De: António Alves - "Resposta completa ao José Silva"
Caro José Silva
A posição do MPN para a ferrovia é esta:
«Estabelecimento de uma estratégia regional para o transporte ferroviário, dando-lhe a importância que merece na economia. É necessário parar com a suspensão dos investimentos na ferrovia clássica e no metro do porto, para afunilar todo no meio TGV para Madrid, pois o investimento na ferrovia clássica de passageiros e mercadorias é estratégico para o futuro.
Restabelecimento da Linha do Tua na sua dimensão total como forma de dinamizar o turismo e a economia regional. Electrificação da linha do Douro até á Régua e modernização da linha do Minho até Vigo, de forma que permita velocidades elevadas. Esta será uma aposta que atrairá turismo de qualidade e diminuirá a desertificação do interior, reforçando a coesão nacional. Os custos dos transportes rodoviários vão subir continuadamente, prejudicando as exportações. A falta de transportes públicos no Norte, em especial de comboios e metropolitanos vai diminuir o rendimento disponível das famílias.»
Esta e outras propostas sobre vários temas podem ser encontradas nas nossas Linhas Programáticas. Quanto ao “TGV” para Vigo tenho ainda algumas considerações a fazer:
- 1) Todos nós, que discutimos estes assuntos há muitos anos, sabemos que por preguiça mental, desconhecimento técnico, ou outra razão qualquer, tudo o que seja construção de ferrovia moderna é atirado para o saco do “TGV”. É muito difícil fazer perceber a jornalistas, que por formação têm um espírito generalista, e público em geral as diferenças técnicas e de custo entre “alta velocidade”, “velocidade elevada”, bitola europeia e bitola ibérica. Justificar uma via ferroviária e passar a mensagem da sua bondade sem incluir no meio o acrónimo “TGV” é em Portugal uma tarefa hercúlea. Por essa razão até entre nós MPN há quem use o termo de modo a facilitar a mensagem.
- 2) O que o MPN propõe, como pode ser lido acima, é a modernização da Linha do Minho até Vigo. Esta modernização pode – e deve! – incluir novos troços de modo a ligar infra-estruturas estratégicas (Aeroporto), centros urbanos que hoje são mais relevantes (Braga), e constituir-se como via competitiva e alternativa sustentável ao tráfego de pessoas e mercadorias na Eurorregião Norte de Portugal-Galiza.
- 3) O MPN propõe que a construção desta via se faça através de uma empresa pública regional autónoma da tutela que reúna todos os organismos interessados. Não vejo qual é o problema nisto. Prefere o José Silva que seja construída em mais uma das malfadadas PPP’s que nos arruinaram? Nós no MPN não temos qualquer preconceito ideológico contra as empresas públicas ou privadas. Ambas têm o seu papel importantíssimo no tecido económico de qualquer país desenvolvido e solidário. O problema das empresas públicas, e sejamos justos de muitas privadas também, é a corrupção, a incompetência, a mistura de interesse público e privado, o nepotismo e não a sua natureza jurídica.
Em relação ao Banco Regional de Fomento também não vejo aí qualquer heresia económica ou política. É uma realidade existente nos mais variados países europeus. Uma alternativa poderá ser a transformação da CGD, também regionalizada, num verdadeiro banco de fomento à economia nacional. Mais uma vez propomos medidas concretas e não prometemos mais “rendimentos mínimos”. Aliás, algumas das nossas propostas estão hoje claramente copiadas por alguns dos partidos incumbentes.
O seu post scriptum também me merece dois comentários:
- 1) É-me difícil entender que alguém regionalista convicto ou, no mínimo, defensor do desenvolvimento da Região Norte, ainda considere votar no PSD. Basta ler o programa eleitoral, e avaliar a praxis dos últimos tempos, para perceber que dali nada de bom sairá. O texto que lá está não assegura em lado nenhum a gestão autónoma do Porto de Leixões e do Aeroporto Sá Carneiro. Desconfio mesmo que a intenção é mesmo a contrária. Os próceres do PSD que agora enchem a boca com a prioridade dos “bens transaccionáveis” são, além de eles beneficiários, os que mais promoveram o emergir dos outrora chamados “campeões nacionais” monopolistas dos não transaccionáveis. Além de que o iluminado em particular que referiu, quando confrontado com opiniões mais assertivas acerca da discriminação que esta região tem sido vítima, dá respostas com este conteúdo: “O problema do Porto e das suas redondezas é que berram muito e trabalham pouco. Antigamente berravam menos e trabalhavam mais e o resultado era bem melhor. A capitação de impostos no Porto é, por exemplo, inferior à de Aveiro. Mas o tema essencial quanto ao Porto é que devem concentrar-se mais no trabalho. De resto, esse é um problema nacional”.
- 2) Eu, ao contrário do José, nunca confio num “patsy”.
No MPN consideramos também que o activismo digital, embora importante e útil, é insuficiente. Urge passar à prática democrática e tentar conquistar o voto das pessoas. Esta é uma guerra com muitas batalhas e estamos apenas no início. Temos a porta aberta a todos que defendem a Região Norte e o desenvolvimento coeso de Portugal, mesmo que entre nós existam diferenças de pensamento em muitos assuntos.