De: F. Rocha Antunes - "Não há perguntas chatas, há é cascata de perguntas"
Caro Tiago,
É sempre um gosto discutir contigo portanto nunca acho que as tuas perguntas sejam chatas. Sabemos que é muito mais fácil fazer perguntas, e responder aos outros com mais perguntas, do que responder às perguntas que nos fazem, como acabaste de fazer ;-). Não vou fazer como tu, e vou responder às tais perguntas que achas que são chatas.
1. Eu não quero avançar apaixonadamente para a Regionalização. Quero apenas avançar para a Regionalização com os pés assentes na terra, utilizando o modelo de região administrativa tal como já está definido na Lei Quadro das Regiões Administrativas.
2. O chumbo no referendo ensinou precisamente que a maneira mais segura de voltar a perder outro referendo é passarmos a vida a discutir a questão dos limites e das regras de inclusão dos municípios.
3. É tão fantástico falar de um colectivo virtual como utilizar um espaço virtual para discutir fusões de municípios e a responsabilidade das elites nortenhas. Não vejo onde está a diferença.
4. Quando digo “todos os regionalistas” estou concretamente a falar das dezenas de opiniões que fui lendo sobre a Regionalização nos últimos meses, nomeadamente no semanário Grande Porto, mas também no Jornal de Notícias e no Público, e não vejo qual é a componente fantástica desta minha opinião.
5. Não me custa nada aceitar que haja outros modos de desenvolver a Região Norte e nunca impedirei que os mesmos apareçam. Não acredito é neles, mas há muita coisa em que tu acreditas e eu não e isso não impede de nos darmos muito bem.
6. Não me sinto nada desconfortável em fazer a Região Norte com base na NUTS II existente, porque não vejo nenhum município sair prejudicado por isso, já que há anos que fazem parte dela e não conheço nenhum caso em que se sinta essa aversão.
7. Se há coisa que foi tentada recentemente com grande fracasso, diga-se, foi a fusão voluntária de municípios, na sequência da chamada Lei Relvas. Nas últimas autárquicas não me lembro de ter ouvido alguém falar das inúmeras comunidades intermunicipais que foram criadas. Talvez valha a pena aprenderes com essa experiência antes de pores tu todos os ovos no cesto da fusão voluntária de municípios.
8. Não há qualquer mistério que eu saiba na criação de uma associação sem perguntar primeiro às existentes o que andam a fazer. As associações agregam pessoas certamente por objectivos comuns mas não deixa de ter uma componente de afinidades pessoais que são o cimento agregador da fase inicial de qualquer iniciativa. Digo-te isto com a lata de quem não faz parte da mesma, embora tencione ir a uma próxima reunião para tomar contacto directo com as pessoas que têm o mérito de fazer alguma coisa, mesmo que passem por ingénuos ou coisa parecida.
9. O simplismo com que dizes porque é que não se entendem primeiro com os movimentos anteriormente lançados nem parece teu. Até parece que para se fazer alguma coisa é preciso fazer dentro das instituições ou agremiações já existentes. Agora vou devolver-te as tuas perguntas: Não foste para nenhum jornal defender a Baixa porquê? Viste primeiro se não havia compatibilidade de interesses entre a tua vontade de criar uma plataforma de discussão pública e instituições centenárias de referência na cidade, como O Comércio do Porto, que tanto precisavam da tua energia e criatividade? Se foste, o que é que não funcionou? Afinal, não querem todos trabalhar em prol do Porto? Não faz sentido, pois não? Mas foi isto que me perguntaste.
Abraço,
Francisco Rocha Antunes