De: José Silva - "Fará hoje sentido..."
"... apostar na Regionalização ou criar uma associação para promover a sua implementação a Norte?"
Não. Há outros assuntos mais urgentes e úteis. Há outras aplicações de energias mais proveitosas.
Esta resposta chocará muitos leitores, mas analisemos friamente. Em primeiro lugar uma declaração de interesses: votei duplamente sim em 1998 no referendo sobre a Regionalização. Hoje voltaria a fazê-lo. E obviamente apoiarei qualquer organização com estes objectivos, embora ache que seja um desperdício de energias.
A ideia da criação de uma associação para promover a Regionalização no Norte demonstra imaturidade e alguma arrogância intelectual dos proponentes:
- - Subestimam o poder do adversário, o status quo político-mediático e dos grandes interesses a Norte e a Sul. Em 1998 dentro da Associação Comercial do Porto um grande empresário do Norte dizia: «Agora que tenho os circuitos montados com o Terreiro do Paço, querem implementar a Regionalização e destruir aquilo que me demorou anos a alcançar?». Será que os proponentes se consideram os «300 de Esparta» e se acham com a capacidade suficiente para ganhar a guerra? O que é que os leva a acreditar que têm mais força que os partidos no terreno que defendem a Regionalização?
- - Desprezam outras alternativas de alcance do poder/autonomia político-administrativa bem mais exequíveis e urgentes;
- - Já existem movimentos similares, Movimento Regiões Sim e Movimento Douro Litoral; Não vale a pena dispersar recursos escassos se os objectivos são os mesmos; É melhor aderir aos movimentos existentes e evitar excesso de protagonismo...
- - Confundem método com o objectivo: A Regionalização político-administrativa é apenas um dos passos possíveis para o desenvolvimento político, económico e social a Norte. Este é que deve ser o objectivo;
- - Ignoram, portanto, outras actividades de natureza não política em benefício dos residentes da região;
- - Ao centrar-se na defesa da Regionalização, procura-se, conscientemente ou não, encontrar um bode expiatório para o fraco desenvolvimento regional: a culpa é dos malvados centralistas lisboetas que não deixam a milagrosa Regionalização avançar.
Proponho outra abordagem: A constituição de uma associação com o objectivo de promover o desenvolvimento Político, Económico e Social da região Norte.
Objectivo a nível Político: Maior poder/autonomia política-administrativa;
Acções a nível Político:
- - Defesa da Fusão de Autarquias. O Tiago tem toda a razão. Relembro que em 2003 a reforma Miguel Relvas (PSD, apoiante de Pedro Passos Coelho) propunha uma associação de municípios com vista à sua posterior fusão; Relembro que em 2006 Rui Moreira, Rio Fernandes e Paulo Rangel defenderam em debates públicos a Fusão de Autarquias como alternativa à Regionalização que nunca mais chegava; Relembro que em 2007 a Dinamarca implementou um processo de Regionalização onde simultaneamente e sensatamente cada 3 municípios foram agregados num único. Só quem chegou recentemente às questões do desenvolvimento regional a Norte, por idade ou por distracção, é que pode depreciar esta alternativa. Muito mau sinal, diga-se.
- - Apresentação de candidatos independentes às autarquias;
- - Defesa dos Círculos Uninominais;
- - Defesa da desconcentração da administração pública, nomeadamente a deslocalização de institutos públicos, actualmente maioritariamente sedeados em Lisboa; O deputado Luis Menezes, filho de LFMenezes, defendeu isso mesmo em entrevista recente ao Porto Canal.
- - Criar «think tank» com reflexão aprofundada e debate formal sobre temas da esfera político-administrativa para divulgar na comunicação social e lobby junto dos partidos existentes;
- - Defesa do uso racional dos impostos e contribuições para a segurança social. Por exemplo, crítica ao luxuoso e inútil edifício de apoio do terminal de cruzeiros de Leixões ou este tipo de RSI;
- - Renascimento do PPR - Partido Português das Regiões
- - Defesa da Regionalização;
Objectivo a nível Económico: Aumentar o PIB regional
Acções a nível Económico:
- - Promover o «Compre a Norte»;
- - Promover a captação de não residentes na região, sobretudo empreendedores;
- - Promover a captação de turistas como estão a fazer por iniciativa própria os autarcas luso-descendentes em França;
- - Promover a captação de estudantes universitários para as universidades regionais;
- - Promover o relacionamento da comunidade emigrante com os exportadores de forma a potenciar negócios;
- - Defesa de investimentos públicos que maximizem o acréscimo de PIB e redução de importações;
Objectivo a nível Social: Ajudar as organizações privadas de solidariedade social já existentes
Acções a nível Social:
- - Levantamento sistemático e promoção instituições de solidariedade existentes, eventualmente criando um portal Internet específico ou afins;
- - Apoio à «webização» das instituições de solidariedade existente. Hoje é mais fácil fazer um donativo à UNICEF que actua em lugares distantes, via Multibanco ou Internet, do que apoiar uma instituição da região;
- - Outras.
José Silva - Norteamos