De: José Ferraz Alves - "Tua, a memória do Douro"

Submetido por taf em Segunda, 2009-09-07 12:53

Linha do Tua  Linha do Tua  Linha do Tua


O melhor museu que podemos ter para preservar a nossa identidade e memória é o vivo. O rio Tua mostra o que o Douro foi antes da construção das sucessivas barragens para o seu aproveitamento hídrico em favor do bem nacional. Portanto, só resta a quem as construiu pagar a devida compensação ambiental às populações que deixaram de ter o seu Douro, tal como era. Isso passa por preservar o Tua como a memória do Douro.

A necessidade de compensar a região não nasce agora, há uma dívida que é já enorme. Os portuenses ficaram com as tripas para defender a identidade nacional. As populações à volta do Douro deram ao país o seu rio. Não se lhes venha pedir, depois, também a água! Pelo que apelo à necessidade de envolvimento moral das pessoas do Douro na defesa do Tua, nomeadamente os senhores das suas quintas vinhateiras.

Volto a remeter a fotografia do local previsto para a construção da barragem, tirada do meu telemóvel, ontem, no local. Mais umas fotografias sobre a tal memória do Douro. Pelo que aos senhores da equipa de estudo do impacto ambiental da EDP e suas compensações, que têm interagido connosco neste blogue, apenas peço cuidado na aferição das coordenadas do Google Earth, é que pode o planeamento sair um pouco lado… Apenas preocupação cívica, não vá acontecer o mesmo que na Estação de Caminho Ferro de Braga, que custou 100 milhões de euros à Refer, mas não vai poder receber a alta velocidade sendo a razão deste impedimento o tipo de carris usados na infra-estrutura, que não permite a adaptação ao TGV, e o se tratar de uma estação terminal, pelo que os comboios não vão poder circular a norte da cidade.

Linha do Tua


Aos senhores da equipa da EDP, com que temos tido o gosto de interagir n'A Baixa do Porto, também sugiro, em vez da instituição de mais uma Agência de Desenvolvimento Regional e dos seus postos directivos associados, que criem é um Fundo, dinheiro, para investir directamente na região, sem pesos burocráticos e custos desnecessários, que ficarão nos seus gabinetes e secretariados, em Lisboa e no Porto (que por acaso bem necessitado também anda destes equipamentos sociais) e não chegarão à região.

Ao José Silva, a quem me unem os mesmos objectivos finais, tenho o maior gosto em propor-lhe a viagem que fiz ontem, Domingo, com partida às 7h23 de Campanhã e regresso de Foz Tua às 18h15, para ver e conversar com os utilizadores das linhas de toda a bacia hidrográfica do Douro que enchem as carruagens. De facto, as do Tua não tinham ninguém a usá-las, mas seria porque não existem estas viagens? É que só há procura quando previamente se disponibiliza a oferta. A linha de caminho de ferro ligando Foz Tua à linha de Alta Velocidade Espanhola em Puebla Sanábria, em comboio normal, em que numa primeira fase prevalecerá a utilização por turistas e pela pouca população local que ainda lá subsiste, representa o verdadeiro investimento âncora e de cariz estrutural a partir do qual se multiplicarão e polvilharão as pequenas iniciativas privadas locais, ao nível do associativismo – para o qual existem fundos públicos de apoio, neste momento -, agricultura, turismo rural, animação turística, turismo rural, medicina natural, etc... Tem um grande problema para os decisores, como ficou demonstrado no estudo realizado pelo IDP, é que não é um investimento muito caro…

Ao Sr. Eng.º Ricardo Magalhães, da Estrutura de Missão do Douro da CCDRN, se pretende aumentar o tempo médio de estadia dos turistas na região do Douro, veja nestes projectos estruturais de cariz público a forma de ligar em rede os diferentes equipamentos que existem na região. É que Foz Côa só fica a 15-20 minutos do Pocinho, que dista o mesmo de Foz-Tua e por aí fora…

Ao Sr. Mota Andrade, sendo um político, o que de si espero são ideias que façam a diferença, que marquem a região, mudem a vida dos seus habitantes e atraiam visitantes. Ideias com alguma grandeza, que signifiquem golpes, mas apenas de asa!, que enriqueçam o património municipal, que sejam motivo de orgulho.

Ao Pedro Couteiro, da Coagret, um dos heróis destas causas, o meu reconhecimento pelo seu grande coração em defesa do que acredita para a Sub-Região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

José Ferraz Alves