De: José Silva - "Argumento para votar no PDA/MPN em vez do PSD"
Nogueira Leite (PSD) afirma que o Estado foi capturado por grandes grupos ligados ao sector dos bens e serviços não transaccionáveis sedeados em Lisboa. Tem toda a razão. Porém, como se explica que Nogueira Leite faça parte da administração de um desses mesmos grupos? Qual a credibilidade deste apoiante de Passos Coelho ao criticar um comportamento de que ele próprio beneficia? Que confiança se pode ter no PSD? É de facto intrigante. Também intrigante a ausência do MPN neste tipo de questões, deixando-se arrastar para a populismo anti-centralista.
A crise actual é uma crise da economia dos bens e serviços não transacionáveis e «crony capitalism» lisboeta. O Norte está a salvar-se e vai continuar a salvar-se, se (e um grande se) a elite lisboeta não conseguir engendrar em tempo útil novos esquemas para exercer a sua actividade secular: explorar colónias ou o resto de Portugal. Vejamos 2 exemplos:
Reorganização da administração não central - A Troika quer fusão de autarquias e freguesias; «António Costa quer uma "autarquia metropolitana" para gerir a região»; Lisboa prepara-se para ser a 1º região piloto e os míopes Rio e Menezes desdenham a fusão de autarquias. Para quê o MPN insistir na defesa da Regionalização quando se prepara uma região piloto em Lisboa por via da fusão de autarquias? Não andaremos a desprezar pássaros na mão para sonhar com um bando a voar? Não estaremos novamente a perder oportunidades e a ser ultrapassados pelas estratégias lisboetas? Há que ler as entrelinhas, perceber o que se está a passar e «placar» já com contraproposta que nos beneficie e sem possibilidade de rejeição. Seria exactamente propor uma região piloto à volta do Porto via fusão de autarquias (ou apenas a respectiva gestão), fusão de empresas municipais ou subida de certas competências para empresas metropolitanas (com é o caso da Lipor), tal como Lisboa vai avançar após 5 de Junho.
Investimentos ferroviários - O regime lisboeta quer um TGV Lisboa-Madrid inútil: «o sítio das exportações portuguesas está a Norte e quer-se avançar com uma linha de mercadorias que está a Sul». O PSD já está a adaptar o discurso, aceitando-o a custo comportável. O MPN ainda está na fase de reclamar um TGV Porto-Vigo, como no tempo da abundância de crédito barato. Ora, em vez de TGV Porto-Vigo, o que o MPN deveria propor eram investimentos ferroviários «low-cost/high-value» (usando a expressão de outro «culto» urbano da nossa praça) como contrapartida à aceitação do TGV Lisboa-Madrid de baixo custo. Fazer «upgrades» nos traçados actuais, minimizando investimentos em novos troços e criando serviços de passageiros Porto - Aeroporto - Nine - Barcelos - Viana - Vigo ou Braga - Barcelos - Viana - Vigo ou Viana - Barcelos - Braga - Guimarães - Vizela - Felgueiras - Amarante - Régua ou criar intermodalidade da Linha de Leixões junto ao hospital de S. João no Porto ou Leixões - Barca d'Alva - Espanha (turismo e mercadorias) ou Porto-Lisboa (mercadorias) pela Linha do Oeste reformulada. Insistir na mega-empreitada TGV Porto-Vigo revela desconhecimento das nossas verdadeiras necessidades e é um frete à economia dos bens e serviços não transaccionáveis e ao «crony capitalism» lisboeta.
O problema das elites do Norte é que andam sempre atrás dos acontecimentos. É preciso criatividade para se atingir propostas credíveis e geradoras de confiança e voto.
PS: Ainda não sei se voto no PSD para assegurar o fim de Sócrates ou arrisco no PDA. É que apesar de confiar nos militantes «patsies» do MPN, há muitos militantes interesseiros por lá (os que queriam criar uma ONG para angariar capital para actividades financeiras e que depois oportunamente se converteram em políticos).