De: José Sousa - "O negócio ruinoso do Aleixo"
Caro Tiago Azevedo Fernandes,
Há muito que leio o seu blog "A Baixa do Porto", pois como portuense interesso-me pelos assuntos da minha cidade, apesar de aí não viver. Nunca ousei escrever, mas julgo que esta é uma boa oportunidade para dizer algumas coisas, a propósito das notícias ontem publicadas sobre a detenção de Duarte Lima, Pedro Lima e das buscas domiciliárias a Vítor Raposo, que apenas não foi detido por se encontrar no estrangeiro.
Como todos sabem, Vítor Raposo será detentor de 60% do Fundo de Investimento Imobiliário constituído pela CMP para demolir o Aleixo. Aqueles que olham para o Aleixo apenas pelo gravíssimo problema que o caracteriza aplaudiram desde cedo a demolição, sem nunca questionar o ruinoso negócio para a cidade. Noutras situações, criaram-se movimentos de cidadãos - casos do Bolhão, do Bom Sucesso ou dos Jardins do Palácio de Cristal - que procuraram contrariar as decisões municipais. Mas no Aleixo o problema da criminalidade funcionou como um entrave à movimentação das massas, pois ninguém quis ou quer ficar com o anátema de defender esse bairro e os seus moradores.
Acontece que aquele valiosíssimo terreno será entregue de mão beijada a um "gang" que terá altíssimos dividendos à custa do patrimonio municipal, numa operação cujo financiamento é em tudo idêntico àquele que ocorreu em Oeiras. Para terminar, deixo-lhe aqui, em anexo, um artigo publicado em tempos na revista Sábado e transcrevo apenas uma pequena parte sobre Vítor Raposo, para depois deixar uma pergunta à sua consideração.
«(...) o filho de Duarte Lima é ainda vogal do conselho de administração da Dulivira, Investimenros Imobiliários, S.A., presidida por Vítor Igreja Raposo, o seu sócio no fundo Homeland, que também apresentou baixos rendimento ao Fisco por conta de outrem. Em 2007 foram 34.128 euros e, em 2008, 31.307 euros. Registada em Abril de 2005, a Dulivira tinha, no final de 2008, quase 10 milhões de euros de dívidas a terceiros, a médio e longo prazo e, um saldo líquido que acumulava prejuízos nos três anos, desde 2006: respectivamente 275 mil, 181 mil e outros 181 mil euros. No entanto, a Dulvira adquiriu, no final de 2005, terrenos com um forte potencial urbanístico em Vila Nova de Gaia. O negócio de 15 hectares envolveu 28 milhões de euros prevendo o contrato o direito de cedência da posição da empresa a um fundo imobiliário semelhante ao Homeland, desta vez gerido pela GESFIMO, Espírito Santo Irmãos - a mesma gestora que surgiu no ano passado [2009] associada a Vítor Raposo e à Câmara Municipal do Porto, no negócio de aquisição dos terrenos onde está hoje o degradado bairro do Aleixo.»
Como é possível que alguém, com tão parcos recursos, apareça à frente de 60% do Fundo Imobiliário do Aleixo? Aos portuenses apenas peço para que abram os olhos!
José Sousa
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Nota da TAF: Aproveito para lembrar alguns dados sobre o negócio do Aleixo que publiquei em 2008.