De: Rui Moreira - "SRU"
Meu caro Tiago,
acerca de alguma coisa que tem sido escrita no seu blog:
- Em primeiro lugar, e quanto ao meu mandato, perguntou-me o jornalista quando ele termina. Disse, e é verdade, que o mandato do actual Conselho de Administração termina em 31.12.2011. Os accionistas (o Estado, com 60% de participação através do IHRU, e a CMP com 40%) deverão definir e nomear o novo CA. Não entendo a surpresa, tanto mais que toda a gente sabe que a minha nomeação como Presidente Não Executivo se deveu à saída, a meio do mandato, do meu antecessor, Dr. Arlindo Cunha.
- Quanto ao investimento público, sempre defendi que ele deve ter prioridades, e que a reabilitação urbana é uma das maiores. Ver, a propósito, o que escrevi no meu livro 'Uma questão de Carácter', em que refiro a importância da reabilitação urbana, e refiro a necessidade de haver investimento público para compensar os danos causados no edificado da cidade pela absurda lei das rendas que temos. Foi a lei das rendas do Estado Novo que arruinou os nossos centros históricos.
- Criticar o investimento público faraónico, que contribuiu para o estado da Nação que se conhece, resulta também do facto de esse investimento público mau retirar fundos disponíveis, que bem melhor teriam sido utilizados em investimentos públicos bons. É o custo de oportunidade dos disparates que, de facto, foram alvo da minha crítica, como é o caso, por exemplo, do aeroporto da Ota, que tantos reclamavam ser imprescindível, e que não o é, como agora se comprova.
- Quanto ao Corpo da Guarda, investimento que precedeu como se sabe a minha nomeação, creio que muitas das críticas são injustas. Ainda assim, e esse é o aspecto mais importante deste meu email, queria pedir aos leitores do seu blog que consultassem esta página onde poderão inteirar-se sobre o que está em curso na Sé, e que provavelmente não conhecem porque é zona que se calhar não frequentam.
- Essa obra é muito emblemática, sofreu alguns atrasos porque foram feitas importantes descobertas arqueológicas que precisam de ser preservadas, mas está em marcha. A sua essência contrasta com alguns dos comentários que li.
- A comparação entre a reabilitação urbana no Porto e em Lisboa é ridícula. O modelo é diferente, como creio que toda a gente sabe. E o Porto está muito à frente, o que não gostaria que fosse entendido como uma afirmação bairrista, porque não o é. Se alguém ouviu a recente palestra na Exponor da Arquitecta Helena Roseta, ficará ciente de que essa é, também, a sua opinião.
- Quanto ao Estado da Arte, ou seja, quanto ao número de intervenções já realizadas, e quanto ao que está em curso, o site da Porto Vivo tem lá a informação que é necessária para fazer uma avaliação. A reabilitação urbana não decorre, apenas, das obras da Porto Vivo, e há muitos investidores privados, entre os quais os tradicionais senhorios, que têm reabilitado os seus edifícios.
- Finalmente, e ainda a propósito de comentários, ao Senhor Figueiredo que entende que eu sou um comentador, e como não sei o que mais ele faz na vida, gostaria de lhe chamar, também, comentador. Porque é isso que ele faz no blog do Tiago, o que não tem mal nenhum. Certamente fará qualquer outra coisa de mais útil, tal como eu tento fazer.
Um abraço do
Rui Moreira