De: Alexandre Burmester - "Concurso da Via Nun'Álvares III"

Submetido por taf em Terça, 2010-03-23 16:57

Caro Francisco

Não estou à espera que a Câmara não pague o que é devido a quem ficar com o projecto da UOPG. O que contesto quanto ao valor dos prémios atribuídos no Concurso é o simples facto de que o trabalho de investimento para apresentação do conceito, para ser bem feito, custa muito dinheiro, e estes prémios em matéria de concursos são completamente ridículos. Como bem sabes, na antiga tabela de honorários um Estudo Prévio tem o valor de 25% dos honorários de Projecto. Ora tomando por base o valor do Caderno de Encargos de €1.105.000, este concurso devia disponibilizar pelo menos esse valor para os prémios, ou seja cerca de €250.000, e não de 10% deste valor. Sendo o concurso em duas fases, admitiria que numa primeira gastasse metade desse valor, e numa segunda com os 5 seleccionados o restante. Esse pelo menos seria um valor atractivo ao risco do investimento de projecto.

Este é um trabalho difícil, que requer bastante conhecimento do local, e que obrigará a diferentes estudos em várias especialidades. A área total do empreendimento, o desenvolvimento de usos adequados, a complexidade contextual do sistema viário, das ribeiras existentes, da interligação com as construções existentes e projectadas, da inserção do metro, e ainda a sua localização na zona mais cara do Porto, deviam por si levar a Câmara a tentar atrair o maior e o melhor número de profissionais a trabalhar. Mais, devia a Câmara publicitar alto e bom som um Concurso Internacional, promovendo a cidade e tirando partido disso. Senão veja-se o exemplo de outras cidades como por exemplo Barcelona. Mas não, a Câmara prevê gastar 25.000 euros em prémios, não tira qualquer partido do concurso em termos publicitários, e espera que apareçam as melhores propostas.

Ainda a propósito do Concurso que devia ser exemplar, aproveito ainda para referir que também defendi na altura que os 5 trabalhos, antes de serem seleccionados, fossem objecto de apresentação pública por parte dos seus autores. Dava direito a uma explicação por parte dos projectistas, que bem podia complementar o que em desenhos nos 5 painéis não cabe, e principalmente dava direito a analisar a reacção da população às propostas.

No meio dos compromissos patéticos que uma operação desta natureza envolve, o que inclui o que muito bem referiste como o “tradicional formalismo das peças jurídicas”, pelo menos temos um Concurso.

Alexandre Burmester