De: Nuno Carvalho - "Resposta a TAF"
Resposta a TAF sobre este post.
1) O abandono do espaço era real? Era! O espaço era propriedade pública? Era! A CMP não cumpriu com a obrigação de manter e preservar um espaço de todas? Não! A CMP cumpriu com o único acordo realmente assinado com 2 representantes do Es.Col.A.? Não! O Es.Col.A. cumpriu, depois das primeiras conversações, com o estipulado no único acordo em vigor? Cumpriu!
2) É sempre sensato defender as ideias em que se acredita e quase obrigatório resistir quando nos querem impedir de as viver. Certamente que ninguém na Fontinha tinha a ilusão de que a polícia seria incapaz de efectivar o despejo. A resistência teve como objectivo demonstrar até que ponto aquelas pessoas acreditam no projecto construído e mostrar a disposição em defendê-lo contra qualquer tipo de agressão. Cobarde é virar as costas a uma agressão. A retirada pacífica do espaço é a renúncia à ideia.
3) O "tolinho" que se tentou imolar pelo fogo, fê-lo por iniciativa própria. Ninguém do colectivo do Es.Col.A. tinha conhecimento dessa decisão. Mas TAF, adjectivar alguém de tolinho por causa de uma situação de desespero é, no minímo, insultuoso. Haja moderação.
4) O projecto Es.Col.A. foi sempre autónomo, organizacional, logística e financeiramente falando. A antiga escola do Alto da Fontinha não é um edifício alheio. É património público. Segundo a Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 52º, ponto 3: "É conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de defesa dos interesses em causa, o direito de acção popular nos casos e termos previstos na lei, incluindo o direito de requerer para o lesado ou lesados a correspondente indemnização, nomeadamente para: b) Assegurar a defesa dos bens do Estado, das regiões autónomas e das autarquias locais". Não foi por acaso a escolha do bairro da Fontinha, esquecido pelas autoridades, para dinamizar este projecto. Certamente não faltarão bairros e comunidades na cidade com as mesmas características. Esperamos, sinceramente, que a moda pegue e que outros colectivos procurem criar projectos idênticos. Mas este, o Es.Col.A., é da, e para a Fontinha.
5) E quando não se considera democracia nenhuma o facto de se escolherem os senhores para nos (se) governarem durante 4 anos? E quando se acredita que há formas mais justas e "democráticas" para organizarmos as nossas próprias vidas? E quando as pessoas não querem tomar o poder mas sim torná-lo obsoleto, mostrando que há outras formas de organização e relação? E quando as "ferramentas da democracia" estão só ao serviço dos vários poderes, político, financeiro, e já não ao serviço das populações?
6) O problema na Fontinha é simplesmente a existência de um poder que não percebe, porque não sonha, com que caminhos se trilham os sonhos colectivos.