De: TAF - "Regionalização: esquecer o essencial"
Lamento nesta questão da regionalização ir contra a corrente das vozes mais activas que se têm pronunciado a Norte, mas continuo a achar que falta o essencial: reorganizar a gestão do território "de baixo para cima", tanto quanto está ao nosso alcance. Quando vir que a fusão de freguesias e a reorganização dos municípios (pelo menos juntar Porto + Gaia, quiçá Matosinhos) têm apoio generalizado, aí sim, acreditarei que a população do Norte talvez possa beneficiar com o estabelecimento de uma Região Norte. Mas a regionalização só por si não é a solução dos problemas; quando muito proporcionará uma optimização do processo de decisão. E, mesmo assim, não me parece que isso seja absolutamente seguro.
Isto não significa que aceitemos a areia para os olhos que eventualmente nos atirem, mas reconheçamos que continuamos a empurrar para terceiros a iniciativa de nos fazer sair do buraco, sem fazermos o trabalho de casa. Pior: a ausência de regionalização está agora a servir de desculpa a autarcas como Rui Rio para justificar os resultados insuficientes das políticas que têm vindo a adoptar localmente.
PS: Não me parece sensato procurar criar um grande movimento popular, organizado, de apoio à Região Norte. (O que é, concretamente, essa entidade mítica "Região Norte"? Quais os limites, quais as funções, de onde vem o seu orçamento, como funciona?) Primeiro porque, realisticamente, nunca irá ter grande adesão formal. (Rui Rio venceu apesar de tantas "vozes notáveis" contra, lembram-se?) Segundo, porque já existem representantes democraticamente eleitos: precisamente os autarcas. O papel activista eficaz será o de lobby: pequenas equipas especializadas, apresentando de forma competente os argumentos relevantes a quem tem poder de influência ou decisão. "Ondas regionalistas" terão o mesmo fim que a recente "onda Marcelo": há quem dê o tiro de partida, mas depois não há corredores.