De: Luís Gomes - "Não Debater o Porto 2009"

Submetido por taf em Sábado, 2009-10-03 22:25

Sinto-me na obrigação de tornar mais claro o que disse, no risco de não dizer nada como o Cavaco...

Cara Cristina, nunca disse que defende o voto em branco nas autárquicas. Porém, se vir algumas participações das últimas semanas, reparará que para aqueles que "pintam" Rio de conservador, desapegado à cultura, promotor imobiliário e de falta de honestidade, diagnosticam uma esquerda resumida a PS e CDU que repetem fórmulas do passado e por isso sairão perdedores. Implicitamente, estão a dizer-nos "Votem em Branco porque fizemos um diagnóstico semelhante ao que a Cristina fez para as legislativas". É precisamente isso que estou a criticar, uma vez que no plano municipal é muito mais fácil interagir com os eleitos: propondo,sugerindo, influenciando, manifestando-se, subscrevendo um abaixo-assinado. Ai invés, recorrem ao fácil, ao "bota abaixo".

Quanto ao esclarecimento do TAF, não entendeu mesmo o meu ponto. Debates houve muitos de facto, em sítios mais ou menos idóneos. E quando eu digo menos idóneos obviamente que os debates nas Juntas são infestados de agentes partidários que tentam influenciar o debate. Eu próprio assisti a um, e não demorei 10 minutos a fazer a destrinça entre os membros de listas autárquicas / militantes e o cidadão comum. A questão é que não houve debate de cidadãos, os cidadãos não se mobilizam através de conferências, tertúlias de café, de carta de princípios, ou outras iniciativas. Quando sugeri o convite de representantes da sociedade emblemáticos do Porto, estava implicitamente a promover uma forma de não condicionamento aos media, e aos partidos políticos, ouvindo quem é especialista na sua área profissional.

O "não debater o Porto2009" tem mais força porque não se falou:

  • - De um plano de revitalização da zona Oriental do Porto. Corujeira, Contumil, Campanhã, Azevedo fazem parte de um outro Porto que todos tentam esconder.
  • - Das duas novas faculdades que trarão o caos para a zona envolvente do Palácio, e ao invés fala-se da redução do lago decrépito dos Jardins do Palácio.
  • - Da nova Avenida de que rasgará a Praça do Império à Av. Boavista e que está parada em função da linha de Metro (que nem contempla uma estação no meio desta avenida!)
  • - Não se esclareceu que o Bairro D. Leonor é um conjunto de blocos habitacionais uns recuperados e outros em mau estado. Sem droga, sem violência, sem banditismo.
  • - Do eléctrico. Medida de bandeira em 2001 e 2005, hoje passa às meias horas na Baixa e parece que está tudo satisfeito com o modelo de carro eléctrico actual.
  • - Da construção desordenada de Paranhos, alimentada pelo Pólo Universitário e pelo Hospital onde à sua volta nascem verdadeiros cogumelos de aglomerados habitacionais.
  • - Do falhanço maior de todos que é a reabilitação urbana para os jovens. Já se percebeu que os valores dos poucos imóveis recuperados são acima das possibilidades de muitos jovens. Uma alternativa já aqui abordada poderá ser a aposta em cooperativas com uma quota para jovens com critérios de selecção baseados na colecta de impostos (IRS).

Cumpra-se o tempo que falta então para discutir o que ainda não foi discutido tentando na medida do possível comprometer os candidatos com as suas e as nossas propostas.

Luís Gomes