De: Cristina Santos - "O Aleixo..."
A luta que Maria Dionísio aqui tem protagonizado pelo Aleixo é de facto digna de registo. Mas o bairro do Aleixo é de todos, e ao assumirmos a sua existência as responsabilidades não são apenas suas, nem da sua família, nem dos restantes moradores, mas da sociedade em geral. E é nessa consciência que a sociedade deve decidir. Não se pode pedir à sociedade que apoie a existência do bairro como se fosse apenas uma questão de mantê-lo de pé e não envolvesse outras responsabilidades, que pesarão na consciência de todos. Acima de tudo é preciso considerar se as crianças desse bairro podem ou não ter acesso à vida que merecem e se é isso que a sociedade lhes quer garantir, ou um gueto.
Diz que trabalham e pagam impostos, mas serão poucos os que fazem essa excepção, a maioria reembolsa na totalidade, porque se ganhassem acima da média então estariam a impedir alguém necessitado de ser ajudado ao abrigo da Constituição. Agora deve a voz dos que não pagam ser ignorada? Claro que não, mas também devem deixar que o resto da sociedade participe nas decisões, até porque decisões como essas, de deixar crianças sujeitas a um ambiente degradado, vai pesar no futuro de todos, os que pagam e que não pagam. E há que pensar bem.
O bairro pode melhorar, é viável, já fizemos essas questões muitas vezes, será aceitável transferir moradores para outros bairros, para todas estas só encontro um não. E não me preocupo minimamente com os terrenos. Mais uma vez, acho a sua luta digna, uma representação do bairro que deveria ser norma, mas a Maria Dionísio não mora aí sozinha. Será que os outros moram tão bem como a Maria Dionísio? Quantos pedidos de transferência há por parte de moradores desesperados, que cumpre à sociedade defender? Qual o índice de criminalidade? E a juventude, gostava de ouvir a juventude e as crianças, será que vivem bem?
Com os melhores cumprimentos e todo o respeito pela sua posição,
Cristina Santos