De: José Ferraz Alves - "Caro Frederico Torre: Scuts, Confederação de Turismo Português e TGV"
A intervenção do Frederico Torre contribuiu para que reflectisse melhor no que escrevi, pelo que lhe agradeço as palavras e fica aqui a minha admiração pelo exemplo da sua postura.
Estando de acordo com o efeito que poderemos vir a ter na alteração de fluxos de circulação com ganhos para os centros despovoados, mas, no contexto da tal economia de mercado e de defesa da livre iniciativa, não posso deixar de lhe referir que, quando as SCUTs foram criadas, não foi dito que iriam mais tarde ser portajadas, tendo as decisões de investimento de algumas empresas e particulares sido na altura tomadas em cenários que um Estado, pessoa de bem, não deve estar agora a alterar. Se o fizer, por razões graves, como pode ser o caso, pergunto, porque não são também afectados os Concessionários por esta medida, aceitando proveitos mais baixos do que os inicialmente contratados, ou seja, aceitando TIR (taxas internas de rentabilidade) mais baixas (também sou bancário, da Área de Corporate Finance)? O mesmo para os Sindicatos Financeiros que estão na origem deste sistema de financiamento. Porque não aceitam baixar essas receitas, dado que o risco de incumprimento pelo Estado será agora menor? Mais uma vez, falta equidade de tratamento, vão ser pagos exactamente os mesmos montantes que estavam inicialmente projectados, parte pela efectiva passagem dos veículos, a restante pelo Orçamento de Estado. E alterou-se um cenário existente à data da criação das SCUTs. Como o Frederico sabe, se trabalha em mercados financeiros, é perfeito para minar a confiança dos investidores estrangeiros no país. A esse propóstio, saliento as declarações nesse sentido por parte dos industriais da Galiza do cluster automóvel que tão importante está a ser para o eixo Aveiro-Minho.
Sobre a falta de equidade, agora regional, já agora, chamo também a atenção para duas situações. As declarações do Presidente da Confederação do Turismo Português na altura da sua recondução na Presidência até 2013: "Relançar o Algarve como sítio para viver o ano inteiro ou atrair empresas multinacionais a Lisboa é o projecto da Confederação do Turismo Português (CTP)". Se dúvidas tivesse que um lisboeta só conhece a sua cidade, o aeroporto para viagens de lazer e negócios, a estrada para as férias de Verão no Algarve e os fins de semana nos montes alentejanos, ficava agora devidamente esclarecido, sobretudo num cenário que o Douro e o Porto se impõem neste sector. Fiquei a perceber qual o entendimento de Portugal para estes senhores. Termino com a questão do TGV Lisboa-Madrid, que é um instrumento do centralismo de Madrid que irá conduzir à fuga de empresas para Madrid, é economicamente inviável e injustificado e incompatível com o novo aeroporto, e a linha que verdadeiramente interessa às exportadoras portuguesas é a de
Aveiro-Salamanca.
Os melhores cumprimentos
José Ferraz Alves
Movimento Norte Sim