De: José M. Varela - "O futuro do Rivoli"
Diz o Frederico que "Assim, tem toda a lógica deixar a gestão do Rivoli para os privados, servindo o Estado apenas como apoiante de iniciativas que julge importante (como por exemplo, o Fantasporto) através de incentivos, subsídios e não só, mas deixando a gestão para quem é especializado nisso". Sem querer estar agora a entrar na discussão das vantagens e inconvenientes da dicotomia público/privado, que certamente nos levaria muito longe, penso que o Frederico não se apercebeu, certamente porque fez uma leitura superficial, das eventuais consequências desta decisão na Animação da Baixa e na Cultura da cidade do Porto.
Desde logo, não se trata aqui de uma concessão da gestão do Rivoli mas apenas dos dois auditórios de que o teatro dispõe. De acordo com a nota divulgada pela autarquia "a CMP cede o Pequeno e o Grande Auditório e os equipamentos técnicos enquanto a autarquia assume a limpeza e a manutenção do edifício e ainda as despesas da água e luz, segundo a média de consumo dos últimos três anos. A CMP recebe ainda 5% do valor de bilheteira e, em contrapartida, a companhia fica obrigada a fazer um mínimo de 300 dias de espectáculo, onde devem estar incluídas pelo menos duas grande produções e dois espectáculos infantis. O Pequeno Auditório deverá ser dedicado a produções de carácter experimental" mas a CMP continuará a manter as receitas das concessões das cafetarias.
Parece-me que estas condições são bastante penalizadoras para quem ficar com a concessão dos auditórios e muito dificilmente as companhias de teatro do Porto terão condições para assegurar esta concessão. Mas pode ser que me engane.
Isto terá certamente consequências negativas, não só para o Fantasporto mas também para outros eventos como o FITEI. É que desde que Rui Rio tomou posse que a CMP praticamente deixou de apoiar finceiramente alguns dos principais eventos culturais essenciais como sabemos para a animação da Baixa e para gerar algum fluxo turístico na cidade. Como contrapartida Rui Rio veio dizer que havia menos apoio financeiro mas, em contrapartida a CMP fornecia um importante apoio logístico nomeadamente através da cedência gratuita de salas como p. ex. o Rivoli. Neste quadro há aqui uma alteração de fundo muito importante, uma vez que esta condição fica inviabilizada. Como não acredito que a CMP passe a substituir este apoio com o pagamento financeiro do aluguer da sala é urgente que se esclareça qual será o futuro destes eventos.
Se for concretizada esta intenção, que ditará fatalmente a extinção da Culturporto, deixa de fazer sentido haver um Vereador da Cultura em regime de permanência, uma vez que praticamente deixa de ter funções. Se eu estivesse no lugar do Dr. Fernando Almeida a única saída honrosa era demitir-me.
Nota Final: A Cooperativa Árvore é uma das instituições culturais do Porto que mais tem prestigiado a cidade. A sua actividade é suficientemente conhecida para dispensar apresentações. Há alguns anos que a CMP tinha um compromisso com a Árvore no sentido de cedência de um imóvel nas Virtudes para ampliação das suas instalações. Com a tomada de posse do Dr. Rui Rio esta intenção foi colocada na gaveta. Numa das últimas reuniões de Câmara foi aprovada a venda do referido imóvel a uma entidade denominada "Mira-Clube" inviabilizando assim este importante projecto para a cidade. Será que foi por a Cooperativa Árvore não ter assinado o célebre protocolo?