De: Nuno Carvalho - "Tags, polícia e lei"

Submetido por taf em Sexta, 2009-10-23 13:39

Caro Nuno Coelho,

já percebi que entende a cidade como um conjunto de proprietários. Vai daí, está justificado o lixo visual de tudo o que é publicidade espalhada pela cidade pelo simples facto de estar autorizado pelo seu dono. Mas que bela cidade defende.

Interessante a forma como analisa o progresso das leis, mas completamente demagógico. As leis não são uma ciência exacta como a matemática que evoluiu em função dos estudos e análises efectuadas. As leis são simplesmente criadas em função do pensamento dominante numa dada sociedade, num determinado tempo. Pesquise um pouco sobre a lei do aborto a nível internacional, sua aplicação e sua revogação, e perceberá o que quero dizer. Não me venha com questões de arrogância intelectual quando tem uma visão tão pouco esclarecedora sobre o tema. Arrogância é nem sequer ler com atenção os textos que, pelos vistos, são contrários à sua forma de pensar. Nunca me viu defender a colocação de tags em monumentos. Talvez nas fachadas dos bancos...

A sua visão do Estado é completamente oposta à minha. Você vê no Estado a melhor forma de unir as vontades de um conjunto de pessoas. Eu vejo no Estado a melhor forma de dominar um conjunto de pessoas. Eu acredito num todo colectivo em que o individuo é peça fundamental para a construção desse todo. E para mim isso não se limita ao voto de 4 em 4 anos. É essencial a critica e a construção no dia-a-dia. Com o exemplo que dá de me silenciar por não corroborar da sua opinião, numa tentativa de expor o meu contraditório, não reparou que essa é a forma de actuar do Estado e das suas leis. É realmente um belo exemplo daquilo que tento combater. E deixe-me que lhe diga que a minha desobediência relativamente a alguma lei não é arrogância intelectual, é simplesmente sanidade mental e consciência politica. Parece-me de todo exagerada a sua interpretação em relação à minha forma de estar na vida ao referir-se a uma forma umbiguista de nela estar. Tenho uma lógica de sociedade que implica, de todos os indivíduos, a ideia de que "...mais vale ser um cão raivoso que uma sardinha..."

Saudações em desobediência,
Nuno Carvalho