na insistência na construção da linha da Boavista.

Era preciso ver-se agora nesta aflição?

João Carvalho e Costa
Eng.º Electrotécnico (seguindo o exemplo do nosso amigo Francisco)
joao.ccosta@oniduo.pt