De: Paulo Pereira - "Região Norte - 3"
Caro José Silva
Sobre a sua intervenção “Fará hoje sentido…” acho um pouco indelicado afirmar que a ideia de criar uma Associação para promover a implantação da Região Norte demonstra imaturidade e arrogância intelectual dos proponentes! Se nos conhecer melhor vai ver que não tem razão. O que nós não temos é imaturidade e arrogância, nem subestimamos o poder dos vários adversários. O que nos move é apenas o inconformismo com esta situação de degradação do Norte. Não conseguimos estar de braços cruzados, e não reagir activamente à incapacidade que todos nós temos tido em lutar contra um centralismo incompetente, burocrata, despesista e profundamente injusto. É por estas razões e outras que estamos a reflectir em conjunto e organizadamente sobre a viabilidade, utilidade, objectivos, organização e estratégia e por não sermos nem arrogantes, nem imaturos e porque tentamos não ser ingénuos.
Mas compreendemos à partida a grande dificuldade e complexidade deste tema e sabemos que só com a colaboração organizada de um número muito alargado de pessoas poderemos conseguir algo de significativo. Mas felizmente no terreno não iremos estar sozinhos, ao contrário dos 300 de Esparta. Vamos ter a companhia de inúmeros dirigentes partidários, empresários, intelectuais, cientistas, professores, agricultores, associações empresariais, e muita outra gente, que têm vindo a defender desde há mais de 15 anos a necessidade da Região Norte. Num país moderno a democracia não se esgota nos partidos. Os partidos têm muito a ganhar com uma sociedade civil organizada que possa trazer mais gente para a política participativa, que traga ideias novas ou novas aproximações a questões pendentes. Até porque os partidos na altura do voto poderão aproveitar as melhores ideias da sociedade civil nas suas propostas e programas eleitorais, que venham a apresentar nas eleições regionais.
Nós consideramos que só com uma Região Norte com poderes legítimos, outorgados pelo voto, poderemos ter condições de lutar com mais eficácia pelo desenvolvimento económico e social. Claro que sabemos que não será apenas a instituição da Região Norte que nos resolverá o empobrecimento gradual que temos sofrido. Só um grande esforço colectivo e organizado poderá fazer recuperar estas décadas perdidas para o Norte. Mas é de louvar e agradecer como cidadão o aparecimento de propostas concretas da sua parte, independentemente da minha discordância sobre várias delas e sobretudo com a calendarização dos temas para o debate e acção política necessários para o desenvolvimento da Região Norte.
A política é também a arte do possível, e por isso nos concentramos num pequeno número de objectivos, pois não somos ingénuos e somos pessoas não só de reflexão mas sobretudo de acção. Mas não significa com isso que estamos contra ou a favor de outras questões políticas, ao nível nacional ou municipal, mas apenas que consideramos que a prioridade deve ser dada à regionalização e essencialmente à criação da Região Norte, incluindo questões concretas de âmbito regional. Depois desta Região Norte instituída, teremos muitas oportunidades para debater e propor soluções ao nível nacional e municipal. É este o caminho que queremos percorrer. Um passo de cada vez.