De: Pedro Figueiredo - "Habemus Papam II"
Caro TAF:
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Love & peace. Estou de facto a precisar de um bom fim-de-semana. A mim o trânsito não me incomoda desde que descobri a bicicleta, de facto. Um luxo, claro. Hoje foi apenas mais um dia de trajecto casa - trabalho, ou seja, de bicicleta Marquês - Boavista. Só que normalmente ultrapasso filas de carros parados no "trânsito", hoje foi sempre a abrir, e reparei de facto que vários eram os ciclistas hoje, mais que o costume.
E sim, acho que o Vaticano devia ser vendido para ajudar os pobres. Da mesma forma que o património do Barroco - lindissimo, é o que eu mais gosto da arte antiga - foi feito à custa da escravatura. E ainda hoje o nosso défice se deve ao esbanjamento do ouro do Brasil em coisas supérfluas como a talha dourada... Não. Estou a ser irónico... mas estou a dizer uma verdade com ironia, claro... Hoje os nossos critérios para a arte são outros. Já não o fausto... (embora se mantenha o critério "excesso"). Hoje a Arte e a Arquitectura já não se enquadram nem se fazem por cima da escravatura de outros como no séc. XVIII. O artista hoje mendiga o seu trabalho na sociedade, sem escravizar ninguém. Mas, Tiago, a Arte de Estado continua a fazer os seus défices. As Pirâmides, os Tesouros do Vaticano, o Palácio do Ceausescu, o Louvre que no fundo não foi senão o armazém de arte roubada por Napoleão e as suas conquistas guerreiras... (em nome de uma sombra já ténue da Revolução Francesa...)
Agora - aquilo a que se chama vulgarmente a "religião": acho que Jesus Cristo não quis fundar sequer uma Igreja... Nunca o fez de facto. Por alguma razão? Desconfio que com toda a razão. As religiões têm sido o contrário do que pregam. Todos os dias vemos as religiões envoltas em violência mas a pregar a Paz, por exemplo. E quase tenho a certeza que se Cristo voltasse à Terra teria muita dificuldade em concordar com as políticas genéricas do Vaticano. Seja sobre as ingerências do Vaticano nas políticas dos Estados, seja no fausto dos seus tesouros, seja em continuar a fingir que as pessoas não têm o direito a decidir sobre um aborto (ou não), seja em admitir que homossexuais ou heterossexuais não interessa, interessa apenas que somos todos humanos com direitos... Talvez por isto o Vaticano seja um Estado europeu que não assinou até agora a convenção dos direitos humanos... O que diria Cristo disto? É melhor nem perguntar, ele que andava e ainda bem, com os mendigos, prostitutas e ladrões... (hoje diria mendigos, prostitutas, ladrões, e ainda... homossexuais, trabalhadores porecários, reformados...) :--)
E sim, acho que a visão que me ensinaram em pequeno sobre o Cristianismo é melhor. Sempre me parece que o Papa se coloca no papel de uma estrela-pop que a sociedade pede para que se coloque. Prefiro no final deste mês participar uma vez mais na recolha do Banco Alimentar. Acho isto muito mais Cristão, e sobretudo "decente". Cristão ou não, ateu ou não, ou tudo ao mesmo tempo, nem interessa uma vez mais: é o que vou fazer - Banco Alimentar - e convido desde já os baixistas do Porto a participarem na próxima recolha do Banco Alimentar - seja através de bens, dinheiro, ou, mais importante - o tempo e a disponibilidade.
Abraços
Pedro Figueiredo
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