De: Carlos Gilbert - "Partidos e Credibilidade"

Submetido por taf em Quarta, 2006-03-22 23:58

Rui Valente (e T.A.F.): «PS- Também a ideia de atribuir lugares à abstenção defendida pelo TAF me parece completamente justa. O problema é sempre o mesmo para todos os casos, é uma questão de credibilidade.»

Meus caros, e quem se iria nomear para ocupar os ditos "lugares da abstenção"? Um paradoxo, não? A não ser que se alterasse a lei para que da abstenção resultassem na A.R. lugares vagos... Mas com que resultados práticos? A questão está aqui: os resultados práticos! E a política já mostrou de sobra aos portugueses que não poucas vezes é propositadamente um "jogo de espelhos", um "faz-de-conta"... a sociedade que se formou após o fenómeno social (perdão, militar*) que restaurou a Democracia em Portugal não foi capaz de gerar gente mais capaz para ocupar os lugares de destaque que a política tem reservada para que os poderes de decisão sejam distribuídos a quem tenha efectiva sagacidade, perspicácia e gosto próprio para os ocupar (em nome de e para servirem a sociedade que os elegeu).

* Ressalvo aqui o militar, pois se bem que seja um tanto "off-topic" estou convicto que os militares que desencadearam a revolução pecaram por alguns (importantes) defeitos de estratégia, o mais grave dos quais não terem plano algum para o "day after". Varreram o anterior regime sem terem plano algum para que a sociedade se pudesse preparar convenientemente para o futuro, sem fracturas de maior. O resultado está à vista, e é o que nos temos vindo a queixar: falta de qualidade dos representantes da sociedade na vida pública, e o degradar constante e imparável dos padrões da vida quotidiana. Isto pode parecer "de direita" mas qualquer sociedade precisa de gente capaz à sua frente, temos exemplos de sobra de que é assim, quanto mais não seja pelos falhanços rotundos das ditaduras de "direita" às de "esquerda"...

Clamamos por uma autêntica regeneração a nível político e esquecemo-nos que enquanto se for governando com as futuras eleições em mente nunc se chegará a bom porto. Seria preciso um "pacto de regime" que durasse vinte anos, e depois se iriam reavaliar as estratégias.

Cumprimentos,
C. Gilbert
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Nota de TAF: Estou agora sem tempo para responder decentemente, mas a ideia é que fiquem mesmo lugares vagos.