De: Cristina Santos - "Incentivar a reabilitação"
Segundo esta notícia do JN, a AICCOPN defende a necessidade de o governo criar um sistema de incentivos que apoie e motive a reabilitação urbana.
Na minha opinião, a par dos incentivos devem ser criadas regras que equilibrem o mercado, o problema da falta de investimento e de crédito nesta área deriva principalmente do desequilíbrio comercial entre proprietários e potenciais investidores.
1 - O proprietário ou vendedor exorbita o preço do imóvel, um prédio com preço exorbitante é obviamente mais difícil de vender. Atenda-se que tanto há exagero em prédio unifamiliar (80.000) ou multifamiliar (500.000). O exagero neste negócio é transversal. O cliente/investidor nem se atreve a apresentar proposta, parte do princípio que um prédio caro, que precisa de obras, só está ao alcance dos magnatas. O vendedor/proprietário tende também a desconsiderar as 2 ou 3 primeiras propostas, por sobreavaliar a sua propriedade. Com o tempo, o anúncio de venda cai da janela, o prédio degrada-se, perde valor, quanto mais tempo esta à venda, menos interesse suscita.
Apesar do erro ser grosseiro e evidente, a não ser resolvido, exige a intervenção do Estado através de regulação de novos cálculos de IMT para os prédios à venda há mais de 2 anos. A figura de "vendedor" imobiliário tem que ser efectivamente, substituída pelo promotor imobiliário. A regulação do IMOPPI não alterou a mentalidade, nem a formação. A aplicação prática destas duas medidas poderia ser da responsabilidades das Autarquias, principais interessadas na reabilitação e agentes próximos do problema.
2 - Numa região em que o emprego é precário, o desemprego sobe e as casas ficam em ruína, as autarquias deveriam propor ao Governo a regulamentação especial do crédito bonificado, para jovens que adquirissem uma casa devoluta para habitação própria ou permanente. Essa medida teria uma duração de 5 anos e resolvia dois problemas: condicionava a diversificação do mercado de oferta imobiliária e permitia que os jovens reocupassem o centro das cidades.
3 - O mercado tem que ser reajustado, está a abarrotar de habitações T3 com jacuzzi e lugar de garagem. Há que direccionar o mercado para a classe média, o caso SRU é uma excepção, num ano em que só nos circulam moedas espanholas nos bolsos, reabilitar prédios para tipologias pequenas e pedir 175.000 euros é excluir 55% do escasso mercado que ainda não comprou casa na Maia. Devemos reabilitar com o sentido da economia, as grandes empresas reabilitam prédios de alto rendimento, mas só as PME podem mudar o aspecto geral das nossas ruas, através do investimento dos particulares em moradias unifamiliares, bi-familiares, são estes investimentos que preenchem a malha entre os quarteirões e o resto da cidade.
E, já agora, modéstia à parte vou melhorar este texto e mandar ao Presidente da nossa Autarquia, para que caso ele ainda não tenha tido alguma destas ideias, delas possa dispor para pressionar o Sr. Engenheiro Socrates em benefício da nossa cidade.:-)
Quanto à questão do pavimento colocada pelo Francisco Rocha Antunes, há de facto um problema grave nesta tendência para o excesso de cinzento permeável que alcatifa as ruas da cidade, na minha modesta opinião, não há pior exemplo que a Rua 31 de Janeiro. Quanto à saída do túnel, devemos admitir que depois do tráfego pesado a que o Museu tem sido sujeito, convém tomar medidas de redução de trepidação e emissão de gases, nomeadamente reduzindo a velocidade e dificultando a capacidade de arranque dos veículos.
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Cristina Santos