De: João F Coelho - "Rivoli e lucro"
Tenho tentado seguir as reflexões que vão sendo aqui deixadas na "Baixa", talvez não com a regularidade que o fórum merece mas seguramente com muito interesse. Hoje depois de ler o que se vai escrevendo sobre o Rivoli resolvi escrever e deixar 3 ou 4 perguntas.
Sem pretender pessoalizar as questões, até porque julgo que não conheço nenhum dos participantes regulares, custa-me compreender as reservas que se colocam à exploração privada do Rivoli, nomeadamente pelo facto de isso ser feito com o objectivo de ter lucro... Mas há nisso algum problema?!... Não será chegado já o tempo de deixarmos de ter vergonha das coisas que "dão lucro"? Como não há, infelizmente, nenhuma caixa mágica que faça notas, todas as coisas são sempre, lá no fim, pagas pelas actividades que dão lucro...
Diz-se também que o teatro municipal é um instrumento fundamental da política sócio-cultural. Eu pergunto se alguém me perguntou a mim ou a qualquer outro concidadão se estou interessado em ser "sócio-culturalmente" dirigido? (já agora, a resposta é "não, obrigado").
Diz-se que, ao contrário dos sabonetes, a arte pode ou não dar lucro. Mas, volto ao mesmo: como há sempre alguém que tem que pagar a factura, não será que esse alguém deverá ter alguma coisa a dizer sobre onde quer ver o seu dinheiro aplicado, em vez de ser "cultural e artisticamente" dirigido?
E conclui-se que "Para isso é que existe o Estado. Para garantir que, mesmo sem vender sabonetes, continuamos a ter arte e também monumentos bem tratados, e também escolas e hospitais e justiça e tudo o que por definição não dá lucro." Deixo só mais uma pergunta: estamos a falar de que País?... Monumentos bem tratados, escolas, hospitais e justiça?... Este é seguramente o melhor argumento para retirar da esfera do Estado tudo o que for possível: por cá gastam-se rios (sem piada) de dinheiro em qualquer dessas áreas (proporcionalmente mais que na maior parte dos outros países da Europa) e os resultados estão à vista....
Cumprimentos.
João F Coelho