De: Hélder Sousa - "A propósito de prioridades"

Submetido por taf em Segunda, 2006-07-24 14:11

A propósito de prioridades na gestão autárquica e na sequência das opiniões sobre a concessão (concessão é diferente de privatização) do Rivoli a uma entidade privada (nomeadamente as de TAF e de Frederico Torre), queria apenas colocar algumas questões:

1. Não será um teatro municipal um instrumento fundamental da política sócio-cultural (ou de integração) das populações, logo prioritário dessa política que também tem como prioridade a reabilitação dos bairros decrépitos e das escolas (só as do 1º ciclo estão sob a tutela da CMP!) em mau estado?

2. Por acaso frequentam (TAF e Frederico Torre) assim tanto os bairros sociais e o Rivoli, para saberem quais as necessidades de cada um?

3. O facto de o Rivoli estar mal aproveitado deve-se exclusivamente a este executivo. Ou seja: chegou ao ponto de ser praticamente indiferente tê-lo ou não o ter. Isto também está escrito nas teorias económicas: quando se quer alienar património, nada melhor do que deixá-lo abandonado e vendê-lo a preço de saldo.

4. As actividades de um teatro municipal e respectivo impacto cultural numa cidade “não devem ser prioritárias para a autarquia, nesta altura”????? DESDE QUANDO é que um país europeu se permite a ter estas posições?

5. Os 13 milhões investidos (as teorias económicas não explicam a diferença entre investimentos a fundo perdido em questões prioritárias para os cidadãos? A educação não é um investimento a fundo perdido? Para que serve saber ler e escrever se depois….) que agora vão ser poupados, serão utilizados em que outras acções de grande interesse municipal?

6. Só o Estado tem vantagens em gerir espaços culturais precisamente por não ter como obrigação DAR LUCRO (outro ponto fundamental, ignorado pelas teorias económicas, para o crescimento e evolução das sociedades). Os sabonetes DÃO LUCRO, a arte pode ou não DAR LUCRO. Para isso é que existe o Estado. PARA GARANTIR QUE, MESMO SEM VENDER SABONETES, CONTINUAMOS A TER ARTE e também monumentos bem tratados, e também escolas e hospitais e justiça e tudo o que por definição NÃO DÁ LUCRO.

Gostava que as modernas teorias económicas me explicassem algumas destas questões. Se me poderem fornecer bibliografia especializada, talvez eu encontre uma biblioteca MUNICIPAL (que seguramente NÃO DÁ LUCRO) onde me possa instruir sobre o que é ou não prioritário…

Cumprimentos,
HSousa
www.juntosnorivoli.com - petição em defesa do Rivoli
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Nota de TAF: Meu caro, a sociedade civil também pode promover iniciativas (como de facto tem feito em tantos casos) que não dão lucro. Trata-se aqui de saber nesta situação, e agora, o que deve caber à autarquia e o que deve caber à sociedade civil.