De: Cristina Santos - "Dados para revisão"
Daquilo que pude verificar no último ano com a reconstrução do Mausoléu, que se localiza paredes meias com o último bloco do antigo Bairro São Vicente de Paulo, a polícia além de escassa pouco ou nada pode fazer se o cidadão não insistir.
Conivência da população:
Das primeiras 2 vezes em que os intrusos conseguiram carregar andaimes e deixar parte da estrutura em risco para a via pública, nenhum vizinho ou transeunte chamou as autoridades, tendo sido o roubo detectado pela manhã. No 3º assalto em que a entrada obrigou os intrusos ao derrube dos taipais que encerravam vãos, que tinham grades, para levarem cimentos, telhas e sub-telha, também não houve qualquer alerta às autoridades.
População que não respeita, nem gosta das autoridades:
Nesse 3º assalto, de manhã, a polícia criminal esteve presente, a patrulha normal seguiu indícios, e o resultado foi o insulto por parte dos moradores das imediações, que se insurgiam contra a acção policial alegando má imagem e que não necessitavam de roubar material de construção uma vez que tinham casas cedidas pela CMP, isto em comandita coordenada e dirigida à polícia e aos lesados. A polícia dizia aos lesados para não terem medo, caricato, portanto.
Das razões da incompetência policial:
Foi o local seguro com alarme de comunicação directa aos proprietários. A partir dai, em pouco minutos autoridades e lesados estavam no local. Não foi possível detectá-los em flagrante, a polícia dirigia-se à frontaria, os ladrões fugiam pelas traseiras. Numa dessas noites tornou-se explícita a razão dessa incompetência: é que mesmo estando a autoridade munida de shotguns, não havia qualquer respeito, aliás esbarravam despropositadamente com os agentes, pediam desculpa e riam, era 1 ou 2 horas da manhã, muita gente na rua. Uma equipa de 2 agentes, pouco ou nada podia fazer, e não havia motivo para violência, porque nessa altura já as intrusões eram apenas para roubar fios eléctricos, contadores, torneiras.
Conversas e informações com as autoridades:
Nesses sucessivos contactos, os lesados foram sendo informados de vários autores de carjacking libertados e residentes em locais próximos; de que a criminalidade tinha diminuído com a demolição de S. Vicente de Paulo, mas a toxicodependência, tendo uma obra como chamariz, tinha regressado à sua acção, aliás os consumos são feitos ali. Que os potenciais amigos do alheio eram conhecidos das autoridades e as autoridades suas conhecidas. Que um roubo daquela natureza daria a liberdade ao autor e que muitas vezes a hora dessa liberdade coincidia com a hora em que aqueles agentes largavam os seus turnos.
Da esquadra:
Na esquadra estavam de igual modo 2 agentes, nas escadas mais de 7 pessoas à espera. Nessa noite os lesados desistiram de ser atendidos.
Acções dos lesados:
Requisitar as autoridades 7 vezes em 5 meses, 7 queixas formalizadas, conheceram Intendentes e comandos, e os próprios agentes de proximidade. Todos pediam desculpa por não poderem fazer nada e, de facto, não valia a pena serem mais interventivos, a luta foi dura. Há 3 meses que não há assaltos. Toxicodependência, lixo na via diariamente depositado por utilizadores, gritos, desvarios, assaltos a logradouros, não o do Mausoléu, pancadaria com crianças a assistir, isso continua e dava um filme.
Cristina Santos