De: Paulo Espinha - "Fusões 3"

Submetido por taf em Terça, 2006-08-22 16:38

A “União de Facto Metropolitana”

Caro Alexandre, concordo em absoluto! Há assuntos que não valem a pena! Desde a publicação há mais de 20 anos do Livro Branco sobre a Regionalização que está tudo escalpelizado. Para mim, antes de mais, o critério demográfico é “demolidor”. O que me leva a concordar com a fusão das 4 Freguesias e a discordar profundamente da junção dos concelhos do Grande Porto. Relativamente à primeira questão, aconselharia os residentes das 4 freguesias da Baixa do Porto a fazerem mais filhos e Rui Rio a ter sucesso, via SRU ou qualquer, a ter sucesso no repovoamento da Baixa. No limite é a única e última acção estratégica, até a nível planetário. Vejam bem como os chineses e os indianos, mais os brasileiros e os indonésios, se estão a posicionar para constituir a nova vaga renascentista. Nós, a Europa acomodada e envelhecida, vamos levar “porrada de criar bicho”. No que concerne à segunda questão, das duas uma, ou os autarcas assumem que estão em competição e então “é para valer” ou, pelo contrário, valorizam, por exemplo, a Junta Metropolitana e tomam a iniciativa, na prática, de efectivamente delegar/reposicionar competências, mesmo à revelia do enquadramento institucional. Assim, proponho uma União de Facto Metropolitana, onde, antes de haver casamento, se juntem os trapinhos, evitando divórcios desnecessários.

As “Não Questões”

Nós, o povo, somos constantemente martelados com manobras de diversão de forma a tornear os problemas estruturantes da nação, por vectores de sobrevivência pessoal e política dos nossos concidadãos que se dizem políticos, etc, etc, etc. Por exemplo, “o aborto”, “o protocolo de Estado”, “o protocolo dos subsídios camarários”, etc, etc, são questões fracturantes??? Vamos ver daqui até ao fim do ano que mais questões fracturantes vai o país inventar…
Verdadeiramente fracturantes deveriam ser os impostos, a qualidade dos sistemas de serviço público nacionais, o ordenamento do território e a mobilidade colectiva, o consumo energético e ambiental, os problemas de exclusão de Zygmunt Bauman e as redes sociais de Manuel Castells, etc…

A Democracia!

Transcrevo dois trechos de uma apresentação - “A Matemática, a Origem do Estado e o Significado da Democracia”, do Prof. Miguel Gouveia da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa.

Dificuldades nas Escolhas Públicas. Com a regra de Borda a adição de uma alternativa irrelevante causa(ou) uma mudança total na decisão e nas preferências sociais. A junção ou eliminação de alternativas transforma-se em estratégias para tentar manipular os resultados. A maioria simples, a regra de Borda, a pluralidade, a eliminação ou a aprovação também não funcionam bem. Haverá alguma regra de decisão social que funcione bem? Não!
Significado da Democracia. O Teorema de Arrow diz que não há regras de decisão perfeitas. Qualquer regra tem defeitos. Isso não significa inferioridade da democracia. Churchill: “A democracia é o pior dos sistemas; excepto todos os outros...” Logo não parece ser correcto equacionar a ideia de democracia com a ideia de uma regra de decisão colectiva específica, por exemplo maioria simples. Qual é então a essência da democracia? Talvez a de um regime político onde há uso sistemático de mecanismos que permitem a remoção pacífica de quem está no poder.

In Tardes Matemáticas - Sociedade Portuguesa de Matemática

Eu acrescentaria:

  • a) à luz das bases do liberalismo – que o Estado não subjugue o indivíduo,
  • b) à luz da história – o bem senso sempre prevalece, mesmo que à custa de milhões de mortos.

Paulo Espinha